Coberturas

Belo Horizonte ganha câmara de comércio voltada para o público LGBT

Edy

Centro Referencial da Moda, 26/01/2015
Por Vitor Cruz

Fora do circuito turístico da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), Belo Horizonte tem deixado de receber, por ano, a visita de um público que aprecia as opções de lazer dos grandes centros urbanos. Em 2015, essa realidade parece estar se transformando com a criação da Câmara de Comércio LGBT (CCLGBT-BH), um projeto liderado pelo empresário Douglas Drumond. A reunião para a eleição dos membros da entidade ocorreu na segunda-feira, 26, no Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte, e contou com a participação de representantes do poder público e da sociedade civil.

 

A capital mineira é conhecida, pelo trade turístico, como uma importante rota das cidades que têm forte potencial para o turismo de negócios, aquele em que empresários, em sua maioria, visitam determinada localidade e passam poucas horas ou dias, apenas cuidando de assuntos referentes ao trabalho. O lazer, o entretenimento noturno ou um simples passeio são dedicados às cidades históricas de Minas Gerais, como Ouro Preto, Mariana e Tiradentes. Uma das comunidades mais exigentes, a LGBT, praticamente desconhece o potencial de diversão que a capital oferece. Dessa forma, o roteiro do “Pink Money” passa batido em Beagá.

 

Se depender do pioneirismo do empresário Douglas Drumond, esse cenário de cidade invisível aos apurados olhos do público LGBT está com os dias contados. Com a criação da Câmara de Comércio LGBT, Douglas pretende inserir a capital no roteiro de locais com variada programação para a comunidade gay.  “A ideia é unir empresas, personalidades e autoridades para criar um mapeamento das empresas LGBT que será divulgado no site da empresa municipal de turismo e em feiras de turismo e hotelaria pelo mundo”, disse Drumond.

 

A CCLGBT-BH vai atuar em diferentes frontes, atraindo, em um primeiro momento, empresários do setor que estejam dispostos a pensar e investir em estratégias de marketing para fortalecer o segmento, como explicou Douglas Drumond. De acordo com o presidente, o papel da entidade é estabelecer uma relação de cooperativismo entre as empresas associadas. “Haverá um mapeamento do roteiro turístico gay aqui na cidade, e nós vamos trabalhar a marca ‘Belo Horizonte LGBT de Turismo’, com divulgação de eventos, roteiros para a noite entre outros serviços”, destacou.

 

O Rio de Janeiro é um dos destinos mais conhecidos e procurados pela comunidade gay. São Paulo, Florianópolis, Recife e Salvador integram o percurso do Pink Money no Brasil. “A gente precisa atrair esses turistas que chegam do mundo inteiro e procuram por essas cidades. Belo Horizonte precisa fazer parte desse roteiro. É fundamental para a nossa cidade”, complementa o presidente da câmara. Para isso, ele vai contar com a ajuda do setor público. A Empresa de Turismo de Belo Horizonte, Belotur, será a principal mediadora das ações definidas pela CCLGBT-BH.

 

Segundo a diretora de promoção turística da Belotur, Stella Kleinrath, o órgão já reconhece as demandas e necessidades do segmento LGBT na capital. Para ela, com a consolidação da CCLGBT-BH, os próximos passos para o fortalecimento do trade turístico serão mais assertivos. “Nós sabemos da importância que esse nicho tem para a movimentação econômica da cidade. Agora, com uma formalização do setor, o trabalho poderá ser mais focado nas principais demandas criadas pelos representantes da Câmara de Comércio”, afirmou.

 

Stella também ponderou sobre a atuação da Câmara na criação do perfil turístico LGBT na capital. De acordo com a diretora, será necessário que a entidade apresente dados econômicos sobre o segmento para que Belotur possa traçar metas conjuntas de atuação. “O mais importante é que a demanda é característica: o público GLS. Porém, a oferta é pulverizada. Há os empreendimentos Gay-friendly, os locais exclusivos para o público LGBT, mas, ao mesmo tempo, existe uma demanda de cultura, arte, moda, compras, diversão. É preciso trabalhar com o segmento e identificar as potencialidades de cada área”, destacou Stella.

 

Os frutos dessa iniciativa devem começar a ser colhidos após a feira de turismo LGBT de Los Angeles, nos Estados Unidos. O evento será realizado entre 8 e 11 de abril e é considerado um dos mais importantes para a comunidade. A CCLGBT-BH e a Belotur vão levantar dados sobre o segmento gay na capital e apresentar a cidade como um potencial destino para turistas do mundo inteiro.

Diversão, respeito e conscientização – Há mais de três décadas trabalhando na noite de Belo Horizonte, a militante transexual Walkiria La Roche assume a vice-presidência da CCLGBT-BH e já aponta as principais linhas de atuação da entidade. “A câmara vem institucionalizar as atividades do segmento. Ela proporá aos órgãos públicos e à prefeitura questões de normativas. Nós não queremos guetizar; queremos ampliar o segmento e qualificar os profissionais que atuam no ramo, para que eles saibam receber os LGBT’s. Se nós somos ditos diferentes, também precisamos de um atendimento qualificado, direcionado ao nosso público específico”, salientou.

 

Símbolo do movimento LGBT em Belo Horizonte, Walkiria viveu por anos no underground da noite gay belo-horizontina. O reconhecimento, por parte do setor público, da necessidade de fomentar esse trade e a adesão de um considerável número de empresários do setor reflete um trabalho sério, porém cheio de altos e baixos. “Eu pus minha cara a tapa para defender a comunidade. Hoje, vendo o surgimento de uma câmara de comércio específica para o público gay, eu sinto uma satisfação imensa. Quer dizer, eu estou vendo algo nascer. E não é só para a diversão, é algo que vai estimular o turismo e movimentar a economia da cidade”, finalizou.

 

A Câmara de Comércio LGBT de Belo Horizonte é formada por Douglas Drumond, presidente; Walkiria La Roche, vice-presidente; Saulo Carrilho, diretor executivo; Thiago Romano, tesoureiro e os conselheiros Armando Siebler, Bárbara Silva de Paula, Iris Chaves, Virgínia Martins dos Santos, Rodrigo Ferreira e Maurício Azze.

 

Fotos: Edy Fernandes

Fotos: Edy Fernandes
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