Eventos

13ª CINEOP - MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO

Praça Tiradentes

Cine Vila Rica

(31) 3552-5424

INSCRIÇÕES GRATUITAS

13 a 18 de junho de 2018


A CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, único evento do circuito de mostras e festivais a enfocar o cinema como patrimônio, acaba de anunciar a presença de um dos principais expoentes do cinema experimental contemporâneo em todo o mundo. O americano Bill Morrison, conhecido sob a alcunha de “artista arqueólogo”, por sua forte atuação na área de preservação, participará desta edição do evento, que acontece entre os dias 13 e 18 de junho, na cidade histórica mineira, para apresentar o longa-metragem “Dawnson City – Tempo Congelado” e ministrar a masterclass “Processo de criação, pesquisa e os arquivos audiovisuais”. As inscrições para esta atividade, gratuita, podem ser feitas até 25 de maio, pelo site www.cineop.com.br.

Esta será a primeira vez do artista em Minas Gerais – antes, ele só esteve em São Paulo, há 21 anos. A presença de Bill Morrison fortalece um dos eixos centrais da CineOP, a preservação. Multiartista, o convidado trabalha na fronteira entre as artes plásticas e o cinema, realiza obras para museus, galerias e salas de exibição de festivais e cinematecas. O principal interesse de seus trabalhos – e que torna o realizador um “artista arqueólogo”, definição constante sobre sua atuação na área – é justamente a preservação, sempre com o uso de fragmentos de filmes, suportes em decomposição e imagens do passado reconfiguradas. Olhando para o cinema como uma reunião de imagens mitológicas, Morrison se vale de incontáveis acervos à disposição para desenvolver seus projetos no audiovisual.

Exemplo disso é o documentário Dawson City – Tempo Congelado, filme de 2016 que tem percorrido importantes festivais em todo o mundo e que chega, agora, a Ouro Preto, em uma sessão especial, comentada pelo cineasta. Na produção, Morrison faz uso de uma coleção de 533 filmes, realizados entre as décadas de 1910 e 1920, que estiveram perdidos por 50 anos e foram encontrados congelados em um ringue de patinação na região ártica do Canadá. De posse dessas imagens, o americano reconta a corrida do ouro no Círculo Ártico a partir de registros históricos nunca vistos até então.

Além da exibição de Dawson City – Tempo Congelado, Bill Morrison vai ministrar a masterclass “Processo de Criação, Pesquisa e os Arquivos Audiovisuais”. No encontro, o norte-americano vai conversar sobre seus trabalhos no uso de imagens de arquivo de diversas naturezas, tanto na conservação quanto na apropriação em trabalhos de montagem e reconfiguração de sentidos que marca a sua obra.

Ele conta, por exemplo, como utiliza os diferentes formatos de filmes. “Os 35mm que uso costumam ser mais velhos, frequentemente da era do nitrato, antes de 1950. Era comum que produzissem assim em um estúdio ou empresa, e embora eles possam parecer danificados ou deteriorados, esses filmes foram feitos para o público, e estavam, geralmente, em circulação na época. As imagens de 16mm são geralmente de material educacional. Quase sempre da metade do século XX, 1930-1940. Os sinais de envelhecimento nesses filmes são em geral um enfraquecimento da coloração, avermelhamento do filme ou dano causado por água. As imagens de super 8 são de arquivo pessoal, meu ou de outro cineasta amador. Tipicamente, são imagens caseiras e diários de viagens. As imagens digitais são de produções minhas filmadas nos últimos 20 anos, onde sincronia do som era necessária, como em uma entrevista”, revela.

TALENTO PLURAL

Morrison é autor do mítico Decasia (2002), considerado, por Errol Morris, como “talvez o maior filme jamais feito. Mas seu talento se estende para além do cinema. Ao longo de sua trajetória, colaborou com alguns dos mais influentes compositores contemporâneos, como Philip Glass, Michael Gordon, Michael Harrison, Jóhann Jóhannsson, Kronos Quartet, David Lang, David T. Little, Michael Montes, Steve Reich, Todd Reynolds, Aleksandra Vrebalov e Julia Wolfe.

Esta história guarda íntima relação com as artes plásticas, que também influenciou em sua trajetória na sétima arte. “Eu diria que a pintura foi a minha porta de entrada para o cinema, que comecei a entender como uma série de imagens que passam na frente da lente de um projetor, onde são percebidas por um espectador, mas nunca retidas. Isso se tornou uma metáfora que guiou meu trabalho com filme através de diferentes formatos e lugares, no cinema, nas galerias, assim como na música ao vivo e em teatros. No cinema, eu frequentemente dependo da forma na qual a imagem de arquivo envelheceu para mostrar a passagem do tempo desde que foi gravada até ser vista nos dias de hoje. A história de como o material foi gravado, arquivado e projetado pode ser uma narrativa que percorre o filme, paralela a qualquer que seja o conteúdo do respectivo material. Dessa forma, a sala de cinema é o destino, a manifestação contemporânea da jornada, e fazer referência a isso no trabalho torna o ato de assistir parte do ciclo”, reflete.

PRESERVAÇÃO

A temática Preservação, ao lado da Educação e da História, compõe os eixos fundamentais da CineOP. “O evento é uma iniciativa pioneira e se destaca nacionalmente como um fórum privilegiado da preservação em diálogo com a educação. É um instrumento de discussões, reflexões e encaminhamento de ações sobre a preservação do patrimônio audiovisual brasileiro e tem proporcionado uma visibilidade crescente para um verdadeiro tesouro escondido em cinematecas, arquivos, redes de televisão, museus e coleções particulares”, afirma Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora geral do evento.

Nesta edição, os curadores da temática Preservação, José Quental e Ines Aisengart Menezes, propõem como tema uma reflexão sobre as “Fronteiras do Patrimônio Audiovisual”. “Se entendemos o patrimônio cultural como um elemento formador de nossa identidade de grupo, de país, pensar como ele participa da construção de certas fronteiras, ainda que provisórias ou porosas, é tema de grande relevância. Por isso, durante o evento as imagens em movimento é que estão em discussão. Mas quais imagens, sons, documentos e experiências compõem nosso patrimônio audiovisual? Quais estão de fora? Quais são os seus limites? O que torna patrimônio uma obra? O que está à margem? Qual o papel dos arquivos nesse processo?”, questiona a dupla. Essas questões devem ser ponto de partida para os debates, exibições e estudos de casos a serem apresentados durante o evento.

SOBRE A CINEOP

Idealizada e realizada pela Universo Produção em edições anuais e consecutivas, a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto é uma mostra audiovisual com alcance nacional e internacional que estrutura sua programação em três temáticas de atuação: preservação, história e educação.

Chega a sua 13ª edição de 13 a 18 de junho de 2018, reafirmando o propósito de ser instrumento de reflexão e luta pela salvaguarda do patrimônio audiovisual brasileiro em diálogo com a educação e em intercâmbio com o mundo. Trata-se de uma proposta inédita no circuito de mostras e festivais do Brasil a enfocar o cinema como patrimônio, a história, memória em interface com o cinema contemporâneo e ações educacionais.

O evento oferece uma programação abrangente e gratuita com homenagens, exibição de filmes brasileiros em pré-estreias, retrospectivas e filmes restaurados (longas, médias e curtas), mostra educação, oficinas, debates, seminário, mostrinha de cinema, sessões cine-escola e atrações artísticas. Realiza anualmente o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: Fórum Rede Kino.

A programação completa será disponibilizada, em breve, no site www.cineop.com.br

Foto: Universo Produção


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