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EXPOSIÇÃO SOB O CÉU QUE NOS PROTEGE

Av. Afonso Pena, 1537 - Centro - Belo Horizonte/MG

PQNA Galeria – Palácio das Artes

(31) 3236-7400

Entrada Franca

0 de junho a 19 de agosto - terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingos, das 16h às 21


A Fundação Clóvis Salgado promove a exposição Sob o Céu Que Nos Protege, dos artistas Daniel Moreira e Leandro Gabriel, naPQNA Galeria do Palácio das Artes. A mostra retrata, de maneira poética, um recorte sobre a rotina dos moradores do Vale das Ocupações, no Barreiro, em que os sonhos de uma moradia digna se cruzam e se conectam pelo olhar de Daniel e Leandro. Ao longo de 45 dias, Daniel Moreira e Leandro Gabriel conviveram com os moradores das ocupações Eliana Silva, Camilo Torres,Irmã Dorothy, Nelson Mandela e Horta.

O resultado dessa imersão artística é um Site-específic. Uma obra criada especificamente para ocupar o espaço físico da galeria, que conta com fotografias dos moradores em situações corriqueiras capturadas em uma câmera analógica de grande formato. As imagens se apresentam ao público suspensas na galeria por entre um emaranhado de fios elétricos e leitores de água e energia.

De acordo com os artistas, o conceito de reunir fotografias, fios e leitores de energia e hidrômetros é uma forma de instigar o público a refletir sobre estruturas básicas e essenciais que faltam à população de baixa renda.

“Percebemos que há uma organização muito grande dessas pessoas nas ocupações. Apesar do grande esforço demandado por elas em manter a ocupação funcionando, deu para notar que há uma sensação de invisibilidade, como se elas não existissem perante o poder público. Além do registro e da memória que a exposição oferece, queremos despertar o interesse para a vida em cadeia que acontece por ali e as suas demandas como parte integrante de uma sociedade”, comenta Daniel Moreira.

Para Leandro Gabriel, é importante discutir a questão da ocupação urbana, mas, acima de tudo, é importante sabermos quem são as pessoas que ocupam esses espaços. “Penso ser uma questão de responsabilidade de todos. Por isso os cabos de energia e medidores de água e luz simbolizam o direito de todos aos serviços básicos. Estão lá para demostrar que só por meio da atenção da atenção de todos, os moradores serão respeitados e escutados, livrando-se, assim, dos preconceitos muitas vezes manifestados por outras ‘camadas sociais’”, destaca.

O contato dos artistas com as ocupações se deu por intervenção dos Padres Agostinianos, que atuam em parceria com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Para Leonardo Péricles, morador da ocupação Eliana Silva e integrante da coordenação nacional do MLB, a presença dos artistas registrando a rotina das ocupações é uma forma de inserir os moradores em um universo que contemple a arte e a cultura.

“Essa questão da arte nos marca muito, porque nós temos tentado desenvolver atividades diferentes. A presença deles (Leandro e Daniel), além de ter representado uma experiência bastante rica para nós, estimula a comunidade a ver a arte e a cultura de forma mais constante e isso também inspira nossos moradores. Nós passamos a ver tudo o que a gente faz de maneira mais potente”. Leonardo complementa que um trabalho artístico pautado nas ocupações desperta o olhar das pessoas para o que acontece nesse ambiente. Para ele, os próprios moradores têm se organizado na busca de melhorias, transformando o espaço em uma grande comunidade.

“Muita coisa boa vem surgindo nestes territórios, desde um trabalho autogestionado em relação ao estado, parcerias fantásticas e inovadoras com acadêmicos progressistas, e na junção disto tudo, a construção de sistemas de esgoto, água, creche, horta, um projeto de parque de preservação ambiental, escola popular, segurança pública, até o reconhecimento por parte do poder público, depois de anos de pressão do MLB e dos moradores a conquista de ligação oficial de energia elétrica e saneamento básico”, finaliza.

O título da exposição é uma alusão ao filme O Céu Que Nos Protege (1990), de Bernardo Bertolucci. No drama, um casal nova-iorquino viaja para o continente africano logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Por lá, buscam encontrar um novo sentido para a vida e para o casamento, tendo, como única proteção, o céu, que sempre se faz presente, mesmo nos momentos de maior fragilidade humana.

Foto:Daniel Oliveira


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