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O espetáculo Don Juan no espelho possui texto de Marcio Miranda, que recebeu o prêmio de 2º Lugar no 2º Grande Prêmio Minas de Dramaturgia, concurso patrocinado pela Usiminas em 2006. O texto foi construído a partir de duas idéias que uniram em função de uma mesma mensagem. Em primeiro plano, Don Juan, mito vivo no imaginário de todos, com sua força de personagem e carga de interpretações de sua personalidade, inerente ao mito. Uma imagem simbólica da sedução e referência direta ao “carpe diem”, que abdica de qualquer compromisso em função do prazer momentâneo. Por outro lado, temos Victor, um escritor que vive preso a um passado produtivo e que abdicou da vida em função de uma culpa. Ambos anularam parte de suas vidas. Este, fechado em sua rotina de trabalhos e compromissos, ocupando-se ao máximo para não se ver, não se escutar. Aquele, buscando, de aventura em aventura, sua porção perdida, fazendo de cada nova conquista uma espécie de fuga da própria realidade. São solitários na essência e não percebem que durante toda a caminhada não buscam nada além desta parte esquecida de si mesmos. Ambos precisam se reencontrar. Dessas solidões em personalidades, a princípio, tão opostas, conseguimos construir um caminho onde as estórias destes dois homens se cruzam e eles podem comparar estas duas extremidades em que se encontram e buscar um equilíbrio para uma vida melhor. Sendo assim, Don Juan sai do papel e aparece como um personagem invocado por este escritor, que não sabe ao certo se ele é real ou fictício, e questiona sua postura enquanto obra, a liberdade e responsabilidade dos atos, fazendo-se um paralelo homem / Deus, questiona o amor e a culpa, expõe as máscaras do escritor e as suas próprias, chegando-se à essência do homem e apontando para alternativas como a valorização do presente, tempo real. Nesta estória de dois homens tão diferentes na aparência, mas tão iguais em essência e busca, do que a princípio supunham-se trajetórias paralelas, faz-se uma única estória, da face oculta de um homem que se nega a ver-se. O mito de Don Juan trabalhado por Victor, o escritor, ajuda-o a se reencontrar. Linguagem e Encenação “Don Juan no Espelho” apresenta como espetáculo com características contemporâneas, uma transparência de várias tendências artísticas. Para se trabalhar essa diversidade, a equipe de montagem mergulhou no universo de ritmos latinos e espanhóis para a elaboração da trilha sonora, figurinos e cenário do espetáculo. O figurino é de Paolo Mandati e a iluminação tem assinatura de Felipe Cosse, recentemente agraciado com o Prêmio Shell de Iluminação. Outro aspecto da pesquisa é o diálogo teatral com outras áreas artísticas, que determinam a presença de fortes traços da sedução e influências Donjuanescas. Por exemplo, a música (através dos violões ciganos e apropriação de trechos da ópera "Don Giovanni", de Mozart), a dança (com fragmentos de dança espanhola e tango, referências latinas). A linha de atuação e construção de personagens foi determinada por exercícios de dinâmicas corporais inspirados nas reflexões de encenadores contemporâneos, como Grotowiski e Stanislaviski, que favoreceram o diálogo estético e comunicativo com o texto. A pesquisa de figurino, sonoplastia, espaço, cenografia e iluminação, ao mesmo tempo em que auxiliam todo o trabalho de criação, foram estruturadas pela equipe de maneira colaborativa para a construção do espetáculo. Ficha Técnica “Don Juan no Espelho” Texto: Marcio Miranda Direção: Alexandre Toledo e Luiz Otávio Carvalho Elenco: Márcio Miranda, Leri Faria, Ana Luiza Amparado, Paula Albuquerque, Isac Ribeiro, Flávia Fidellys Criação de cenário: Ed Andrade (Osla Arquitetura) Confecção de cenário: Márcio Agostinho e Ademir Agostinho Figurino: Paolo Mandatti Costureiras: Mércia Louzeiro e Márcia Iluminação: Felipe Cosse Técnicos: Richard Zaira e Júlio Costa Seleção musical: Leri Faria e Luiz Otávio Carvalho Assistente de direçaõ e Preparação Corporal: Ana Amélia Cabral Fotografia: Nello Aun Programação visual: Marcio Miranda Produção: Insight Comunicação e Cultura Coordenação de Produção: Beto Plascides e Marcio Miranda Classificação: 14 anos Incentivo: Lei Municipal de Incentivo à Cultura através do Fundo Projetos Culturais