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Executivas elencam principais desafios das mulheres em cargos de liderança no mercado de tecnologia e inovação

Empresas e startups têm apostado cada vez mais em liderança feminina, mas ainda existem muitos paradigmas a serem quebrados

A desigualdade de gênero presente no mundo corporativo aflige milhares de mulheres, que precisam se esforçar duas vezes mais para ocupar espaços que, até então, são quase que exclusivamente dominados por homens. Esse contraste aumenta ainda mais em alguns setores. De acordo com uma pesquisa realizada pelo LinkedIn, as mulheres representam apenas 23% dos cargos em STEM, ciência, tecnologia, engenharia e matemática. No entanto, a presença feminina na liderança de negócios inovadores vem crescendo a cada ano. Só em em 2019, chegava a 24 milhões o número de mulheres empreendedoras no Brasil, segundo o Sebrae. 

Para a Diretora de Privacidade e Compliance da empresa de segurança da informação Compugraf, Adriana Offidani, as oportunidades estão surgindo e sendo mais valorizadas no mercado, porém ainda existe um pouco de dificuldade de encontrá-las. “Eu acredito que a área de tecnologia tem muito espaço para as mulheres, principalmente quando elas se destacam pela sua formação e especializações, ela é muito valorizada. Aqui na Compugraf priorizamos contratá-las principalmente para áreas técnicas”, aponta.

Na LEO Learning Brasil, empresa de soluções digitais para treinamento corporativo, a liderança feminina sempre foi assunto de prioridade - são as mulheres que ocupam a maior parte desses cargos na companhia. Para Carol Santana, Gerente de Produtos Digitais da empresa, as instituições precisam modificar esse problema estrutural e mudar a mentalidade de que mulheres não podem atuar no mercado de TI. “Temos exemplos fantásticos de mulheres que contribuíram e que hoje inspiram e revolucionam empresas gigantes e negócios da tecnologia. Na LEO Learning, nós, mulheres, somos representadas, temos espaço e voz diante de qualquer projeto, a equidade salarial é defendida e aplicada, e, o melhor, temos respeito dentro da companhia”, comenta.

Renata Horta, Sócia-fundadora e Diretora de Inovação e Conhecimento da Troposlab, empresa especialista em inovação e intraempreendedorismo, aponta que um dos seus maiores desafios ao ingressar na área de inovação foi ser escutada pela comunidade, majoritariamente masculina, mas consegue notar que, aos poucos, isso vem mudando. “Minha impressão é que as mulheres estão assumindo mais a liderança em inovação nas empresas que sabem que precisam trabalhar a cultura e educação para que ela aconteça. Mas para as mulheres ocuparem esse espaço, precisamos reequilibrar as funções dos outros ambientes que elas ocupam: o desenvolvimento infantil, as redes de relacionamento familiares, os cuidados com o lar (não só atividades domésticas), a saúde da família, entre outros”, afirma a executiva. Horta também aconselha às jovens mulheres que estejam interessadas em seguir a carreira de inovação que não tenham medo da tecnologia, que se façam ser ouvidas e não duvidem da sua capacidade.  

Manuela Schmidt, fundadora da Happy Help, plataforma que facilita a criação de redes de apoio através da colaboração, percebe que atualmente a maioria das lideranças no setor ainda são do sexo masculino e aponta autoconhecimento como ponto de apoio. “Competência não depende de gênero, mas ainda encontramos muita resistência na área. Há espaço para todos, então é muito importante ter maturidade para não permitir que preconceitos definam nossa vida profissional”, destaca.

A CEO da empresa de tecnologia NeoAssist, Anna Moreira Bianchi, acredita que a sociedade ainda educa as mulheres de uma forma que elas se sintam menos qualificadas e preparadas que os homens. “Enquanto as conquistas dos homens são altamente valorizadas, a das mulheres são vistas como algo menor, nada além da obrigação. Nem todas as empresas aceitam bem mulheres na liderança. A forma que me tratavam em comparação ao modo em que tratavam os homens nos mesmos cargos era diferente e isso fez com que eu precisasse me provar mais e mais. Ainda ouvimos perguntas indelicadas, coisas que os homens não são questionados. Não é justo recebermos esse tratamento e é uma coisa que todas as mulheres vivem no mundo dos negócios.”

Para Tatiana Magalhães, CTO da Decoy, startup de biotecnologia que desenvolve soluções para controle biológico de pragas, o cenário está mudando e as mulheres estão conseguindo mais oportunidades no mercado de trabalho, mas ainda há muito a ser conquistado. “Acredito que a luta feminista por igualdade de gênero deva ser cada vez mais forte para que possamos ver uma real mudança na mentalidade machista da sociedade, que ainda reflete no grande número de homens selecionados para posições de trabalho e liderança e na diferença de salários para cargos iguais”, destaca. Hoje, a Decoy possui uma cultura inclusiva, que respeita e incentiva a diversidade dentro da empresa e busca equidade de gênero. “Das 28 pessoas na empresa, 15 são mulheres. Na liderança, estamos em 3 mulheres e 3 homens. Também contamos com um grupo de apoio e discussão chamado Decoy Mulheres e estamos estruturando um plano de carreira e treinamento técnico específico em cada área para contribuir com o desenvolvimento profissional de todas”, explica Tatiana.

Investimento na área como fator decisivo para destaque profissional

De acordo com a diretora da Compugraf, estar por dentro das atualidades e do setor e se valorizar são fatores imprescindíveis para as mulheres que buscam oportunidade na área. “É necessário buscar por uma boa formação teórica e manter-se atualizada sempre. Nunca se coloque em uma posição inferior. Aja acreditando verdadeiramente que essa distinção não existe e ela não existirá para você”,  explica Adriana.

A CTO da Decoy também concorda. “Precisamos que as mulheres acreditem mais e mais em sua capacidade e potencial, que busquem estudar e se desenvolver, sempre, e que consigam se impor quando necessário. Não podemos desistir frente aos primeiros obstáculos, pois eles serão cada vez maiores e numerosos, e, a cada superação, nos fortalecemos”, pontua. A fundadora da Happy Help também destaca que investimento em educação e aprimoramento constante devem ser constantes. “O mercado de trabalho está superaquecido e novas oportunidades aparecem a todo momento, então comece cedo. Cursos, aulas, estágio, o que tiver ao alcance, entre de cabeça. O contato com a inovação deve ser diário”, ressalta. 

Foto: Divulgação

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