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Estreia virtual de “Tito: uma videópera pop do cerrado mineiro em chamas”, baseada em uma das tragédias mais violentas de Shakespeare

Adaptação do clássico Tito Andrônico, a videodança contrasta a violência presente na obra do bardo inglês, com a ironia e “aparente alegria” da cultura pop de 1980. Um jogo audiovisual em que o público escolhe, entre 600 combinações possíveis no Youtube,

A sorte está lançada. Vemos bailarinos (ou jogadores?) em um palco ou seria uma espécie de ringue de box? Em um jogo audiovisual dividido em cinco partes - como nas tragédias shakespearianas -, o público decide, entre 600 possíveis combinações, qual versão quer assistir de cada ato de “Tito: uma videópera pop do cerrado mineiro em chamas”, que estreia dia 30 de março (terça-feira), às 20h, no YouTube do Coletivo Sala Vazia (@coletivosalavazia).

Segundo o diretor Fernando Barcellos, a linguagem proposta possui forte influência do cinema dos anos 80: “lembra uma sequência de filmes do ‘Rocky, o lutador’ e de longas do gênero, produzidos na época”. O novo trabalho do Coletivo Sala Vazia teve temporada presencial interrompida em 2020 em razão da pandemia, agora assume formato de videodança. Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

No original de Shakespeare, Tito Andrônico, um poderoso general da Roma Antiga, volta triunfante da guerra contra os godos. Sua recusa em tornar-se imperador e as sucessivas mortes em decorrência da disputa pelo trono desencadeiam uma onda de vingança sem fim. A encenação do espetáculo presencial levava 70 minutos, enquanto a videodança possui apenas 30. “Foram feitos cortes significativos, de modo a tornar a dramaturgia mais dinâmica e mais apropriada para o audiovisual e a web. Entretanto, a “essência” de cada ato do espetáculo teatral foi mantida”, explica Fernando Barcellos.

O principal desafio na adaptação para o digital foi mudar a forma de interação com a plateia. Fernando conta que “na proposta para o palco, o público atuava inclusive como juiz da luta entre os jogadores/bailarinos, e ainda decidia o desenrolar de cada ato”. A videodança preserva essa característica do jogo cênico, só que em vez de interagir com os performers, o espectador agora dialoga com a plataforma e escolhe, no youtube, a versão que deseja ver ato a ato. “Cada ato passa a ser uma opção de vídeo disponível no nosso canal do Coletivo Sala Vazia”, explica. Ao final de cada vídeo, haverá, na sua descrição, vários links. Cada link leva o espectador a uma versão do próximo ato e assim por diante. “O público tem mais de 600 combinações possíveis. Isso coloca o internauta, de certa forma, tão ativo quanto estaria na sala de teatro com os bailarinos”, ressalta o diretor.

Durante a videodança, atores-bailarinos (Bruno Ribela, Bruno Silva, Camila Oliveira, Isabela Palhares, Lara Barcelos, Marcelo Ferreira) e Fernando Barcellos carregam o próprio repertório, que vai desde o twerk, jazz dance, danças de salão, teatro físico, dança moderna, balé clássico até a performance art. Eles investigam a relação entre a violência presente na tragédia de Shakespeare e a violência como sintoma da sociedade contemporânea. “É impensável não falar disso hoje. Mundialmente temos vivenciado violências as mais diversas: física, simbólica, social, racial, política. Não me interessa encenar a tragédia literalmente, mas o que da obra me captura para a criação”, completa.

Barcellos conta que não escolheu “Tito Andrônico” à toa. “É umas das tragédias mais sanguinolentas do dramaturgo inglês. Comentadores do bardo questionam sua autoria. Além de ser muito atual”, explica o diretor que também têm experimentado em outros trabalhos, como Circuito Iago (baseado em Otelo), essas relações entre as tragédias clássicas e temas contemporâneos.

Como contraponto ao trágico, a encenação do vídeo é toda baseada nos elementos da “aparente alegria” da estética pop, movimento que surge na década de 1980 como crítica ao consumismo e a publicidade. “Em cena temos cores vivas, sonoridades intensas e vibrantes, roupas coladas e brilhantes. A trilha vai desde Blitz até os hits americanos dançantes da época. As frases, gestualidades e movimentos são coreografados, mas os corpos dos bailarinos estão vivos e abertos ao improviso”, afirma.

SINOPSE VIDEODANÇA

Tito Andrônico, de William Shakespeare, é tida como uma das tragédias mais violentas criadas pelo bardo inglês. Reconhecendo que a violência desenfreada de nossa contemporaneidade tem algum tipo de relação isomórfica com a brutalidade de Tito, um coletivo de bailarinxs lacradorxs e debochadxs lança-se em um jogo cênico que bate cabelo entre a peça shakesperiana e a dança contemporânea, mesclando violência e cultura pop em uma performance da qual poucos podem sair vivos. ALOKA!

FICHA TÉCNICA

Concepção, direção, roteiro, coreografias e direção de arte: Fernando Barcellos

Assistente de direção: Camila Oliveira

Bailarinos: Bruno Ribela, Bruno Silva, Camila Oliveira, Fernando Barcellos, Isabela Palhares, Lara Barcelos, Marcelo Ferreira

Cinegrafista, áudio direto, edição e colorização: Bruna Freitas

Direção de fotografia: Bruna Freitas e Fernando Barcellos

Trilha sonora e design de som: Antônio Beirão

Figurinista: Lira Ribas

Identidade visual do material de divulgação: Izabela Marcolino

Assessoria de imprensa: Beatriz França (Rizoma Comunicação e Arte)

Produção executiva: Fernando Barcellos e Mariana Rabelo

Coordenadora de produção: Mariana Rabelo

Realização e gestão do projeto: Fernando Barcellos e Mariana Rabelo (Coletivo Sala Vazia)

Texto fonte: Tito Andrônico, de William Shakespeare – tradução de Carlos Alberto Nunes.

SOBRE FERNANDO BARCELLOS - http://fernandobbarcellos.com

Fernando Barcellos é um artista da cena e professor que opera entre a dança, o teatro e a performance. Bailarino com experiência em balé clássico e composição coreográfica/improvisação em dança contemporânea, teve como professores Nora Vaz de Mello, Paola Marques, Dulce Beltrão, Leonardo Quintão, Betina Bellomo, Ângela Nolf, Mário Nascimento, Carlos Arão, Dimitris Papaioannou e Ivaldo Bertazzo. É mestre em Artes pela UFMG e doutorando em Estudos Literários pela UFU. Como intérprete, orientador corporal, diretor e produtor tem atuado em parceria com importantes artistas e grupos de teatro, tais como o Grupo Oficcina Multimédia, a Maldita Cia. de Investigação Teatral, o Club Noir e o Quatroloscinco - Teatro do Comum. Como bailarino e coreógrafo tem trabalhos independentes premiados, e é diretor artístico e coreógrafo residente do Grupo Jovem de Dança de Ibirité desde 2015. Como docente/pesquisador nos campos da dança e do estudo do movimento, tem lecionado em escolas de formação artística e projetos sociais, nos níveis médio, técnico e superior, destacando-se o Programa Valores de Minas, o Centro de Formação Artística e Tecnológica da Fundação Clóvis Salgado e a Universidade Federal de Uberlândia, onde foi professor de técnica e criação em dança.

SOBRE COLETIVO SALA VAZIA

O COLETIVO SALA VAZIA é uma plataforma de criação em trânsito entre as cidades de Belo Horizonte e Uberlândia; surgiu a partir da urgência dxs artistas Mariana Rabelo e Fernando Barcellos de criar obras mesclando as linguagens do teatro, da dança e do circo. O coletivo conta com três espetáculos de repertório: ONDAS DE ONDE PARTO (2017), um solo de Mariana Rabelo; CIRCUITO IAGO (2017), um solo de Fernando Barcellos; e TITO, UMA ÓPERA POP DO CERRADO MINEIRO EM CHAMAS (2020), primeira obra coletiva do Sala Vazia. Nesses três anos de trajetória, os espetáculos do coletivo já circularam por 12 cidades, de 3 estados do país, e já foram vistos por cerca de 1000 espectadores.

Foto: Bruna Freitas

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