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As fotos amareladas de um passado que era possível se registrar somente em preto e branco, guardam as lembranças de um dos mais imponentes edifícios acadêmicos do Brasil. Com projeto arquitetônico e educacional, inspirações de origem francesa, permitiu que o seu prédio fosse notado no horizonte por vários ângulos de Juiz de Fora. No começo, em meados de 1891, o acionista e idealizador da obra Francisco Baptista de Oliveira, ao lado de G. Hernard, um importante arquiteto europeu, dava forma ao novo desafio no segmento da educação na cidade - abrigar o primeiro instituto superior de comércio do país - e não demorou muito. Em dezembro daquele mesmo ano era dado o início a construção da Academia de Comércio de Juiz de Fora, que durou dois anos e meio.
 

Da inauguração do prédio realizada em 1894, na presença do então ‘presidente de Minas Gerais’, Afonso Pena, até os dias atuais, a instituição guarda fatos que vão muito além do internato masculino, posteriormente a divisão de turmas que eram separadas de meninos e de meninas ou de um tempo em que o latim era uma tarefa escolar obrigatória tanto em sala de aula, quanto nas atividades extracurriculares.

PRIMEIRO RAIO-X DE JUIZ DE FORA

Um dos acontecimentos mais importantes e que marcou a história de Juiz de Fora, foi a realização do primeiro procedimento de raio X no município. O padre Mathias Willems que também era especialista clínico foi quem fez o exame de uma menina com aproximadamente 2 anos. Na época, ela possuía inflamação no esporão do calcâneo, que é um osso localizado no calcanhar, assim como também inflamação no polegar de uma das mãos. Em nota publicada pelo extinto jornal da cidade O Pharol, em 27 de abril de 1904, relatava que "O dr. José Cesário Monteiro da Silva, ilustre e saudoso médico, sabendo da existência na Academia de Comércio de um aparelho produtor de raio X, pediu então ao digno padre Mathias para fazê-lo funcionar e colocaram a doentinha entre a esfera, onde se produz o raio verde, e a placa onde se desenha a imagem", consta um dos trechos da publicação. O fato tomou tamanha repercussão que veículos de imprensa de Minas Gerais divulgaram o acontecimento.
 

REFERÊNCIAS MARCANTES

De acordo com o Historiador, Arthur Oliveira da Silva, no dia 2 de setembro de 1922, ano do Centenário da Independência do Brasil, os diretores da Academia de Comércio se comprometeram diante da imprensa que a partir daquele dia seria estabelecido o apito do meio-dia, mas também conhecido por "Hora Legal" para ser o controle oficial da hora em Juiz de Fora. Desta forma, de segunda a sexta-feira o apito funcionaria para avisar a população e todo o comércio. Já os trabalhadores das fábricas do setor têxtil, cadeia produtiva muito forte na época, entre elas, os operários da Companhia Bernardo Mascarenhas, ficavam atentos ao apito como ajuda para a marcação da hora do almoço. O pesquisador ainda explica que depois de um tempo o apito foi transferido para a antiga Joalheria Meridiano, que mesmo após o fechamento do estabelecimento ainda é tocado na cidade.
 

DOIS MUSEUS COM RICO PATRIMÔNIO NACIONAL

O Colégio Academia possui dois importantes museus com valioso acervo para visitação e consulta, são eles o Museu de Etnologia Indígena e de História Natural, que reúne um patrimônio de 30 mil exemplares que apresenta a cultura dos povos indígenas e que conta com heranças, testemunhos materiais e imateriais, históricos e pré-históricos da vida e do homem. Em exposição está uma réplica em tamanho natural de um crânio de um dinossauro que foi comprado na Europa pelo padre Leopoldo krieger .
 

No Museu de História Natural constam expostas 1.300 peças, entre elas fósseis, minerais, rochas, animais secos, em via úmida ou taxidermizados, ossos e réplicas de peças raras. Já no Museu de Etnologia Indígena, são 400 peças indígenas de etnias nacionais e africanas em exposição, além de 3.600 em reserva técnica, com acervo de peças oriundas de outras etnias, todas originais.

TEATRO ACADEMIA

Fundado em 1929, no prédio encontra-se o sexto mais antigo teatro em atividade de Minas Gerais. Só está atrás da Casa de Ópera de Ouro Preto (1769), Teatro Municipal de Sabará (1831), Teatro Santa Izabel de Diamantina (1840), Teatro Municipal de São João del-Rei (1893) e do Cine Theatro Central de Juiz de Fora (1924). O Teatro Academia conta com grande infraestrutura que remonta o passado e que dá espaço para que artistas da atualidade possam se apresentar. O espaço foi restaurado e reinaugurado em 1995, com 318 acentos.

CORAL DE MENINOS RECONHECIDO INTERNACIONALMENTE

A Academia de Comércio, agora Colégio Academia possui o segundo coral de meninos cantores mais antigo do país, o Coral Matter Verbi. O grupo possui 67 anos, sendo um dos mais tradicionais e o mais antigo coral de Juiz de Fora. Os meninos cantores já lançaram cinco discos fonográficos, sendo dois LP’s e três CD’s. Já se apresentou na Alemanha, Áustria, Argentina, Uruguai, Itália e em vários estados brasileiros. O grupo já foi agraciado, por três vezes, com Bênçãos Apostólicas enviadas por Papas, graças com indulgências plenárias do Vaticano.

OUTRAS CURIOSIDADES

A Academia é uma inspiração da Escola dos Altos Estudos Comerciais de Paris, servindo de molde para a sua construção em Juiz de Fora. No entanto, o desafio para o seu funcionamento preocupava Baptista de Oliveira, assim como os acionistas da Sociedade Anônima Academia de Comércio de Juiz de Fora. Baptista colocou a instituição a disposição dos padres da Companhia de Jesus, os Jesuítas. No entanto, os sacerdotes Salesianos ficaram no comando durante um ano. Em 1901 a Congregação do Verbo Divino assumiu os cuidados do prédio e da nova tarefa pela educação na cidade.

MISSA FESTIVA DE ANIVERSÁRIO

Para marcar as treze décadas de história e para orar na intenção de todos os benfeitores, religiosos, diretores, colaboradores, professores, alunos e as suas famílias, o Colégio Academia realizará uma Missa Solene na terça-feira, 13 de abril, às 19h. A celebração eucarística será presidida pelo Padre Gregório (SVD) e será transmitida, ao vivo, pelo canal do colégio no YouTube. A cerimônia será realizada na Capela Sagrada Família, dentro da própria instituição.

Por conta da pandemia do Covid-19, o momento será restrito conforme adianta o Diretor Executivo do Colégio, Ronaldo Pimenta da Cruz. "Toda a população juizforana e da região é convidada para participar virtualmente deste momento ímpar de nossa trajetória e também da vida da nossa cidade. Afinal, quem não conhece alguém que estuda ou que já estudou no Colégio Academia?", pondera o diretor que ainda acrescenta: "Vivemos diante de ecos de mudanças e o mundo está sempre neste movimento de transformações. Quando olhamos para o passado imaginamos tantas vidas que aqui passaram, além de crianças e jovens formados. Hoje temos o desafio de preparar essa geração para o futuro e de transformar mais vidas por meio da educação. Um dos detalhes mais interessantes que posso concluir é que a Academia sempre se preocupa em ser transparente e de interagir com as famílias, pois o papel da escola é de ser conexão e unidade do lar e do mundo", conclui.

Foto:  Arquivo/Colégio Academia