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Festival da Quebrada celebra a cultura periférica e promove mobilização social em vilas e favelas de BH

Que o Conjunto Santa Maria é um importante reduto artístico de Belo Horizonte não é segredo para ninguém. Na comunidade, que sedia a Quadra da Escola de Samba Cidade Jardim, nasceram importantes fomentadores da cultura periférica – como os músicos e produtores da banda 12duoito, Jefferson Gomes, Jabez Souza e Nelson Pombo Jr. A trupe também fez acontecer, em 2013 e 2014, a ação “Se Essa Rua Fosse Minha”, buscando promover transformações sociais, por meio da arte, na comunidade. Acontece que, em 2017, o projeto cresceu e ficou ainda mais robusto.

Rebatizada de Festival da Quebrada, a iniciativa acontece nos dias 29 e 30 de abril, no Conjunto Santa Maria e no Morro das Pedras, mais de 20 atrações culturais gratuitas, além de rodas de conversas, programação infantil e um grande almoço coletivo, feito por cozinheiras da comunidade. O festival, que é realizado pela Fundação Municipal de Cultura e produzido pela 12duoito, contará com diversos artistas oriundos de comunidades, vilas e favelas da cidade.

Jefferson Gomes explica que a ação “Se Essa Rua Fosse Minha” surgiu da necessidade da 12duoito em dar uma resposta cultural à sua comunidade de origem, o Santa Maria. “Através de parcerias, promovemos um dia de ação politica e cultural na comunidade, com revitalizações de espaços públicos e apresentações artísticas”, relembra. “A segunda edição teve coprodução do Fora do Eixo e da CUFA, e uma programação maior, com cerca de 20 artistas. Isso nos motivou a inscrever o projeto em um edital da prefeitura de Belo Horizonte, no qual fomos contemplados. Reformatamos a ideia e selecionamos atrações culturais pela relevância nas periferias onde moram e na nossa ‘quebrada’”, completa o produtor.

No dia 29/4, sábado, o Festival da Quebrada transforma o Santa Maria em um verdadeiro palco multicultural a partir das 9h, com a preparação para o almoço coletivo, a programação infantil e o samba de roda do grupo Fala Tambor. O almoço será servido a céu aberto, por meio da parceria com a organização História e Construção, da Vila da Pena, que cederá ao festival um protótipo de cozinha móvel, montada sob bicicletas. Depois, o grupo Filhas da Mã, formado por moradoras da comunidade, puxa uma roda de samba que antecede o espetáculo do Rap Em Cena, grupo que integra artistas de rua de BH e mescla rap, circo e teatro. No fim da tarde, o público vai dançar muito funk com a Disputa Nervosa, batalha de passinho realizada pelo coletivo Lá da Favelinha, do Aglomerado da Serra.

O line-up musical continua com o Favela Groove, que traz uma mistura bem temperada de rap, reggae, rock, funk e samba. Na sequência, o show da rapper mineira Tamara Franklin, que lançou, em 2016, seu certeiro disco de estreia, “Anônima”. E, depois, a grande prata da casa: a banda 12duoito, que começa 2017 repleta de novidades sonoras. O baile fecha com a coqueluche atual do rap de BH: o rimador Djonga, que acaba de lançar o elogiado “Heresia”. No show, Djonga divide o palco com Fabrício Fbc, seu parceiro no grupo DV Tribo e outro importante nome do rap contemporâneo brasileiro.

No dia 30, o festival migra para o Morro das Pedras, através da parceria com o grupo de rap Fúria Negra, residente da comunidade. “O Fúria Negra já estava programando para essa data a ação social Hip Hop é a Força, e resolvemos juntar os dois projetos, abraçando um maior número de envolvidos”, explica Gomes. Antigo parceiro da 12duoito, o Uais Sound System também agita a festa com o melhor da música jamaicana. A programação conta, ainda, com as apresentações das bandas La Plaza, Núcleo Fantasma, do DJ MC Preto X e dos MCs Mist Kiila, Prata e Mib. “Queremos potencializar ações culturais, criando novas possibilidades e perspectivas. O festival é uma ação de fora para dentro. A ideia é oferecer para a cidade um dia de lazer dentro das comunidades, para que as pessoas possam entender como acontece o fomento à cultura nesses locais”, defende o produtor.

Mobilização

Para além da programação cultural, o Festival da Quebrada iniciou suas atividades no começo do mês de abril, com reuniões de mobilização realizadas em quatro “quebradas” de BH. O objetivo das ações foi convidar residentes do Santa Maria e de outras comunidades para trocar experiências e participar da construção do evento. Foram feitos encontros no Ribeiro de Abreu, no Morro das Pedras e na Serra. No Santa Maria, a reunião aberta contou, também, com jams poéticas e apresentações musicais.

As ações renderam a roda de conversa sobre o fomento à cultura periférica, que acontece na programação do dia 29, às 13h30, com o artista circense Foca e os rappers Abu e Sarah Guedes. O papo também vai abordar a acessibilidade em vilas e favelas, com a participação de Tião Oly e Divino Fernandes, deficientes visuais. “O papel da 12duoito na transformação sociocultural do Santa Maria é articular a rede que criamos ao longo de 10 anos de caminhada na música independente, devolvendo essas pontes para a comunidade”, finaliza Gomes.

O Festival da Quebrada é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.

:: Festival da Quebrada ::

Sábado, 29/4, das 9h às 22h30, no Conjunto Santa Maria

(Rua 4, esquina com Rua Gentios, em frente ao número 1.249)

Palco Praça 1

* 9h - 12h | Preparação do almoço coletivo, programação infantil

* 10h30 - 12h | Grupo de samba de roda Fala Tambor

* 12h - 13h30 | Almoço coletivo

* 13h30 - 14:30 | Roda de conversa com agentes culturais

* 14h30 - 16h10 | Roda de samba com Filhas da Mãe

* 16h20 - 17h10 | Rap Em Cena

* 17h20-18h | Mão Unica

* Intervalos: DJ Jemim

Palco Praça 2

* 17h30 - 18h40 | Disputa Nervosa Lá da Favelinha

* 19h - 19h40 | Favela Groove

* 19h50 - 20h30 | Tamara Franklin

* 21h - 22h | 12duoito

* 22h - 23h | Djonga e FBC

* Intervalos: DJ Bill e DJ Furmiga Dub (PB)

Domingo, 30/4, das 12h às 20h, no Morro das Pedras

(Rua Onze de Dezembro, 180)

Palco Hip-Hop é a Força

* 12h - 14h | DJ Number One

* 14h - 14h40 | Intervenção Bboys

* 14h40-15h30 | Mist KiIla, Prata e Mib

* 15h30 - 16h20 | Uais Sound System

* 16h20 - 17h | DJ Preto X

* 17h - 17h50 | Núcleo Fantasma

* 17h50 - 18h40 | La plaza

* 18h40 - 20h | Fúria Negra

Programação gratuita.

Foto:  Pablo Bernardo

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