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Belo Horizonte recebe o projeto Polifônica Negra na primeira semana de maio

Entre os dias 3 e 7 de maio, de quarta-feira a domingo, a capital mineira recebe a Polifônica Negra. O evento contará com a participação de artistas cênicos contemporâneos de Belo Horizonte e de outras cidades do país apresentando cenas curtas e uma mostra de seus processos criativos, além de debates com temas ligados à criação da arte negra no Brasil. O Polifônica Negra é um projeto de Anderson Feliciano e Aline Vila Real. Toda a programação tem entrada gratuita. "Mantendo um diálogo que iniciamos em 2013 e buscando ampliá-lo através de novas provocações, a Polifônica Negra promoverá o encontro de artistas da capital mineira e de outras cidades - São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. O projeto foi pensado como um quilombo, tendo como um de seus pilares estabelecer um diálogo tenso, conflituoso e necessário em torno dos desafios de se pensar as estéticas negras na cena contemporânea e como essas produções contribuem para a ressignificação do imaginário social", comentam Aline e Anderson.

No dia 3 de maio, quarta-feira, a Polifônica Negra dá início às suas atividades no Tambor Mineiro, com a abertura do encontro, às 20h. Em seguida, às 21h, será realizada a pré-estreia do novo espetáculo do Coletivo Negras Autoras, de Belo Horizonte, que conta com direção de Grace Passô. Encerrando o primeiro dia, a Polifônica Negra recebe o Bar da Tia Rosa, com a DJ Pat Manoese. Carregando influências da urban music, latinidades, africanidades, funk e brasilidades, o set da DJ Pat Manoese reflete muito da sua pesquisa que começou baseando-se na representação e no protagonismo das mulheres na música e que vem se ampliando com o propósito de conhecer e disseminar ritmos de diversos lugares do mundo.

Já no dia 4 de maio, quinta-feira,  o Teatro Espanca! será palco de uma série de atividades, das 19h às 22h. Dando início à programação do dia, a atriz Mariana Nunes apresenta a cena“(in)visível”, composta por partes do livro “O Homem Invisível”, de  Ralph Elisson, e por trechos de depoimentos de mulheres negras sobre sua invisibilidade. Mariana Nunes ouve tais vozes e as reproduz através de um fone de ouvido, dizendo exatamente o que estava ouvindo, simultaneamente à escuta. Em seguida, a Cia. Capulanas, de São Paulo, apresenta a vídeo-performance “A cama, o carma e o querer” - um experimento poético-videográfico concebido em 4 capítulos. O tema é o prazer pela perspectiva da mulher negra.

Encerrando a noite, o debate “Outros Modos de atuar os mesmos dramas” recebe o Coletivo Negras Autoras, Grace Passô, Mariana Nunes e Débora Marçal (Cia. Capulanas) sob mediação de Ana Maria Gonçalves e Soraya Martins. A escritora mineira Ana Maria Gonçalves tem duas grandes obras ligadas à temática da cultura negra e do preconceito racial - "Ao lado e à margem do que sentes por mim", de 2002, e "Um defeito de cor", lançado em 2006, ano em que foi vencedora do Prêmio Casa de Las Américas pelo trabalho. Além da literatura, escreveu os espetáculos teatrais "Tchau, querida", em 2016, e "Chão de pequenos", da Companhia Negra de Teatro, em 2017. Soraya Martins é atriz e mestre em Teoria da Literatura. É co-fundadora da Sofisticada Companhia de Teatro. Desde 2011, atua na cena mineira como atriz e pesquisadora do teatro afro-brasileiro e tem em seu currículo trabalhos realizados junto a diversas companhias, entre elas Companhia Candongas, Grupo do Beco e Caixa de Fósforos.

A programação do dia 5 de maio, sexta-feira, terá início na Praça Sete, às 17h30, com a performance “Panfleto Itinerante”, do grupo Selo Homens de Cor (SP), que leva para o espaço público o debate sobre o extermínio da juventude negra pelo Estado brasileiro. Após a performance, os atores e o público seguirão em trajeto até o Teatro Espanca!, que recebe programação entre 19h e 22h. A Companhia Brasileira de Teatro, do Paraná, apresenta a performance “O que ainda não sabemos” (projeto preto), que contará com a participação deGrace Passô, Nadja Naira, Felipe Soares, Rodrigo Bolzan e Marcio Abreu.

Em seguida, a Polifônica Negra recebe a apresentação de dois fragmentos de espetáculos: “Pai contra Mãe”, da Fusion Cia. de Danças, de Belo Horizonte; e “Co Ês”, de Rui Moreira, também da capital mineira. Em “Pai Contra Mãe”, sete corpos dançantes trazem ao palco os desafios de ser negro e de ser mulher em uma sociedade ainda desigual e opressora, inspirado no conto homônimo de Machado de Assis. Já “Co Ês” (com eles)  é uma contação de histórias através dos gestos e da dança. Para a Polifônica, será apresentado um trecho deste espetáculo inspirado no arquétipo dos Ibeji - o protetor dos gêmeos na mitologia Iorubá. Fechando a programação do dia 5, o projeto realiza o debate “O Corpo que grita: Micropolíticas ruidosas”, com participação de Sidney Santiago (Selo Homens de Cor), Cia. Brasileira de Teatro, Rui Moreira e Fusion Cia. de Danças Urbanas, com provocações de Ana Maria Gonçalves, Renato Noguera e Soraya Martins. Renato Noguera é filósofo, pesquisador e professor da UFRRJ. Noguera trabalha com uma tendência na filosofia brasileira chamada Afroperspectividade, que busca formular conceitos recorrendo às tradições indígena, africana e afro-brasileira.

No dia 6 de maio, sábado, é a vez do Espaço LIRA, mantido pelo poeta Ricardo Aleixo, receber as atividades da Polifônica Negra, das 16h às 20h. A programação tem início com a apresentação da “Jazzê”, um encontro de Aleixo com o poeta paulista Allan da Rosa. Em “Jazzê”, os poetas sopram em roda versos e prosas de ninho, de arrepio e de sangue, inspirados na música e na ancestralidade negra. Em seguida, será feita a leitura do roteiro cinematográfico “Pare e Siga”, de Adyr Assumpção e Zora Santos, um roadmovie para um casal de atores negros. A Polifônica Negra também recebe a mostra de resultados do “Laboratório do Tropeço: experimentos para elaboração de uma poética da encruzilhada”, deAnderson Feliciano. A proposta do Laboratório do Tropeço é construída em duas etapas: encontros vivências e intervenções performáticas. Os encontros vivências buscam ampliar e aprofundar pesquisas relacionadas às temáticas raciais, estéticas descoloniais e ainda elaborar de forma sistemática propostas poéticas para a elaboração do que Anderson denomina como poéticas da encruzilhada. Para elaboração das intervenções performáticas o interesse é em pensar a “imagem em detrimento do diálogo”, criando uma proposta estética que amplie as percepções dos corpos negros habitando poeticamente os espaços elegidos com desejos de reconfigurá-los.

Ainda no dia 6, o Projeto Segunda Preta realiza duas apresentações de cenas teatrais. Finalizando a programação de sábado, o debate “O corpo como lugar de discurso: uma atividade primária de fabulação” recebe Adyr Assumpção, Anderson Feliciano, Allan da Rosa, Ricardo Aleixo, Grazi Medrado e Soraya Martins, com provocações de Ana Maria Gonçalves eRenato Noguera.

Encerrando a Polifônica Negra, Anderson Feliciano recebe os artistas participantes  público na Residência dos Silva, no dia 7 de maio, domingo, de 12h às 20h. Como encerramento, o público será convidado para um “Ípàde”, que significa encontro em yoruba. Este último dia será um espaço de encontro para se comemorar. Construir um evento, cujo significado advém, em grande parte, da sua interação com a platéia, procurando refletir as esperanças, sonhos, sistemas de valores e padrões culturais do público. O Ípàde acontecerá no quintal da casa de Anderson Feliciano e será um momento de reflexão e celebração entre os artistas participantes desta edição. 

 

A Polifônica Negra é apresentada pela Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte e realizada com recursos do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura.

Foto:Paulo Cesar 

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