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Mães empreendedoras: um retrato do Brasil

Trabalhar por conta própria é alternativa para mães que precisam cuidar dos filhos e ter uma fonte de renda para ajudar no sustento da família

No próximo dia 9 de maio será comemorado o Dia das Mães. A celebração surgiu na primeira década do século XX, nos Estados Unidos. No Brasil, a data foi oficializada em 1932. Mas a definição do que é ser mãe mudou muito ao longo dos anos. Antes, ela era a cuidadora e responsável pelo bem-estar da família e da casa. Nos dias de hoje, além das antigas funções, as mães também desempenham o papel de provedoras.

De acordo com informações do IBGE, no Brasil os homens dedicam 11 horas semanais para os afazeres domésticos, enquanto as mulheres chegam a 21,4 horas. Mesmo com a dupla jornada, ou tripla, no caso das mães, elas ainda encontram no empreendedorismo a chance de alcançarem sua independência financeira e ajudar, quando não garantem sozinhas, o sustento da família.

Segundo dados do Relatório Especial Empreendedorismo Feminino no Brasil, realizado pelo Sebrae e publicado em março de 2019, 47,6% dos microempreendedores individuais são mulheres e ocupam predominantemente atividades relacionadas à beleza, moda e alimentação. Além disso, 40,1% iniciaram no empreendedorismo porque buscavam uma fonte de renda.

Uma de tantas histórias

Mãe de três filhos pequenos, Lícia Tamura, 38 anos, moradora de Belo Horizonte, sabe bem a dificuldade de se reinserir no mercado. Quando tinha apenas o Bernardo, 4 anos, conciliava sua rotina doméstica com o trabalho fora de casa. Porém, após o nascimento da Maria Eduarda, 2 anos, ela perdeu o emprego e precisou buscar opções para continuar pagando as despesas. Foi então que, em dezembro de 2019, Lícia decidiu produzir roupas e acessórios para bebês.

Em julho de 2020, algum tempo depois de descobrir que estava grávida da Bella, 2 meses, Lícia presentou uma colega com uma cesta de café da manhã. A amiga gostou tanto do presente, em especial do brownie que acompanhava os quitutes, que incentivou Lícia a investir nessa área. Já em dezembro, as encomendas de brownies superavam as de cestas.

Com o apoio do marido, Lícia decidiu se dedicar a produzir e vender tanto as roupas infantis quanto os brownies. Mais do que o fator financeiro, algo a mais pesou na sua decisão. “Eu posso estar com os meus filhos, pois os três são pequenos e precisam de cuidados. Não conheço empresas que permitam uma mãe amamentar seus filhos sempre que necessário, mas em casa eu posso. Quando o Bernardo nasceu eu não pude ficar muito com ele, porque trabalhava fora. Porém, com as meninas, eu estou tendo essa chance”.

Mas se engana quem pensa ser fácil conciliar tantas tarefas. “Tenho que organizar o tempo entre as crianças, as tarefas domésticas e a produção. Quando a demanda aumenta, busco ajuda para cuidar dos meninos enquanto trabalho. Além disso, me preocupo com a falta de estabilidade ou se vou atingir minha meta de vendas no fim do mês. Enfim, não é fácil”.

Apesar das dificuldades, o negócio de Lícia está evoluindo bem. Ela já criou um perfil no Instagram para expor seus produtos e pensa em expandir o cardápio. Em breve, pretende formalizar o negócio.

A analista do Sebrae Minas Karina Rocha fala sobre a importância do envolvimento das mães no empreendedorismo. “Nos últimos anos, institutos de pesquisa têm reforçado o papel das mulheres, especialmente das mães, no sustento das famílias. Atualmente, mais da metade dos lares brasileiros são comandados por elas. Mas, por outro lado, a desigualdade de gênero ainda resulta em menos oportunidades e salários inferiores, situação agravada especialmente neste cenário de pandemia. Portanto, mais do que nunca, empreender é uma possibilidade real de encontrar novas fontes de renda e de vida digna”, ressalta.

Foto: Arquivo/Sebrae

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