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“Tragédia de Mariana” é retratada em novo espetáculo do Grupo Teatro Andante

“Contribuir para o não esquecimento e colaborar para a necessária reparação”, movidos por esse desejo e sensibilizados com o ocorrido, o Grupo Teatro Andante mergulhou na memória da maior tragédia ligada à mineração do Brasil e uma das maiores do mundo: o rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, Minas Gerais. Fruto dessa pesquisa e da experimentação que mescla linguagens artísticas, estreia dia 1º de junho, LAMA, espetáculo dirigido por Marcelo Bones e encenado por Ângela Mourão, Bruna Sobreira e Thiago Amador (ator convidado). “Estamos vivendo um momento de transformações nas relações humanas, que exige dos artistas um posicionamento claro diante de fatos tão importantes”, analisa o diretor.

O espetáculo é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte - Fundação Municipal de Cultura - e tem patrocínio da MGS – Minas Gerais Administração e Serviços S.A.

O que nós podemos fazer por essa memória? O que nós podemos fazer para que não exista uma nova Bento Rodrigues soterrada? De que forma isso nos afeta? Como lidamos com essa situação? Lidamos? Indagações presentes no processo criativo desses atores rapsodos. “Estamos a pouco menos de 200 km de Bento Rodrigues, e para nós já é fácil nos deixar esquecer e seguir em frente. Não encontramos solução para esses questionamentos, mas entendemos que ampliar a memória coletiva sobre essa história pode é parte da resistência”, ressalta a atriz Bruna Sobreira.

No processo de pesquisa, passando por contos de Marcelino Freire, escritor contemporâneo brasileiro, o grupo se deparou com uma história, na qual um homem solitário, que tinha sido afastado do lugar onde vivia, voltava a ele e não o reconhecia, encontrando-o destruído. “A partir daí começamos a trabalhar sobre a memória – o lembrar e o esquecer – e sobre o impacto de perder seu lugar, sua querência (para citar Galeano com seu lindo mini-conto). Rapidamente aproximamos de Mariana e sua terrível tragédia, que a todos nós havia tocado de alguma forma. Concluímos que precisávamos falar sobre isso”, relata a atriz Ângela Mourão.

Construído em diálogo criativo com importantes artistas de diversas áreas, o espetáculo experimenta uma nova linguagem para o grupo, que une movimento, composição, sonoridade, vídeo e texto, com uma abordagem dramatúrgica documental e contemporânea. O Grupo teatro Andante ousa em reunir pessoas distintas em torno de um projeto de espetáculo. “A ideia inicial era de trabalhar com pessoas de linguagens diferentes para que uma narrativa fosse contada por vários ângulos, tensões e códigos; Teatro, Música, Cinema e Dança. Veio a Lama e fomos impactados, depois ao pisar nela, sensibilizados a nos colocar a serviço daquelas pessoas, daquele acontecimento"”, ressalta o ator Thiago Amador.

Alguns desses artistas já faziam parte da história do Andante, como Tarcísio RamosHomem, que contribui na construção da dramaturgia do movimento cênico,

equalizando a linguagem corporal dos atores durante a peça, e Guiomar de Grammont (dramaturgia e texto), que trouxe a questão da memória para o

espetáculo, além de aproximar ainda mais os atores do local da tragédia. “Eles compuseram seus trabalhos com outros que tínhamos o desejo de trabalhar: Ricardo

Alves Junior, que direciona no espetáculo o ´olhar da câmera; Sérgio Pererê, que nos contaminou com a sonoridade ancestral e Cláudio Dias, que foi responsável pelo arcabouço do espetáculo, levantando com o grupo os primeiros materiais que estão ramificados por toda a obra”, explica Ângela. “Optamos por mesclar linguagens, algo desafiador e novo para o grupo, mas mantivemos a trajetória de espetáculos engajados, críticos, além de poéticos e apurados artisticamente”, destaca Marcelo Bones.

Foto: Denilson Cardoso

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