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Rosamaria Murtinho e Letícia Spiller chegam a BH com o espetáculo “Dorotéia”

Montagem marca os 60 anos de carreira da experiente atriz e resgata um dos textos clássicos de Nelson Rodrigues.

Comemorando 60 anos de carreira, Rosamaria Murtinho interpreta pela primeira vez uma vilã de Nelson Rodrigues. Acompanhada de Letícia Spiller, a experiente atriz encabeça o elenco de mais dez atores da peça “Dorotéia”. Dirigida e encenada por Jorge Farjalla, a montagem, que como todo bom texto rodriguiano tem o sagrado e profano lado a lado, faz sua estreia em Belo Horizonte nos dias 28 e 29 de julho, no Sesc Palladium. Os ingressos estão à venda nas bilheterias do teatro ou pelo site www.tudus.com.br

O espetáculo, que tem realização da MRM Produções, do Ministério da Cultura e Governo Federal, compõe a 4ª Edição da Temporada Pólobh que assegura a circulação, em Belo Horizonte, de grandes nomes das artes do Brasil e do Mundo, com produção local da Pólobh, patrocínios do Instituto Unimed-BH, MIP Engenharia e Pottencial Seguradora, viabilizados por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, parceria estratégica com o Jornal O Tempo, promoção exclusiva da Rádio Alvorada e apoio da City Me, Fredizak, HBA, Hotel Mercure, Sou BH, Viver Brasil, além do apoio cultural do Sesc MG.

Escrita em 1949, “Dorotéia” fecha o ciclo das obras do teatro desagradável de Nelson Rodrigues, intitulado pelo crítico Sábato Magaldi como “peças míticas” sendo a única farsa escrita pelo autor. O texto é uma ode à beleza da mulher onde a heroína, título da obra, segue em busca da destruição de sua própria beleza para se igualar a feiura de suas primas Dona Flávia, Maura e Carmelita.

Sobre o espetáculo

Matriarca da família, Dona Flávia recebe Dorotéia, ex-prostituta que largou a profissão após a morte do filho e vai buscar abrigo na casa de suas primas, onde vivem também Maura e Carmelita, num espaço sem quartos e onde há 20 não entram homens. Três viúvas puritanas e feias que não dormem para não sonhar e, portanto, condenadas à desumanização e à negação do corpo, dos sentimentos e da sexualidade.

Arrependida, Dorotéia procura abrigo na sua família e é, em alguns momentos, questionada por Dona Flávia, a prima mais velha, que, mesmo com sua raiva, implicância e orgulho, faz de tudo para removê-la da ideia, às vezes com uma nesga de afeto, de fragilidade e disfarçados gestos de acolhimento, mas contando que ela aceite as condições de viver naquela casa. Dorotéia, linda e amorosa, nega o destino e entrega-se aos prazeres sexuais. Este é seu crime, e por ele pagará com a vida do filho e buscando a sua remissão.

Na história desta família de mulheres, o drama se inicia com o pecado da avó que amou um homem e casou-se com outro. É neste momento que recai sobre todas as gerações de mulheres da família a “maldição do amor”. Elas estão condenadas a ter um defeito de visão que as impede de ver qualquer homem, se casam com um marido invisível e sofrem da náusea nupcial – único sinal de contato que teriam em toda vida com o sexo masculino. Em troca de abrigo, Dorotéia aceita se tornar tão feia e puritana como as primas.

O motivo central que organiza a peça é o dilaceramento do espírito humano e o delírio que se constitui através da fissura, das vontades. As personagens são “fissuradas” por algo que não podem ter: o sexo. A convivência entre prazer e pureza em que ao mesmo tempo são cortadas ao meio pela tensão daí decorrente, que termina por destruir as formas de vida, ou seja, a personagem central pecou e se arrependeu. Arrependeu? Nem tanto, pois sob a instigação de Dona Flávia, para concluir sua purificação pela feiura e pela doença incurável deve pecar novamente com Nepomuceno, o senhor das chagas. Dorotéia é uma mistura de sonho, pesadelo, desatino e destino irremediável. Por um momento paira a esperança de que a maldição não se cumprirá, mas ela é irreconhecível.

O cenário e seus elementos

De todos os símbolos presentes na obra, o mais enigmático para os dias de hoje é o do “Jarro”, pois ele representa a imagem do espaço do prostíbulo, graças ao uso que dele faziam as mulheres, sobretudo as prostitutas na precariedade de seus ambientes, para se lavar depois do ato sexual.

O uso do símbolo presente na obra, “uma casa sem móveis”, é o fio condutor para essa encenação onde o espectador está junto com o ator, diminuindo assim, a distinção entre palco e plateia. Assim, o texto “Rodrigueano” ganha outro valor, tanto para os atores quanto para o público, pois as interpretações são baseadas no íntimo das relações entre ator/público e ator/espaço, propondo assim uma verossimilhança entre real e imaginário não presentes na obra. Nesta encenação o público é convidado a entrar literalmente na casa das primas de Dorotéia.

Outro ponto alto da encenação e que a diferencia das demais é o coro masculino, não presente na obra, intitulado pela direção como “Os Homens Jarro” que representam tanto a aparição do signo “jarro” como os homens que passaram pela vida da ex-prostituta. Esse coro permeia a encenação executando ao vivo os sons e a trilha do espetáculo.

A origem da montagem

O projeto Dorotéia surgiu do encontro entre a atriz Rosamaria Murtinho e o ator e diretor Jorge Farjalla da Cia. Guerreiro, após uma apresentação do espetáculo “Paraíso Agora ou Prata Palomares”, de Zé Celso Martinez Correa, onde enxergando nesse tipo de trabalho um uso diferenciado da pesquisa, da linguagem e da proposta cênica no uso do espaço, Rosamaria propôs uma parceria para comemorar seus 60 anos de carreira, produzindo o espetáculo.

Duração: 96 minutos, sem intervalo

Classificação etária: 16 anos

Ingressos: à venda nas bilheterias do teatro ou pelo site www.tudus.com.br

Informações: (31) 3270-8100

Valores:

Plateia I, II e III – R$ 75,00 (Inteira) | R$ 37,50 (Meia Entrada) ou R$ 50,00 (Inteira) | R$ 25,00 (Meia)

Ingressos à venda nas bilheterias do teatro ou pelo site Tudus (http://www.tudus.com.br/)

Informações: (31) 3270-8100

 

Foto: Carol Beiriz

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