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8 dicas para não entrar em uma fria no Feirão da CEF que começa amanhã

A pandemia trouxe algumas transformações para a economia, que passou a acontecer em boa parte de forma online, inclusive a compra de casas e apartamentos. A Caixa Econômica Federal realiza a partir desta sexta-feira o 1º Feirão Digital da Casa Própria, com mais de 180 mil imóveis e opções sem necessidade de entrada. Mas, em plena crise econômica, o que parece ser uma ótima oportunidade requer alguns cuidados a mais e muito planejamento, conforme ressalta o advogado especialista em Direito Imobiliário e autor da cartilha sobre compra de imóveis do Procon-SP, Marcelo Tapai.

"O sonho de boa parte dos brasileiros, ainda mais agora com a crise em que estamos mergulhados, é ter a casa própria. Morar no próprio imóvel significa se livrar do aluguel, um boleto que ficou pesado de pagar para muita gente nestes últimos meses, mas, estamos falando de um bem de um valor expressivo, que será comprado mediante financiamento e, caso o consumidor deixe de pagar as parcelas, poderá perdê-lo e ter seu sonho virando pesadelo. Por isso, é momento de se planejar, fazer muitas contas e não se deixar levar pelo entusiasmo inicial", alerta.

Um dos grandes chamarizes deste feirão são os imóveis próprios da Caixa, que poderão ter 100% do valor financiado, sem pagamento de entrada e carência de seis meses para quitar a primeira prestação. O advogado alerta que o consumidor pode entrar numa verdadeira fria ao fazer este tipo de negócio por impulso, acreditando que ainda falta tempo para ter que desembolsar algum dinheiro e, portanto, não precisa se preocupar de imediato.

"Estamos hoje com recorde de desemprego e perda de renda no Brasil, ainda com casos crescentes de Covid, o que nos deixa totalmente inseguros sobre os próximos meses. Não sabemos se haverá nova onda, novo lockdown, mais empresas fechando e desempregando pessoas. Está tudo muito frágil para se tomar uma decisão de longo prazo como a compra parcelada de um imóvel, que será um compromisso de longos anos. Só recomendo comprar um imóvel financiado agora quem estiver com as contas em dia, tiver uma boa reserva financeira para um eventual imprevisto e, mesmo assim, se a oportunidade for muito boa. O mercado imobiliário pode até estar aquecido, mas é um tipo de negócio para quem no momento está bem tranquilo financeiramente falando", orienta.

O ideal, segundo Tapai, é comprar à vista ou com o mínimo de parcelas financiadas possível. Além disso, é preciso pesquisar muito antes, porque nem sempre feirões têm negócios imperdíveis com boas ofertas. Antes de assinar contrato, o especialista ressalta que é importante ter a certeza do quanto pode pagar por mês, considerando todas as outras contas fixas que já possui, inclusive empréstimos, financiamentos de veículos, além de eventualidades que podem ocorrer ao longo do tempo e prejudicar o rendimento familiar.

"A falta de planejamento financeiro é um dos principais problemas que podem levar as pessoas a perderem o imóvel. A lei nº 9.514/97, que trata da alienação fiduciária, é muito severa e não dá muita chance de negociação para os devedores. Se o proprietário não conseguir pagar o financiamento, o banco pode tomar o imóvel e levar a leilão em poucos dias. Em tese, após 30 dias de atraso da primeira parcela, o banco já pode dar início ao processo de retomada do imóvel", alerta Tapai.

Veja abaixo 8 dicas do advogado para fazer negócio com segurança:

-Só participe do feirão se tiver o objetivo claro de comprar o imóvel e, principalmente, se tiver condições financeiras para tal. Se for olhar só por curiosidade, pode agir por impulso e acabar comprando o que não poderia.

-Tenha ciência de todos os recursos disponíveis que possui para comprar esse imóvel e como fará para pagar parcelas se a compra não for à vista. Lembre-se que durante a obra, o saldo total é reajustado pelo INCC (Índice Nacional da Construção Civil) e, no financiamento após a entrega das chaves ou mesmo de imóveis usados, não se pode atrasar as parcelas.

-Conheça bem sua situação financeira. Tenha em mente que sua renda não pode estar muito justa ou comprometida com outros empréstimos/financiamentos de modo que não possam acontecer emergências. O comprador pode ficar desempregado, passar por problemas de saúde ou ter que fazer um reparo de emergência, por exemplo, e precisar gastar mais do que o previsto, comprimindo seus rendimentos. Ou seja, o dinheiro da parcela tem que sempre estar separado.

-Jamais compre um imóvel sem conhecer sua localização. Procure saber se o local não é perigoso ou barulhento. Também é importante verificar a disponibilidade de transporte público, comércio e escolas próximos.

-Pesquise o histórico da construtora por meio de consultas do CNPJ no Procon, na prefeitura e no Cartório de Registro de Imóveis. Isso pode evitar sérios problemas como construtoras que atrasam entregam de obra, ou mesmo que sequer entregam o que prometem.

-Em caso de imóveis usados, consulte a matrícula e verifique se não existem ações contra o proprietário, além de dívidas que possam recair sobre o imóvel como condomínio e IPTU.

-Não compre o imóvel só porque a construtora ou imobiliária dizem que está com um bom desconto e é uma oportunidade imperdível. Por trás disso pode estar um mico, como imóveis que não batem sol, que têm problemas estruturais ou que estão no térreo, ao lado de áreas comuns barulhentas.

-Reserve um dinheiro extra para pagar custas de ITBI e registro de imóveis, que podem totalizar 5% do valor total do imóvel em São Paulo, por exemplo.

Foto: Divulgação/Tapai

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