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Em “Louvação à (minha) mãe”, Camila Menezes fala sobre a maternidade e produz bloco de maracatu

Lançada nesta quinta-feira (24), canção integra “Bença”, primeiro trabalho solo da compositora e multiartista mineira

A trilogia de singles "Bença", da premiada compositora Camila Menezes, ganha mais forma nesta quinta-feira, 24 de junho, com o lançamento de "Louvação à (minha) mãe" nas plataformas digitais. Se a multiartista mineira discute a relação entre os humanos e o planeta em “AzulAmarelo” – faixa de estreia, lançada na quinta passada, 17 –, nesta segunda música propõe uma reflexão poética sobre “as tecnologias corpóreas do gerar e do nascer”. Canta a gratidão e reconhece a coragem de quem se transforma em portal para uma nova vida, colorindo a sonoridade ímpar do encontro entre viola e elementos eletrônicos, um dos fios-condutores de “Bença”. Outro ponto crucial do trabalho é o fato de ter sido inteiramente construído por Camila: além das composições, a multiartista responde por arranjo, gravação (vozes e instrumentos), mixagem e masterização. Intitulada “Para-ti”, a última faixa será lançada na próxima terça-feira, 29, fechando a tríade musical.

Para o arranjo de “Louvação à (minha) mãe”, Camila Menezes atingiu outras proporções em termos de produção musical ao executar e mixar todos os instrumentos de um bloco de maracatu. A multiartista foi além e resgatou o Mellotron, um dos primeiros instrumentos usados como sampleador, para fazer o som das flautas. O resultado é uma música alegre, simples e aconchegante, tal como abraço de mãe. “Estou passando a pandemia com a minha mãe. Estamos só nós duas, isoladas, desde março de 2020. E tem sido uma experiência incrível. Minha mãe é uma pessoa extraordinária. Brinco que é um anjo da guarda disfarçado de gente. Aprendo muito com ela”, conta Camila, conhecida também por seu trabalho como baixista e compositora das bandas Tutu com Tacacá e Dolores 602 – grupo de indie pop formado por musicistas em Belo Horizonte, que ganhou oito prêmios em festivais com composições assinadas por ela.

De acordo com a multiartista, a relação com sua mãe, com quem tem compartilhado morada nestes tempos de crise sanitária, foi a mola propulsora para as primeiras linhas da segunda música de “Bença”. “Quando estava fazendo o arranjo de ‘AzulAmarelo’, aconteceu uma coisa engraçada. Eu ia tomar banho, entrava no box e vinha na minha cabeça: ‘a mãe é um portal’. Fiquei pensando: ‘e se isso virasse uma música? Ou um refrão?’. Então, comecei a pensar sobre o fio-condutor do trabalho. Essa coisa de quem sou, onde estou, para onde vou. Sentei e escrevi uma estrofe sobre minha mãe, que se chama Rosa: ‘Minha mãe é uma rosa / Minha mãe é uma flor / Ela é toda tão formosa / Ela é feita de amor’”, relembra Camila.

A partir daí, surgiu também a vontade de expandir a reflexão sobre o corpo como portal para além de sua própria mãe, reconhecendo e agradecendo pessoas que decidem tornar-se passagem para outras vidas. Poeticamente, mas sem romantizações ou demagogias. “Por enquanto, não penso em ter filhos. Mas respeito quem tem, porque é uma decisão muito corajosa. Não romantizo a maternidade, de forma alguma, mas acho uma coisa incrível. Algo muito tecnológico, já que a única forma de acessar esta realidade física é através de uma outra pessoa. Não tem outro meio de transporte”, reflete Camila. “Então, fiz outra estrofe, que generaliza a questão. ‘Se você tá neste mundo / Se você tá neste chão / Reconheça a coragem / De quem se tornou passagem / Pra nascer um coração’. É isso, uma louvação. Reconhecer e agradecer”.

Faixa que abre “Bença”, “AzulAmarelo” chegou às plataformas digitais de streaming no dia 17 de junho, dando início ao lançamento de “Bença”. Gravada originalmente em 2014, pela Dolores 602 – e reconhecida, no mesmo ano, com o 2º Lugar do “Prêmio de Música das Minas Gerais” – a música é um convite para “acordar pra ver” e refletir sobre o que nos cerca, que segue bastante atual. “É uma música que fala da casa-Terra, da nossa relação com o planeta e entre nós, neste planeta. Que diz sobre a igualdade, que questiona as polarizações”, afirma Camila Menezes, premiada oito vezes em festivais por composições criadas para a banda de indie pop, formada por musicistas em BH. Em 2020, o disco “Cartografia”, da Dolores 602, recebeu o título de Melhor Obra (pop/rock) “Prêmio da Música Popular Mineira”, da Rádio Inconfidência.

Do ponto de vista sonoro, “AzulAmarelo” se transforma por completo neste trabalho solo, com o arranjo inédito que traz para o centro da roda a viola em diálogo com a voz e as nuances da música eletrônica. Afinal, versatilidade é outra característica do trabalho de Camila Menezes, que transita não apenas entre instrumentos e etapas do fazer artístico, mas por gêneros e referências musicais. Outra prova disso é sua atuação como baixista da banda Tutu com Tacacá, que funde ritmos mineiros e do Norte, como o carimbó; ou como maestrina do Coral Casa de Auxílio e Fraternidade Olhos da Luz (Sabará/MG), que vai do tango ao folk, passando pelo fado português e pelas músicas regionais brasileiras.

A trilogia de singles evidencia ainda mais a fluidez musical da artista, que apresenta o resultado harmônico da fusão entre a tecnologia do eletrônico e a organicidade da viola, instrumento acústico considerado patrimônio cultural do Estado de Minas Gerais. “A viola representa um símbolo do interior do Brasil, que tem muito a ver com as minhas raízes. Ao mesmo tempo, as músicas vêm do meu interior, da minha forma íntima de ver o mundo, da minha relação com os meus pais e com quem me cerca”, conta Camila, que viveu sua infância e adolescência em Abaeté/MG. “Musicalmente, é interessante trazer essa mistura e mostrar que não existe campo fixo de trabalho para a viola ou para o eletrônico. São possibilidades que podem dialogar, chegando a resultados de expressão bem poéticos”.

A multiartista “toma bença” a seus pais para trilhar os novos caminhos que começam com o lançamento do EP, cuja terceira e última faixa, “Para-ti”, sai na terça-feira da próxima semana, 29. “‘Bença’ ocupa, em mim, um lugar específico, em que eu vou buscando essa coisa da raiz, com o que posso produzir em casa, com o meu computador. E é uma reverência ao que me permite estar aqui, hoje, fisicamente, neste lugar. A quem me emprestou os elementos da tabela periódica para formar este corpo. À minha mãe, que me gestou; e ao meu pai, que além de emprestar o material genético, me gestou na música”.


Sobre Camila Menezes

Camila Menezes é multi-instrumentista, compositora, arranjadora, maestrina e produtora musical. Artista atuante da efervescente cena musical de Belo Horizonte/MG, integra a banda de indie pop Dolores 602, com a qual conquistou, por suas composições, oito premiações em festivais. Versátil, também participa da banda Tutu com Tacacá, que funde ritmos mineiros e do Norte, como o carimbó. A mineira também toca baixo na banda da cantora Marina Machado e é, desde 2012, maestrina do Coral Casa de Auxílio e Fraternidade Olhos da Luz (Sabará/MG), que vai do tango ao folk, passando pelo fado e pelas músicas regionais brasileiras. Psicóloga de formação, mestra em Psicologia Social, também leciona Canto Coral na Associação Querubins e dá aulas particulares de violão, baixo e ukulele.

A gravação do EP ”Bença”, de Camila Menezes, é realizada com o apoio do Ministério do Turismo e do Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Lei Emergencial Aldir Blanc – conquistada com a luta e a articulação de quem acredita que a cultura é fundamental.

Camila Menezes lança “Louvação à (minha) mãe)” | EP “Bença”

Link para a faixa as plataformas digitais | tratore.ffm.to/louvacaoaminhamae

Escute também a faixa “AzulAmarelo” | tratore.ffm.to/azulamarelo

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Foto: Divulgação

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