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A música dos países nórdicos é o destaque nas expedições musicais Da filarmônica de minas gerais, em sua série fora de série

Músicos da Orquestra ocupam o centro do palco: Rodrigo de Oliveira (violino), Arthur Vieira Terto (violino), Gilberto Paganini (viola) e Lina Radovanovic (violoncelo) interpretam Nielsen. Completam o programa obras de Alfvén, Sibelius e Grieg

A música dos países nórdicos será apresentada pela Filarmônica de Minas Gerais no dia 29 de setembro, às 18h, na Sala Minas Gerais, em suas “Expedições Musicais”, dentro da série Fora de Série 2018, realizada em nove sábados ao longo do ano. A regência é do maestro Fabio Mechetti. Geograficamente próximos, os países nórdicos têm muitas diferenças culturais. Os músicos da Orquestra Rodrigo de Oliveira (violino), Arthur Vieira Terto (violino), Gilberto Paganini (viola) e Lina Radovanovic (violoncelo) interpretam o Quarteto de Cordas nº 3: Allegretto pastorale, de Nielsen. O concerto também terá obras de Alfvén, Rapsódia Sueca nº 1, op. 19; de Sibelius, Suíte Karelia, op. 11, e Finlândia, op. 26; e de Grieg, Danças Sinfônicas, op. 64. Os programas da série Fora de Série em 2018 sempre terão uma obra de câmara apresentada por músicos da Filarmônica.

Este ano, a série Fora de Série tem como tema Expedições Musicais. Os nove concertos exploram diferentes regiões e culturas por meio das variações formais que a música pode ter. As apresentações são iniciadas com obras camerísticas, e o repertório segue com peças de estruturas musicais maiores para grupos mais numerosos. Os temas dos concertos são: Itália, França, Rússia, Leste europeu, Estados Unidos, Países hispânicos, Países nórdicos, Alemanha e Brasil.

Este concerto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Aliança Energia por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

O repertório

“Expedições: Países Nórdicos"

Carl Nielsen (Dinamarca, 1865 – 1931): Quarteto de cordas nº 3, op. 14: Allegretto pastorale

Hugo Alfvén (Suécia, 1872 – 1960): Rapsódia Sueca nº 1, op. 19

Jean Sibelius (Finlândia, 1865 – 1957): Suíte Karelia, op. 11

Edvard Grieg (Noruega, 1843 – 1907): Danças Sinfônicas, op. 64

Jean Sibelius (Finlândia, 1865 – 1957): Finlândia, op. 26

A música de concerto produzida nos países nórdicos a partir da segunda metade do século XIX teve como principal força motriz o desejo de seus compositores de forjar uma linguagem nacional que se distinguisse do romantismo tardio alemão. Nesse sentido, algumas das sinfonias do compositor dinamarquês Carl Nielsen oferecem um contundente exemplo, tanto pela temática quanto pelas inovações formais e de linguagem. No entanto, foi através dos quartetos de cordas que Nielsen iniciou sua vida composicional. Como era também violinista, beneficiou-se da ajuda de amigos para testar, nessa formação, diferentes ideias musicais. O terceiro quarteto, talvez seu quarteto mais maduro, foi executado publicamente pela primeira vez pelo Quarteto Høeberg, na Odd Fellows Mansion, em Copenhagen, em 4 de outubro de 1901. Seu terceiro movimento, Allegretto pastorale, apresenta um melodioso violino que se destaca na liderança dos demais instrumentos do conjunto.

Quase toda a obra do compositor sueco Hugo Alfvén consiste em música programática. A Rapsódia Sueca, não sendo exceção, tem por subtítulo “Vigília de verão”, em referência tanto ao período do ano em que as noites são claras e curtas quanto às danças camponesas características dessa época. Baseada livremente em melodias folclóricas, a obra foi publicada em 1903 e é o resultado de ideias que se acumularam gradualmente durante os verões passados no arquipélago de Estocolmo, entre 1892 e 1895. De acordo com Alfvén, ela descreve a mente e a natureza suecas, pois “pinta a escuridão de nossa natureza e o temperamento melancólico dos suecos”.

O mais famoso compositor finlandês, Jean Sibelius, tinha por princípio criar uma música moldada pelo temperamento nacional finlandês e não apenas por referências folclóricas. É através da música incidental, em obras como aSuíte Karelia, que tal princípio manifesta-se inicialmente com mais força. Derivada de uma obra composta por encomenda da Associação dos Estudantes de Viipuri, em 1893, para acompanhar uma série de quadros dramáticos contando a história da região de Carélia, dividida entre Rússia e Finlândia, a Suíte tem três movimentos. O Intermezzo, originalmente criado a partir de temas variados da obra, é conhecido principalmente pela marcha encabeçada pelos metais. A Ballade, inspirada no quarto quadro, evoca os devaneios do rei sueco Karl Knutsson ao ser entretido por menestréis. Finalmente, a Alla marcia importa – do segundo intermezzo da obra original – a força e o vigor que encerram a suíte.

Nome mundialmente associado à música nacionalista, Edvard Grieg encontrou nas miniaturas e danças uma eficiente forma de reinvenção musical e expressão nacional. Nos moldes livres de uma fantasia, as Danças Sinfônicasforam compostas “a partir de temas noruegueses” reunidos, em sua maioria, pelo compositor Ludvig M. Lindeman (1812-1887). O primeiro movimento, Allegro moderato e marcato, é derivado do halling, dança popular norueguesa. O Allegretto grazioso também se inspira na mesma dança, explorando, porém, seus elementos mais líricos. O Allegro giocoso faz uso de uma melodia extraída de uma das danças primaveris da região de Åmot, na Noruega. Enfim, o último movimento, Andante – Allegro molto e risoluto, remete a uma canção de humor popular no estilo de Hans E. Kinck (1865-1926) e utiliza em sua segunda seção a melodia de uma tradicional canção de casamento.

Assim como a Suíte Karélia, Finlândia foi concebida como música incidental. A obra foi composta originalmente em 1899, como finale do acompanhamento musical de quadros históricos dramatizados num evento em apoio ao direito de liberdade de expressão, durante o período de dominação russa na Finlândia. Originalmente intitulada “Finlândia desperta”, foi revisada em 1900 e publicada em 1901 com o título Finlândia, tornando-se o hino da luta finlandesa pela independência e, posteriormente, um símbolo nacionalista. Estruturado em três momentos, o poema sinfônico evoca, segundo o musicólogo James Hepokoski, o subjugo político do povo finlandês, o conflituoso despertar da consciência política e, finalmente, o movimento nacionalista que, num alusivo hino patriótico, saúda a liberdade.

Foto:Alexandre Rezende

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