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Cine Humberto Mauro exibe a mostra BUÑUEL NO MÉXICO

Com 19 longas-metragens, filmes registram o período em que o diretor surrealista esteve exilado no México

O Cine Humberto Mauro apresenta a mostra Buñuel no México, que reúne 19 longas-metragens produzidos durante o exílio mexicano de um dos mais importantes cineastas da história, Luis Buñuel, entre 1946 e 1964. Os filmes vão do melodrama à comédia, do drama social às pitadas de surrealismo, e representam o grande encontro da cinematografia do diretor espanhol com a cultura latina no pós-guerra.

Tratando principalmente da miséria da condição humana e da crueza das relações, os filmes produzidos por Buñuel nesse período possuem caráter social. Segundo Bruno Hilário, Gerente do Cine Humberto Mauro, o surrealismo que marcou a carreira do diretor não é abandonado nas películas mexicanas. “Embora Buñuel tenha trabalhado no sistema de grandes estúdios mexicanos, sua obra nesse período é de grande personalidade e demonstra o domínio do diretor na linguagem cinematográfica clássica, com o investimento na construção de uma mise-en-scene impecável e na presença de um conteúdo onírico a dialogar com a realidade objetiva dos personagens em seu contexto social. É interessante analisar os momentos em que Buñuel trabalhou dentro das convenções as diversas formas que ele as ultrapassou”, comenta.

Pouco conhecida até mesmo entre os entusiastas do cinema, a fase mexicana de Buñuel foi o período de maior produção do diretor, chegando a lançar mais de um filme no mesmo ano. “Esse foi um momento de grande amadurecimento para Buñuel, pois seu trabalho, na época, foi marcado pelos modos precários da produção latino-americana, lidando com prazos curtos e recursos escassos. Isso obrigou o diretor a adaptar-se com velocidade e soluções simples”, explica Bruno.

Um dos destaques da mostra é considerada a primeira grande obra de Buñuel em terras mexicanas, Os Esquecidos (1950), premiado no Festival de Cannes em 1951, que acompanha um grupo de meninos delinquentes e os desdobramentos de um assassinato brutal cometido por um deles, abordando o esquecimento dos indivíduos pela família e pelo Estado. A Ilusão Viaja de Bonde (1954), outro destaque, é uma comédia social em que, depois de descobrir que a linha em que trabalham será aposentada, os condutores de um bonde na Cidade do México roubam o veículo e transportam pessoas gratuitamente por uma última noite. Já o drama Nazarin (1959) narra as desventuras de um padre idealista que abriga uma prostituta e parte numa jornada de caridade, mas seus atos não possuem os efeitos que gostaria. Em O Anjo Exterminador (1962), membros da alta sociedade ficam inexplicavelmente presos na sala de jantar depois da refeição, e, com o passar do tempo, as convenções sociais caem, sem derrubar as barreiras imaginárias.

Fazem parte da mostra, também, Susana – mulher diabólica (1951), em que o diretor usa do erotismo para revelar as hipocrisias da sociedade, Escravos do Rancor(1954), adaptação de O Morro dos Ventos Uivantes, romance de Emily Brontë e O Rio e a Morte (1955) que retrata o machismo e a crueldade dos homens de uma pequena cidade interiorana, além dos longas Gran Casino (1947), O Grande Pândego (1949), A filha do engano (1951), Subida ao Céu (1952), Mulher sem Amor(1952), O Bruto (1953), O Alucinado (1953), Robinson Crusoé (1954), Ensaio de Um Crime (1955), Os Ambiciosos (1959), A Adolescente (1960) e Simão do Deserto(1965).

Exílio de uma personalidade – Buñuel foi uma das figuras mais marcantes e polêmicas da história do cinema, desenvolvendo sua carreira principalmente na França, para onde se mudou em 1925. Quando adolescente, em Madrid, conheceu Salvador Dalí e aprofundou seus estudos em dadaísmo e surrealismo, chegando a colaborar com o pintor em seu primeiro filme, Um Cão Andaluz (1929). Com o decurso da Guerra Civil Espanhola, Buñuel se exilou em Paris, na França, para mais tarde mudar-se para os Estados Unidos, onde trabalhou como conselheiro e chefe de montagem para o Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque. No entanto, após a publicação da biografia de Salvador Dalí, parte para o México. Dalí expusera as simpatias comunistas de Buñuel, o que resultou num escândalo na carreira do diretor. No México, foi muito querido e admirado, chegando a fixar residência e declarar-se cidadão mexicano. Foi também na Cidade do México onde morreu, aos 83 anos.

Foto: Divulgação

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