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Degustação Lamas, o whisky oficial CASACOR

Tradição familiar se transforma em empreendimento promissor, e produção de whisky com técnicas inovadoras evidencia negócio

Pesquisar incansavelmente por dias e dias um elemento que vai trazer a perfeição; seguir em busca de sabores marcantes e profundos, capazes de transportar quem degusta para outro lugar. Parece poesia, mas é parte do manifesto da Lamas Destilaria, uma empresa genuinamente mineira carregada de tradição familiar.

Há cerca de dois anos vivendo a metamorfose que colocou a paixão dos irmãos Lamas nas prateleiras de estabelecimentos comerciais Brasil afora, o negócio traz em sua essência uma intensa relação que vai muito além das razões comerciais.

“Meu pai e meus tios começaram a produzir whisky de maneira muito instintiva, norteados, claro, pelas técnicas básicas de produção e, acima de tudo, pelo amor que compartilham pela bebida. Naquela época, não havia nenhum interesse comercial por traz da atividade, era apenas um hobby”, conta Luciana Lamas, sócia e responsável pelo marketing da destilaria.

Apesar de manterem a produção restrita ao consumo de amigos e familiares por mais de dez anos, o interesse pela evolução do processo abriu caminho para a profissionalização do negócio, que foi ganhando forma com o aprimoramento de receitas, técnicas, equipamentos, e incansáveis horas de estudo sobre destilaria.

“O perfeccionismo é, certamente, um traço da família que foi levado para a produção das nossas bebidas. O resultado é observado na transformação de um produto incialmente amador, em um whisky de categoria Premium, com identidade singular, rara”, conta a porta-voz, que além de filha de um dos irmãos precursores, é a única da segunda geração a participar ativamente do negócio.

O desenrolar natural dessa história destituiu dos mais íntimos, em 2019, o posto de consumidores exclusivos das bebidas produzidas pela família Lamas. Além de ocupar bares, lojas especializadas e supermercados de diferentes estados brasileiros com produtos que variam de R$ 78 a R$ 250, a marca ainda carimbou seu passaporte e, com menos de um ano no mercado, surpreendeu um público pra lá de exigente e acostumado a experimentar bons whiskies. “O single malt Nimbus, que é o carro-chefe da destilaria, é o produto mais premiado da casa. Em 2020 ele conquistou medalha de bronze na London Spirits Competition e a prata no Bartender Spirits Awards. Levou mais um bronze na New York International Spirits Competition 2021 e uma avaliação surpreendente na Jim Murray's Whisky Bible 2021, alcançando 93 pontos”, pontuou Luciana orgulhosa.

E como diz o ditado popular “quem sai aos seus não degenera”, o Nimbus faz as honras da casa ao reunir em sua essência características que definem também o DNA da destilaria. “Ousar e inovar é quase um mantra aqui na Lamas, e o Nimbus resume muito bem isso. Seu aroma de fumaça é resultado de um processo de defumação que utiliza madeira de eucalipto de reflorestamento. Para isso, a destilaria umedece o malte para, em seguida, secá-lo num aparato especialmente projetado para esse trabalho. A madeira, quando queimada, libera compostos que tornam o malte enfumaçado, adicionando um sabor mais picante, herbal e amadeirado, e menos medicinal à bebida”, explica.

Maturado por quase seis anos em barris de carvalho americano, antes preenchidos com Bourbon, o Nimbus alcança compostos de envelhecimento que superam até mesmo os mais tradicionais whiskies escoceses com selo de 12 anos.

“Essa afirmação é baseada em análises técnicas realizadas em laboratório especializado. No Brasil, o processo de maturação é acelerado por suas condições climáticas de dias quentes e noites frias, o que potencializa o processo”, revela a especialista.

Além do xodó Nimbus, a Lamas produz outros três rótulos de whisky, sendo mais dois single malt, o Verus e o Plenus, e um blended, o famoso “cão engarrafado” Canem. “O Plenus é nosso single malt de entrada e mais tradicional, produzido em barris de carvalho americano. O Verus, que no início deste mês ganhou medalha de ouro na edição 2021 do The Spirits Business World Whisky Masters, é um single malt rico em complexidade pela sua maturação em múltiplos barris, ou seja, inicia seu processo em barris de carvalho americano ex-bourbon, e é finalizado em barris de carvalho europeu ex-vinho licoroso estilo Porto. Já o Canem é nosso único blended, feito com 3⁄4 de grain whisky e 1⁄4 de malt whisky.

Seu nome faz alusão ao poema de Vinícius de Morais, que definiu o whisky como o melhor amigo do homem”, detalha Luciana. Aos que discordam de Vinícius, a destilaria oferece diversas outras opções de “bons amigos” através de um portfólio variado e que replica em todas as suas produções o mesmo processo de qualidade que elevou os whiskies da marca a outro patamar. “Atualmente produzimos gin, rum, vodka, cachaça e cerveja, mas estamos sempre em busca de novidades e nosso objetivo é expandir ainda mais essa oferta”, promete. Fruto de um processo artesanal com rigoroso cuidado e atenção em cada detalhe, as bebidas da Lamas buscam manter sempre vivo o perfil arrojado da marca, implementando técnicas e ingredientes que surpreendem a cada trago: “Essa busca pelo inusitado traz sempre alguma novidade que resulta em sabores intensos e sofisticados à cada receita”, define.

 

Mineiridade artesanal

Localizada em Matozinhos, região metropolitana de Belo Horizonte, a Lamas Destilaria estampa nos rótulos de seus whiskies o orgulho de ser mineira, reforçando sua forte relação com o estado e as raízes que entrelaçam o negócio e a família. “Na Escócia, os produtores de whisky tradicionalmente exibem nos rótulos dos produtos a região do país onde aquele destilado foi feito e, seguindo esse mesmo costume, usamos a expressão ‘originalmente mineiro’ com muito orgulho”, envaidece-se.

Reconhecido por suas riquezas, Minas Gerais reúne em seu território sabores de deixar qualquer visitante extasiado. Seja por seus ingredientes nativos, ou pelos processos artesanais que tornam única a experiência de prová-los; a verdade é que comendo ou bebendo, representar o estado exige identificação. “Nossa terra tem como marca a qualidade e a tradição, com destaque para a produção de bebidas, comidas, cultura e artesanato. Essa raiz da qualidade, do valor da produção artesanal, da busca pela perfeição, é algo que vimos desde cedo na nossa família”, conta. E como bons mineiros, a cachaça não poderia ficar de fora do portfólio da Lamas. Fazendo referência à bandeira do estado, a coleção Libertas oferece quatro variações que se diferem, entre outros fatores, pelo processo de envelhecimento realizado em barris de carvalho americano, bálsamo, amburana e jequitibá-rosa.

Buscando sempre incorporar os processos artesanais, a empresária revela que o grande diferencial dos produtos da marca está ligado a um processo sensorial de difícil alcance em produções de larga escala. “Cada lote tem sua peculiaridade, mas, por exemplo, se o corte da ‘cauda’ deve começar quando o destilado atinge 65 ABV, unidade que aponta a graduação alcoólica da bebida, a partir de 67 ele começa a ser avaliado sensorialmente. Se naquele lote começar a surgir compostos desagradáveis, o corte é feito antes de atingir os 65 ABV. Da mesma forma, se ao atingir 65 ABV ele ainda apresentar um perfil sensorial agradável, o corte não é feito, podendo chegar a 64 ou até 63. Por ser uma produção pequena, este ajuste fino pode ser feito pelo operador, de forma a termos um ‘coração’ mais equilibrado e homogêneo. Da mesma forma, acompanhamos e monitoramos a evolução da bebida durante o processo de maturação, então valorizamos muito esse aspecto artesanal da nossa produção”, explica.

Outro fator que contribui para o sucesso dos destilados é visto na estrutura física da destilaria, minuciosamente planejada para alcançar o mais alto padrão de qualidade. Ao custo de R$ 10 milhões, e com capacidade de produção de até 30 mil litros de bebida por mês, a composição conta com destiladores projetados por um especialista da indústria do whisky. “Tudo foi feito seguindo um rigoroso padrão que viabilizasse nossa produção dentro daquilo que queríamos, da qualidade que desejávamos alcançar, sobretudo porque a produção de whisky, seguindo a tradição escocesa, é bastante peculiar por aqui”, compara Luciana.

Embora a Escócia seja referência na produção de whiskies de qualidade, quando o assunto são as madeiras que envelhecem a bebida, a força mais marcante da Lamas se volta aos americanos. “Temos aproximadamente mil barris com a predominância do carvalho americano, seguido do carvalho europeu e outros de madeira brasileira, como o bálsamo, amburana e jequitibá-rosa”, enumera. Com duas variações de tamanho, os barris de 200 litros, conhecidos como barrel, e os de 50 litros, chamados de quarter, são utilizados tanto no processo de envelhecimento quanto na finalização, conferindo aspectos únicos às edições produzidas pela destilaria.

E por falar em edições, além dos rótulos constantemente produzidos pela Lamas, novas versões em caráter excepcional e com quantidade limitada ocasionalmente surgem para o mercado. Foi esse o caso do recém-premiado Caburé, uma edição especial que, antes mesmo de ser comercializado, arrebatou mais uma medalha de ouro para a Lamas no The Spirits Business World Whisky Masters 2021, que teve resultado divulgado no início deste mês. “Ainda não iniciamos a comercialização do Caburé, mas ficamos felizes com sua chegada ao mercado chancelada por uma premiação internacional tão importante”, comemora Luciana. Feito em parceria com o youtuber Tierri Gabriel, um influenciador especialista em whiskies de diversos produtores do mundo, o Caburé é um single malt triple wood, ou seja, ele passa por três barris de madeiras diferentes sendo sua maturação em barril de carvalho americano, e a finalização em carvalho europeu e bálsamo, sendo este último um barril virgem. “Ele é um whisky que se destaca inicialmente pelas notas amadeiradas nobres do barril de bálsamo que remetem a cedro e mogno. Na sequência, o barril de carvalho americano nos brinda com sensorial de coco queimado e dulçor de caramelo e baunilha. O carvalho europeu, com seu frutado e picância insinuantes, o torna intrigante. Um whisky de caráter bem definido com finalização longa, residual rico, herbáceo e levemente defumado”, avalia Tierri.

Em outra parceria com o influenciador, a Lamas despertou a curiosidade de produtores europeus, que procuraram os profissionais da destilaria em busca de conhecimento. “A edição limitada do Magnus, um single malt defumado que utiliza o mesmo processo do Nimbus, foi maturada em carvalho americano ex-Bourbon e finalizada em barril de amburana, com um ABV superior, de 46,6. Ele esgotou em menos de três semanas e até hoje recebemos procura”, revela a sócia à frente da destilaria. De acordo com Luciana, o produto encontrou certa resistência por parte dos apreciadores mais conservadores, já que pela legislação escocesa, o whisky só pode passar por barris de carvalho. Entretanto, no Brasil a determinação sobre a maturação do whisky não impede sua finalização em outros tipos de madeira. “Difícil agradar a todos, mas o sucesso nas vendas e o interesse de empresários europeus que nos contataram demonstrando curiosidade no nosso processo mostram que nosso toque de ousadia surtiu efeito”, comemora.

 

O futuro sem pandemia

Inaugurada meses antes do início da pandemia, a Lamas viveu grande parte de sua curta trajetória impactada pelos contratempos econômicos causados pelo isolamento social. Por conta disso, alguns planos tiveram de ser adiados e, com a gradativa retomada à normalidade, Luciana revela que nos bastidores da empresa eles estão a todo vapor. “Estamos cheios de planos e, em breve, vamos colocá-los em prática. Nosso e-commerce integrado está previsto para ser lançado em meados de agosto e contará com todo nosso portfólio à disposição, incluindo as versões miniaturas dos destilados e kits de barris do projeto ‘Um barril para chamar de seu’ disponível em todo o território nacional”, adianta.

A campanha citada por Luciana é mais uma boa-nova da destilaria, que vai permitir ao cliente o acompanhamento gradativo da evolução do whisky durante sua maturação, desfrutando de todos os momentos que envolvem a transformação da bebida, à medida que ela interage com a madeira. “Faremos a retirada de dois dos nossos maltes dos barris de 200 litros, com tempo de maturação de 2 anos, ou seja, um terço do tempo total dos whiskies comercializados. Essas versões mais jovens já são consideradas um whisky, porém, precisam evoluir para ganharem complexidade. Desta forma, o comprador do kit poderá acompanhar e controlar todo este processo para criar sua melhor versão”, explica. De acordo com Luciana, as opções de aquisição do projeto compreendem barris de 3, 5, 10 e 20 litros, que variam entre R$ 515 e R$ 1.390. “Importante lembrar que, em barris menores como estes, a área de superfície em relação ao volume do líquido é bem maior do que nos barris maiores, fazendo com que a interação entre whisky e madeira ocorra de forma cineticamente favorecida, encurtando o tempo necessário para sua maturação”, esclarece.

Com um cenário menos nebuloso à vista, Luciana vislumbra o crescimento da marca e a presença das bebidas da família nas melhores celebrações, claro, quando a pandemia permitir. “Esperamos que, quando tudo isso passar, possamos expandir nosso negócio com novos acordos comerciais, participação em eventos, inclusão dos nossos produtos em marketplaces variados, entre outras medidas para o crescimento da marca. Estamos em vias de negociação para iniciar a exportação dos nossos produtos para o mercado europeu, prevemos também a criação de clubes de relacionamento para clientes Pessoa Física e Jurídica, além de vários novos lançamentos”, planeja. Segundo ela, existe ainda a possibilidade de trazer a destilaria para uma região mais próxima da capital e desenvolver, no mesmo espaço, uma loja conceito com experiências exclusivas aos frequentadores. “Embora estejamos orgulhosos do reconhecimento alcançado em tão pouco tempo, sabemos que a marca ainda tem muito a crescer e não pretendemos parar por aqui”, encerra Luciana.

Definitivamente, a procura incansável pelas notas de sabor permanece.

E é na valorização dos processos artesanais que a Lamas Destilaria encontra seu verdadeiro sentido: honrando as tradições mineiras, a família garante muito mais que rótulos premiados, carregando cada garrafa com boas memórias.

 

SERVIÇO

Lamas Destilaria

https://www.instagram.com/casa.lamas/

Loja virtual: https://bagy.app/lamasdestilaria;

Catálogo de produtos:

https://drive.google.com/file/d/1OQWMScWurWIAhhHIfEjnBdpWbyNnhArN/view;

 

Foto: Victor Schwaner

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