Notícias

(ESTREIA) "Errantes": espetáculo propõe novas experiências com o público no digital | 7 OUT. a 15 NOV.

O trabalho convida o espectador a uma temporada virtual de 40 dias que aproxima o personagem bíblico da realidade atual e explora seu potencial político e poético, levantando temas que continuam presentes na história humana, e outos

Um momento de convívio entre atuantes e público para comer, beber e compartilhar a vida, memórias, sonhos e receitas. Experiência que poderia acontecer no teatro, mas com os novos tempos, será numa sala de zoom, via transmissão no YouTube. “Queremos ‘jogar conversa dentro’, cear é um pretexto para estar juntos“, explica a diretora Rafaela Kênia sobre “Ceia”, um dos episódios de “Errantes” do Grupo Teatro Público, que no dia 8 de outubro, quinta-feira, às 20h, inaugura o primeiro encontro virtual dos artistas com o público. A dramaturgia é de Raysner de Paula e, a orientação de pesquisa, de Nina Caetano e Julia Guimarães. Os episódios são lançados periodicamente, ao longo da temporada, que segue em cartaz por 40 dias, até 15 de novembro, no site www.errantes.net.

O espetáculo “Errantes” lança mão das noções conviviais e relacionais da história de Jesus Cristo para propor encontro, presença, memória, afetos e partilha, por meio das plataformas digitais, e, em contraponto, propõe um distanciamento do que representa essa figura de Cristo no imaginário da maior parte do Ocidente. Para assistir à “Ceia” e a todos os episódios da temporada, basta o espectador acessar o site errantes.net. Já para estar presente na sala virtual e interagir em tempo real nas performances, a inscrições é pelo sympla, até 7 de outubro, quarta. As vagas são limitadas, apenas 18 espectadores por dia.

A temporada de “Errantes” é dividida em 9 episódios. “Como estamos vivendo esse excesso no mundo digital, a ideia é que o espectador tenha espaços de respiro entre um episódio e outro. Assim também como são narrados os passos de Cristo, ou ainda, os atos de uma peça”, explica a diretora e integrante do grupo Rafaela Kênia. O primeiro episódio - “Prólogo” -, um vídeo documental (produzido pela NAUM), será publicado, às 18h, no dia 7/10 (quarta). Como o próprio nome diz, “Prólogo” é uma preparação para o público embarcar na jornada. O episódio relata o processo de criação do trabalho, durante o isolamento. “Passamos por uma espécie de Calvário, tendo que descobrir como criar na adversidade. A impossibilidade de não estarmos com as pessoas em geral e com o público, é uma cruz que pesa nesse momento de pandemia para o artista. Nas errâncias e quedas, a gente foi descobrindo outros significados”, completa.

Depois dos episódios “Prólogo” (I) e “Ceia” (II), o público tem acesso a “Quedas” (III) – vídeos caseiros que mostram a inquietação e percalços vividos pelos ator Marcelo Alessio no processo de criação, em confinamento; Em “Julgamento” (IV), uma videoconferência transmitida, ao vivo, leva os espectadores a um tribunal com o personagem Judas Iscariotes, que pede a revisão da acusação como “discípulo traidor”; Em “Mães” (V), a atriz Pipe Montesano compartilha, ao vivo e exclusivamente para um público de mães, a história de Jéssica: travesti residente em São Paulo, cuja vida se aproxima, em alguns momentos, da trajetória de Jesus e da própria atriz.

No episódio “Faces” (VI), o ator Diego Poça atrita a sua corporeidade de homem negro com a imagem amplamente difundida de um Jesus branco-europeu. Nesta proposta, o grupo realiza uma projeção, ao vivo, no bairro Nazaré (BH), em formato de videoinstalação a céu aberto. “Foi uma solução encontrada para a pandemia, além de ser uma ação muito próxima da tradição do grupo, de dialogar com espaços públicos e seus moradores, explica a atriz Luciana Araújo.

“Morte” (VII), com orientação sonora de Tatá Santana, propõe um programa da Rádio Boa Nova no formato de podcast, apresentado nas vozes das atrizes e dos atores. No programa do dia, a transmissão será conduzida somente por Madá (Madalena), porque JC foi morto no beco do Calvário. “Recomeço” (VIII) é um ato performativo de uma mulher (símbolo da fertilidade) que espalha sementes no asfalto, durante o trajeto a pé do bairro Paraíso (morte) ao bairro Nazaré (origem de Cristo). A performance é protagonizada por Luciana Araújo e será transmitida ao vivo.

Com “Epílogo” (IX), encerra a jornada virtual de “Errantes”. O episódio é um vídeo gravado coletivamente e realizado por cada artista em sua “janela” virtual do Zoom. O que fica dessa história de Jesus Cristo? Qual passagem toca cada atuante? Essas são as perguntas que norteiam “Epílogo”, composto por instalações imagéticas que mesclam vida, paixão, morte e memórias. Após o lançamento deste último episódio, todo o trabalho permanece disponível ao público, podendo ser visitado e revisitado até que se completem os 40 dias da temporada.

Segundo Luciana Araújo, que também assina a coordenação de produção, o percurso de “Errantes” teria sido outro. “No projeto original a proposta “era mapear bairros de Belo Horizonte que tivessem nomes relacionados a episódios da vida de Cristo como Canaã, Nazaré, Sagrada Família, Paraíso, Sion e Vila das Oliveiras”. O processo de criação começou no final de 2019. “Fizemos algumas práticas de incursão pelos bairros até chegar numa possível proposta de errância”, relata.

O intinerário seria feito a pé e ligaria o bairro Nazaré ao Paraíso, passando pelo Sagrada Família, mas “em março, fomos surpreendidos pela pandemia e obrigados a ficar em casa”, recorda a diretora Rafaela Kênia. Para ela, além do desafio de não poder conviver durante o trabalho com os moradores e transeuntes dos bairros, “curiosamente, no instante em que nós, pela primeira vez, decidimos fazer algo mais performativo, sem a utilização das máscaras, foi o momento em que todos se viram obrigados a usá-las”, explica.

O Projeto Errantes - Teatro Público, nº 1010/2017, aprovado no Edital 2017-2018 oriundo da Política de Fomento à Cultura Municipal (Lei nº 11.010/2016), tem patrocínio da MGS - Minas Gerais Administração e Serviços S.A.

GRUPO TEATRO PÚBLICO

O Teatro Público nasceu em 2011, em função da habitação teatral “Naquele Bairro Encantado” realizada no bairro Lagoinha. Desde então, o grupo experimenta novas formas de relação com o espaço urbano e o espectador, investigando o potencial da ficção no cotidiano da cidade por meio do trabalho com a máscara, da habitação teatral, da ocupação de espaços não convencionais e da intervenção urbana. Formado atualmente pelos artistas Diego Poça, Luciana Araújo, Marcelo Alessio, Rafael Bottaro e Rafaela Kênia, o grupo já levou teatro a diferentes regiões da cidade, do estado e do país, além de ter se apresentado internacionalmente e de ter seu trabalho reconhecido na área acadêmica. Hoje, o grupo possui em seu repertório também os espetáculos Saudade (2014), O Baile (2017), Café Encantado (2018) e estreia em outubro a nova criação, Errantes (2020), em formato digital.

FICHA TÉCNICA

Direção: Rafaela Kênia

Atuação: Diego Poça, Luciana Araújo, Marcelo Alessio, Rafael Bottaro, Rafaela Kênia e Pipe Montesano

Dramaturgia: Raysner de Paula

Orientação de Pesquisa: Nina Caetano, Julia Guimarães e Larissa Alberti

Visualidade: Luiz Dias e Helaine Freitas (Figurino), Jordana Ferreira (Cenografia) e Rafael Bottaro (Mascaramento)

Composição Musical e Orientação Sonora: Tatá Santana

Coordenação de Produção: Luciana Araújo

Produção: Charles Valadares (Produtor da temporada) e Akner Gustavson (Operador de Videoconferência)

Produção Audiovisual: Naum Produtora

Fotografia: Pedro Carvalho

Design Gráfico: Felipe Chimicatti

Gestão do Projeto e Prestação de Contas: Pipe Montesano

Planejamento de Comunicação: Rizoma Comunicação Integrada e Arte

Assessoria de Imprensa: Beatriz França

Gestão de Redes Sociais: Letícia Leiva

Realização: Teatro Público

Foto: Pedro Carvalho

Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.