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A bola da vez: veículos seminovos e usados mantêm curva crescente de vendas no Brasil

Lacunas na produção de carros zero quilômetro impulsionam o setor, que registra números históricos

As dificuldades vivenciadas nas cadeias de produção de carros zero quilômetro, que por uma série de motivos vêm se agravando do início da pandemia até aqui, têm reflexo imediato no aquecimento do mercado de seminovos e usados, que mais uma vez encontra um balanço de vendas positivo no fechamento do ciclo de setembro no país.

São números históricos, e os motivos são muitos. Entre eles, a crise dos semicondutores, importantes componentes eletrônicos para a produção de veículos novos, que estão em falta nas linhas de montagem, além da paralisação ou suspensão parcial no trabalho de grandes fábricas no Brasil.

Entre medidas como férias coletivas, antecipação de feriados e folgas, programas de demissão voluntária, redução de jornada e salários e agora o lay-off - suspensão de contratos de trabalho de fato - só em agosto foram 11 empresas nessa situação por aqui, incluindo gigantes como Fiat, Renault e Volkswagen. Como justificativa, as montadoras citam os impactos provocados pela COVID-19 na fabricação de componentes eletrônicos e a falta de perspectiva de melhora do cenário global, consequências da crise sanitária sobre a economia. O setor emprega 103 mil funcionários no país.

Aliás, falta de peças e componentes (mais do que a dificuldade de encontrar os chips, a alta de preços observados também em insumos como aço, borracha e derivados de petróleo em geral), aumento de custos, dólar e inflação em elevação, são a receita perfeita para a escalada de preços dos carros novos. Tudo o que contribui para a escassez nesse nicho do mercado. Quando encontrados, os veículos são entregues em prazos, de tão demorados, nunca vistos. A fila de espera chega a um ano em alguns casos, conforme modelo e marca.

"Enquanto o mercado dos novos passa por tantas turbulências, o segmento de usados está em ebulição. O resultado de 2021 deve ser o melhor de toda a série histórica", diz o diretor comercial da AutoMAIA Veículos, revenda de seminovos referência em Belo Horizonte, Flávio Maia.

Nos oito primeiros meses do ano, foram comercializados 7,6 milhões de veículos usados no Brasil, incremento de 49% no paralelo com o intervalo correspondente em 2020, quando foram registrados 5,1 milhões de veículos vendidos. "Neste ano, já chegamos ao recorde. São quase 9 milhões de unidades", acrescenta o empresário.

Com isso, lembrando os fundamentos de demanda e oferta, os preços dos usados também estão valorizados - até o momento, em números na casa entre 15% e 25%, algumas vezes até acima da tabela de referência. "Os seminovos e usados estão valorizados em um nível como nunca estiveram. É a hora de vender. Para quem tem um carro e não usa tanto, esse é um momento oportuno", sugere Flávio Maia.

BALANÇO

Segundo a Federação Nacional das Associações de Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), entidade que representa o setor de lojistas de veículos multimarcas no Brasil, o resultado acumulado nas vendas de carros usados, durante o mês de setembro, manteve-se em alta. O total nos nove meses deste ano já é 38,6% superior ao mesmo período de 2020, alcançando a marca de 11.571.209 veículos comercializados.

"Os serviços que aos poucos vão sendo normalizados, as atividades em geral em um processo de retomada, muito relacionado à vacinação contra o coronavírus, contribuem nesse cenário. O consumidor apresenta um comportamento que vem se transformando, e está mais confiante na escolha por seminovos e usados, que agora oferecem inúmeras vantagens sobre os novos", complementa Flávio Maia.

Em comparação com o mês anterior, os índices de setembro ficaram negativos em 6,9%, com um total de 1.340.277 de unidades comercializadas, contra 1.438.855 em agosto. Nada fora da curva. A queda pode ser atribuída ao feriado prolongado de 7 de setembro e às incertezas causadas pelas manifestações políticas programadas nesse período, que já foram superadas.

Outro fator que impulsiona a procura pelos seminovos é a dificuldade de locação, ao lado da piora dos serviços de mobilidade por aplicativos, sendo que as pessoas continuam precisando se locomover. E, com a pandemia, o transporte coletivo não é tão seguro assim quanto às questões sanitárias inerentes à crise com o coronavírus, mesmo com os avanços na imunização da população.

"A perspectiva é que o setor de usados e seminovos siga em crescimento daqui para frente, pelo menos até que as lacunas na produção dos veículos novos sejam resolvidas. Por enquanto, estoques estão vazios e isso não é exclusividade do Brasil. Está acontecendo no mundo inteiro", avalia Flávio Maia.

Foto: Divulgação

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