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Pintura, fotografia e instalação dialogam na exposição “Arqueologia Trivial”

Arqueólogos urbanos, José Lara e Pedro Ângelo percorrem trajetos cotidianos e coletam objetos abandonados pelo espaço, registrando-os em arte

José Lara e Pedro Ângelo inscreveram propostas de exposições individuais para ocupar a Galeria de Arte BDMG Cultural, por meio do edital Mostras BDMG. Porém, com a proximidade dos trabalhos, a comissão julgadora decidiu unir as criações e propor uma nova ideia. Desafio aceito. Os artistas então somaram as suas pinturas, fotografias e instalações, que poderão ser vistas na exposição Arqueologia Trivial, de 28 de outubro a 3 de dezembro, diariamente, de 10h às 18h. Horário estendido às quintas-feiras, de 10h às 21h. O acesso é gratuito. A abertura da mostra será realizada no dia 27 de outubro, às 19h.

Os principais pontos de encontro entre as obras surgem do exercício de percorrer o espaço, identificar e coletar os indícios. “O interesse pelo trajeto e pelas possibilidades que ele oferece é algo que nos instiga”, conta Pedro Ângelo. O artista ainda explica que um dos papéis do registro em fotografia ou pintura é estabelecer, por meio do recorte, a permanência de um contexto no qual determinado objeto foi encontrado. “É como o ofício de um arqueólogo, que assim que identifica um sítio arqueológico, registra-o cuidadosamente”, afirma.

Carioca de nascimento, mineiro de coração. Pedro é jornalista e especialista em artes plásticas e contemporaneidade pela Escola Guignard. No trabalho que será exposto na Galeria de Arte BDMG Cultural, ele documenta objetos à beira da obsolescência, ou sem funcionalidade, e desloca parte deles para o espaço expositivo, no qual apresentará fotografias e objetos. “O registro fotográfico mostra os objetos em um momento intermediário, em uma espécie de limbo. Eles não foram completamente dizimados, mas não se encontram em seus lugares habituais. É um projeto que se criou a partir da natureza da cidade, da sua dinâmica. Eu entendo a cidade como algo vivo, complexo, que respira e está em contínuo processo de criação”, finaliza.

Natural de Itaúna, José Lara vive e trabalha em Belo Horizonte. É professor substituto do departamento de Artes Plásticas da Escolas de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestrando do programa de pós-graduação em artes da mesma instituição. Para ele, o nome da exposição fala por si só. “Arqueologia vem de identificar e coletar indícios. E trivial é o que encontramos no cotidiano.” O artista propõe um recorte da produção artística que desenvolve desde 2015, período em que direcionou a sua pesquisa para o processo de transformação do ambiente na região do Quadrilátero Ferrífero mineiro, desencadeado pela exploração do minério de ferro. “Me aprofundei nesta questão. Percorri áreas de mineração em municípios como Nova Lima, Ouro Preto, Mariana e Catas Altas, buscando experiências e materiais que alimentassem meu trabalho”, conta.

A partir de registros arquivados em fotografias e em sua memória, José criou na série de pinturas imagens alusivas a paisagens reviradas e despedaçadas, induzindo o espectador a uma imersão introspectiva na superfície pictórica. “O exercício experimental de pintura continua em sistematização, alcançando a tridimensionalidade: uma centena de fragmentos minerais, coletada durante as expedições, adquire uma nova pele de tinta metálica, em diálogo com os quadros”, completa.

Conheça mais sobre os artistas

- José Lara

José Lara participa de diversas mostras individuais e já apresentou três delas em Belo Horizonte, na Galeria de Arte da Cemig, no Museu de Arte Inimá de Paula e Galeria de Arte da Copasa.

- Pedro Ângelo

O artista participou da quarta edição da Deriva, com curadoria do professor Marcos Hill, no Centro Cultural UFMG e da ocupação Cemitério Peixe: morte e magia nas artes visuais, em Conceição do Mato Dentro. Desenvolve trabalhos ligados à literatura e foi consagrado com o 2º Prêmio de Literatura da Universidade Fumec, em 2011, com o conto “Rito da Rosa”. Em 2015, Pedro foi selecionado para o Prêmio Sesc de Contos Machado de Assis.

Conheça o BDMG Cultural

O BDMG Cultural é um instituto que há 29 anos realiza ações na área da música, das artes visuais, do audiovisual e das artes cênicas. Braço cultural do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, a instituição acredita que a cultura faz parte do desenvolvimento e está diretamente ligada a qualidade de vida. Suas ações culturais abrem espaço para jovens, novos e consagrados artistas. A galeria de arte promove exposições abertas à visitação diariamente, de 10h às 18h, inclusive aos finais de semana e feriados. A instituição faz parte do Circuito Liberdade, corredor cultural localizado em uma histórica área da capital mineira e composto por 16 equipamentos, entre museus e centros culturais.

Foto: Divulgação

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