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Espetáculo Marilyn Monroe.doc revela a mulher por trás do mito hollywoodiano

Com cinco indicações ao 2º Prêmio COPASA/SINPARC 2015, montagem tem formado diferenciado e discute a imposição de padrões estéticos às mulheres

O espetáculo Marilyn Monroe.doc, do Grupo Dois Palitos, chega à segunda temporada de apresentações em 2016, agora realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.. Desta vez, a peça traz uma identidade visual completamente nova, inspirada no último ensaio profissional de Marilyn Monroe, feito pelo fotógrafo Bert Stern, e que ficou conhecido como The Last Sitting ou A Última Sessão. Muitos dos registros foram reprovados pela atriz, mas isso não impediu que as fotografias se tornassem históricas e reforçassem, ainda mais, a imagem do mito hollywoodiano que completou 90 anos de nascimento em 1º de junho deste ano.

 

Com dramaturgia e encenação de Juarez Guimarães, Thaís Coimbra no papel de Marilyn e Ítalo Mendes interpretando as diferentes pessoas que passaram pela vida da atriz, a peça em formato de Teatro Documentário, apresenta vários recursos imagéticos e bibliográficos, para narrar a trajetória de Norma Jeane Mortenson, uma jovem do interior dos Estados Unidos, gaga e desengonçada, que se transforma em uma das figuras mais cultuadas do século XX. Entre referências bibliográficas e teorias sobre os amores na vida de Marilyn, o espetáculo também discute a imposição de padrões estéticos às mulheres pela cultura de massas e pela mídia.

 

A negação de um mito – Em 1962, o renomado fotógrafo de moda e de publicidade Bert Stern se reuniu com Marilyn Monroe na suíte de um luxuoso hotel de Los Angeles para acertar detalhes sobre um novo ensaio. Em três sessões, foram tiradas mais de duas mil fotografias, revelando uma Marilyn sensual, despida, com pouca maquiagem e completamente entregue às lentes de Stern. Muitas das fotos de Bert Stern estão marcadas com um X feito de caneta vermelha. Essas marcas são da própria atriz, que assinalou os negativos das fotografias que ela rejeitou.

 

Seis semanas após esse ensaio, Marilyn faleceria. As imagens, embora mutiladas pela atriz, passaram a circular pelo mundo, reafirmando que o sex symbolpermaneceria intacto na memória de todos. É a partir desse viés de construção e desconstrução de um mito do cinema que Marilyn Monroe.doc volta aos palcos de Belo Horizonte para contar a história por trás da mulher que se dividia entre o glamour das celebridades e as dores e angústias de uma pessoa que sofria de depressão e lutava contra o vício.

 

Teatro Documentário – A peça traz elementos de pesquisa como fotografias, vídeos e documentos que se unem à exposição em cena dos processos de montagem utilizados para a construção do espetáculo e da personagem para apresentar os principais acontecimentos da vida de Monroe, muitos deles desconhecidos e não divulgados pela grande imprensa. Dividindo o palco com a protagonista, Ítalo Mendes interpreta diversas personagens que estiveram presentes na vida de Norma Jeane/Marilyn, como uma das mães adotivas, o primeiro marido, um de seus coaches profissionais, produtores e também o galã Frank Sinatra. As biografias dos atores também compõem a dramaturgia, ressaltando o caráter humano do trabalho do intérprete.

 

O diretor Juarez Guimarães ressalta o trabalho de pesquisa para a construção de um Teatro Documentário, que tem a dramaturgia e a encenação baseadas em documentos reais e históricos. “É um teatro novo que a gente está começando ainda a descobrir e isso foi até uma provocação na criação, tentar entender o que é essa linguagem de maneira concreta. Levamos isso também para o espetáculo, mostrar para o público o que é o Teatro Documentário e como ele é feito”, explica.

 

Thaís Coimbra, protagonista da peça, escolheu Marilyn Monroe como objeto de criação do espetáculo por ser uma grande admiradora do trabalho da atriz desde criança. “Tenho colecionado, desde muito nova, diferentes materiais sobre a Marilyn. Com o passar do tempo, fui percebendo que a Marilyn das fotos e dos filmes era uma, mas havia outra mulher por trás de tudo aquilo que me instigava ainda mais. Foi assim que percebi que poderia encontrar uma narrativa interessante para uma peça. Mas a partir da Norma Jeane, e não somente a Marilyn”, conta.

 

Marilyn Monroe.doc começou a ganhar forma ainda em 2013, quando Thaís Coimbra iniciou suas pesquisas para a conclusão do curso de Artes Cênicas na Universidade Federal de Minas Gerais. A montagem estreou profissionalmente em 2014 e passou por diversos outros espaços em Belo Horizonte e integrou a programação do 24º Encontro de Artes Cênicas de Araxá. O espetáculo foi indicado às categorias de Melhor Espetáculo, Melhor Direção, Melhor Texto Inédito, Melhor Figurino e Melhor Atriz no 2° Prêmio COPASA/SINPARC, em 2015.

 

_ O GRUPO

O Grupo Dois Palitos foi criado por Thaís Coimbra e Ítalo Mendes com a montagem do espetáculo Marilyn Monroe.doc. O espetáculo Rapsódia Boêmia, uma pesquisa do ator Ítalo Mendes baseada nos textos de Jack Kerouac e Charles Bukowski e a cena curta “Todas Elas Musas” (cena participante do Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto em 2015) também fazem parte do repertório do grupo belo-horizontino, que conta com a colaboração de Fernanda Coimbra (Artes Visuais), Thiago Bernardo (Figurino), Luiz Henrique Marques (Audiovisual) e Amanda Coimbra (Design Gráfico).

 

_O DIRETOR

Juarez Guimarães Dias é professor do Curso de Comunicação Social da FAFICH/ UFMG, Escritor e Dramaturgo-Encenador Teatral. Doutor em Artes Cênicas (Unirio), Mestre em Literatura (PUC-Minas) e Bacharel em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda (Uni-BH). Seus últimos espetáculos são a dramaturgia e direção de "EuCaio" (2014), solo de Matheus Soriedem, Cena I de "Valsas - experimentos rodrigueanos" (2014) solo de Laís Rivera, "Marilyn Monroe.doc” (2013) com o grupo Dois Palitos, “#tudodenós” (2013) com o Pierrot Teen e em parceria com Léo Quintão da Cia. Pierrot Lunar, onde também dirigiu e escreveu "Atrás dos olhos das meninas sérias", "Sexo". Compôs a dramaturgia, por meio de adaptação, de “Acontecimento em Vila Feliz” de Aníbal Machado (Cia. Pierrot Lunar), "Levantado do chão" de José Saramago (direção de Cida Falabella) entre outros. 


Foto: Andre Usagi

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