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Se essa rua fosse minha, eu mandava grafitar...

Projeto leva mutirão de graffiti para a periferia da cidade

O graffiti é um dos 4 elementos que compõem a cultura Hip Hop, ao lado do MC, do DJ e do B.boy. Os desenhos e as chamadas “tags” são hoje parte indissociável da paisagem urbana dos grandes centros, transformando as ruas em verdadeiras galerias de arte ao ar livre. Além da beleza dessa arte, o graffiti é uma manifestação acessível e uma poderosa ferramenta de integração para os jovens. O projeto “Se essa rua fosse minha, eu mandava grafitar...” traz como proposta realizar mutirões de graffiti nas regiões periféricas da cidade, principalmente nas de maior vulnerabilidade social. Essa 1ª edição, que envolverá cerca de 60 artistas e contará com uma grande oficina aberta ao público, será realizada na Vila São Rafael, também conhecida como “Gogó da Ema”, localizada na região leste da cidade e acontecerá no dia 25/11, de 8h às 18h.

O coordenador artístico do projeto é o grafiteiro Rafael Boneco e os articuladores da comunidade são os também grafiteiros Mateus Ramos (Mono) e o Alex Breno (Manim), ambos integrantes da Nou Crew. Os dois últimos ministrarão uma oficina iniciante de graffiti, com duração de 6 horas, e aberta a todo o público. A participação é gratuita e as inscrições serão feitas no dia e no local. Já os artistas interessados em participar da ação podem se inscrever até o dia 22/11 às 23:59 através do link: https://goo.gl/forms/DCMKvopEHXX84wNC3

Este projeto é realizado com recurso da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Fundação Municipal de Cultura.

Ação junto à comunidade

A apropriação do espaço público tem sido pauta presente nas discussões artísticas e culturais da capital mineira. Ao promover uma ação de criação coletiva junto à comunidade, o projeto “Se essa rua fosse minha, eu mandava grafitar...” estimula justamente o senso de pertencimento, tão importante para a valorização dos espaços por parte de quem vive e/ou circula por eles. O mutirão, que terá duração de 12 horas com uma grande ação de grafitagem em vários muros da comunidade, pintará uma área de cerca de 1.200m².

“O projeto pretende não apenas levar ações de graffiti para o espaço, mas propiciar que a população local participe da construção das mesmas, seja por meio da cessão de seus muros, do apoio nas atividades (com o fornecimento de alimentação, por exemplo), ou até mesmo na proposição de ações a serem realizadas por eles próprios no dia do mutirão”, comenta Rafael Boneco, grafiteiro e coordenador do projeto.

Sobre a região escolhida, ele conta que se trata de uma comunidade pequena, se comparada a outras favelas da cidade.

“A comunidade cresceu e se desenvolveu em torno do tráfico. Tem uma escola, uma creche e uma guarda municipal dentro da comunidade mas, de uma forma geral, o poder público está bem ausente. As atividades culturais e de lazer que acontecem lá são feitas pelos próprios moradores, como a festa junina, o dia das crianças e a celebração do Natal”, conta.

Não é a primeira vez que o grupo de grafiteiros realiza atividades no Gogó da Ema. De acordo com Rafael Boneco um dos locais que era utilizado como “bota-fora” na comunidade ganhou um graffiti e depois da pintura os moradores limparam o espaço e montaram uma horta comunitária nele. Posteriormente, ainda pediram que os grafiteiros pintassem uma escola da vila também.

“Essa foi a nossa forma de abraçar a comunidade através da arte. A idéia de fazer o primeiro evento lá veio de uma sugestão do Mateus (Mono), grafiteiro morador do local, com o objetivo de fortalecer um calendário de artes que já acontecia de forma incipiente ali, promovido pelos moradores-grafiteiros da comunidade, e provocar nas pessoas essa noção de cuidado e preservação do espaço público. O projeto é uma iniciativa que vem pra somar a outras ações locais”, pontua Rafael Boneco, reforçando o caráter de construção coletiva junto aos moradores.

Foto: Marco Aurélio Prates 

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