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Obras de DALILA COELHO e MAURÍCIO POKEMON, selecionadas do Prêmio DÉCIO NOVIELLO DE FOTOGRAFIA, retratam realidades reveladoras de comunidades

A Fundação Clóvis Salgado anuncia a abertura das exposições do Prêmio Décio Noviello de Fotografia, edição que marca a troca de nome do antigo Edital de Ocupação FCS de Fotografia, anunciada em 2019. Com diferentes e criativas propostas, foram contemplados os jornalistas e fotógrafos Dalila Coelho (MG) e Maurício Pokemon (PI), que ocuparão a CâmeraSete – Casa de Fotografia de Minas Gerais do dia 3 de dezembro de 2020 até 6 de fevereiro de 2021 com as exposições É verão o ano inteiro e Inventário Verde da Boa Esperança, respectivamente. Este evento possui correalização da Appa – Arte e Cultura.

Em É verão o ano inteiro, Dalila Coelho nos convida a um passeio ao sol pelas periferias de Belo Horizonte, retratando a prática do bronzeamento com fita isolante. Entre o fotojornalismo e a potência artística das imagens, o público é convidado a imergir em um universo de figurações que vão ao encontro de uma estética por vezes desconhecida e repleta de histórias. Nas imagens de Maurício Pokemon, em Inventário Verde da Boa Esperança, está a comunidade ribeirinha Boa Esperança, situada em Teresina, no Piauí. A partir de sua observação e escuta, Pokemon incita uma reflexão acerca da tradição, importância e permanência dessas comunidades, dedicando sua atenção às ameaças do progresso urbano que afetam os moradores das margens do Rio Parnaíba e aniquilam as tradições e costumes que norteiam a vivência da população.

Para Eliane Parreiras, presidente da Fundação Clóvis Salgado, a realização do Prêmio Décio Noviello de Fotografia, que dá continuidade ao Edital de Ocupação de Fotografia de maneira consecutiva, demonstra a potência desse formato na cidade Belo Horizonte. “São linguagens diferentes ocupando um importante espaço no centro de Belo Horizonte, que é a CâmeraSete. Para nós, é extremamente importante fomentar a fotografia como arte e que o público ocupe cada vez mais a Casa de Fotografia de Minas Gerais”, destaca.

A publicação de um edital exclusivo para a fotografia é mais uma diretriz de valorização da arte fotográfica promovida pela Fundação Clóvis Salgado. Em junho de 2015, a FCS passou a dedicar a CâmeraSete, espaço localizado no hipercentro de Belo Horizonte, à fotografia. A adequação veio atender a uma necessidade do Estado, com o estabelecimento de um espaço referencial para ações de debates e reflexões sobre esta linguagem artística.

Medidas de segurança – Seguindo as orientações do programa Minas Consciente, protocolo para a retomada econômica de Minas Gerais, a Fundação Clóvis Salgado estabeleceu uma série de normas para a volta das atividades de suas galerias de forma segura.

Para evitar aglomerações, a galeria contará com sinalização nas áreas externas e internas para garantir distanciamento entre as pessoas durante a visitação. O uso de máscaras – tanto para visitantes quanto funcionários – será obrigatório. Todos os ambientes da CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais serão higienizados diariamente antes da abertura ao público e serão disponibilizados tapetes para a limpeza de calçados, assim como álcool em gel 70% para desinfecção das mãos.

O número de visitantes da CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais será reduzido para 7 pessoas por vez, e os visitantes deverão seguir recomendações como evitar conversar, manusear telefone celular, ou tocar no rosto durante a permanência no interior do Centro Cultural; cobrir o nariz e a boca ao tossir ou espirrar; realizar a higienização das mãos ao entrar e sair do espaço; seguir sempre as instruções dos funcionários e não frequentar a galeria caso apresente qualquer sintoma de resfriado ou gripe.

Sobre as exposições:

É verão o ano inteiro, de Dalila Coelho

A série de 13 fotografias É verão o ano inteiro surge a partir de reportagem homônima da jornalista e fotógrafa Dalila Coelho, em um retrato do cotidiano nas casas de bronzeamento das periferias Belo Horizonte. Nas imagens, as personal bronzers (profissionais do bronze) e as clientes frequentadoras dos espaços performam uma realidade potente e, por vezes, desconhecida pelos belo-horizontinos. Dalila Coelho, que cresceu no bairro Serrano, na região Noroeste de BH, mescla a força de sua origem ao conhecimento fomentado pelo contado com a universidade, que proporcionou novos caminhos de apreensão e figuração da realidade.

Exclusivamente formada por imagens analógicas, a exposição configura um novo desdobramento imagético em torno das casas de bronzeamento, que se distancia do efeito midiático e propagandístico e estabelece uma nova visão estética. Segundo Dalila Coelho, o contato das fotografadas com o trabalho final resultou em um certo choque, e esse choque poderá ser estendido à reação dos visitantes.

É verão o ano inteiro é o primeiro registro analógico profissional de Dalila Coelho, que ressalta o empoderamento das profissionais do bronze como traço fundamental da série. “Essas mulheres são responsáveis por girar a economia da cidade trabalhando com o processo de ‘fitagem’*”. O registro antropológico passa também pelo cuidado em destacar a importância do trabalho dessa comunidade, ressaltando a força dessas mulheres”, explica.

Segundo a fotógrafa, as corporificações apresentadas nas imagens – mulheres nas camas para o bronzeamento e profissionais realizando a fitagem nos corpos – foram capturadas com delicadeza, para que a sexualização dos corpos não ultrapassasse ou ofuscasse a proposta do trabalho. “A relação do feminino com os procedimentos estéticos é registrada a partir de uma percepção do fenômeno, ou seja, da prática do bronzeamento de fita, e não na individualização dos corpos”, destaca Dalila Coelho. “Seguindo a mesma lógica, optamos por não selecionar imagens que atribuem destaque aos rostos das fotografadas”.

O uso da câmera analógica no contemporâneo é também um ponto importante da exposição, que se relaciona com a proposta do bronze, com as marcas na pele – a fotografia é um processo de registro da imagem a partir da ação da luz no papel. O microuniverso da fitagem na imagem de Dalila Coelho é capaz de transportar o visitante para um lugar diferente até mesmo das próprias periferias belo-horizontinas: o céu azul, presente na grande maioria das fotos, traz à memória uma imagem praiana e a realidade de que a praia, por vezes, é cada um quem faz.

Foto: Dalila Coelho (MG) e Maurício Pokemon (PI)

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