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Espetáculo MESSIAS encerra temporada dos corpos artísticos da Fundação Clóvis Salgado

Obra baseada no Oratório, de Haendel Com direção musical de SILVIO VIEGAS e coreografia de RUI MOREIRA, espetáculo narra anunciação e nascimento de Jesus

A Fundação Clóvis Salgado encerra a temporada 2017 de seus corpos artísticos com a apresentação Messias, com coreografia baseada no oratório do compositor alemão Georg Friedrich Haendel, com libretos de Charles Jennens.  A apresentação é uma rara oportunidade de assistir à Cia. de Dança Palácio das Artes, à Orquestra Sinfônica e o Coral Lírico de Minas Gerais juntos, em uma mesma montagem. A coreografia conta com as duas primeiras partes da composição – a Anunciação e o Nascimento de Jesus.

Messias tem direção musical e regência de Silvio Viegas, e concepção e direção coreográfica de Rui Moreira, combinando a dança contemporânea com a beleza e atemporalidade da música de Haendel. Participam da montagem os solistas convidados Raíssa Amaral (soprano), Aline Lobão (mezzosoprano), Anibal Mancini (tenor) e Homero Velho (barítono).

A equipe técnica de Messias é composta por artistas que têm forte relação com a arte mineira. É o caso de Pedro Pederneiras, um dos fundadores do Grupo Corpo, responsável pela iluminação do espetáculo; a renomada arquiteta Jô Vasconcellos; e Luana Jardim, na bela composição de figurinos.

Considerando o sucesso da apresentação, que teve estreia no final do ano de 2016, a diretora de Produção Artística da FCS, Claudia Malta, aponta que a escolha desse oratório, de Haendel, foi natural. “Essa montagem abrange toda a potencialidade da Fundação Clóvis Salgado, evidenciando a expertise de seus Corpos Artísticos. Estamos oferecendo um espetáculo de dança contemporânea, com uma música belíssima, ao vivo, e abordando um tema que sensibiliza a todos”, revela.

 

Messias contemporâneo – No processo de elaboração da coreografia, Rui Moreira buscou inspiração no significado original de Messias. Segundo ele, a palavra tem origem hebraica e quer dizer ‘o ungido – aquele que se tornou sagrado e está mais perto do divino’. “Cristo, palavra de origem grega, tem o mesmo significado”, completa.

Retornar à origem etimológica de Messias permitiu que Rui se concentrasse em um conceito mais universal da obra, desvinculado de crenças religiosas específicas. O objetivo, segundo ele, é se aproximar mais da sociedade atual, com toda a sua diversidade e multiplicidade. “O termo ungido – aquele que promove a transformação e traz a esperança, pode ser aplicado em vários contextos, até mesmo se referindo ao Exu. Em sua mitologia, ele também é um ungido. Isso quer dizer que as interpretações da Bíblia podem ser encontradas em outros livros sagrados, é uma mensagem filosófica que transcende”, destaca Rui que aposta na pluralidade para compor o espetáculo, diluindo, assim, o aspecto dogmático.

Ao lado do assistente de direção, Renato Augusto, Rui Moreira roteirizou as 29 músicas. A partir da cronologia e do roteiro presentes no libreto, foram criadas as cenas. Para o diretor, o resultado deste processo é uma coreografia que se baseia em contrastes. “Como resultado, teremos essa música erudita, clássica e europeia e, em cena, vamos identificar algumas relações de gesto que não são tão habituais, que advém desse outro território, que é a dança”, explica.

Para o diretor coreográfico, a especialização dos bailarinos como interpretes criadores contribuiu muito para o resultado final do trabalho. “Muitas vezes, buscamos adjetivar a dança como clássica, folclórica ou contemporânea, mas ela é muito mais abrangente do que esses adjetivos. Quando falamos de dança contemporânea, falamos dessa possibilidade do EU estar presente, se colocando como protagonista. Então, a especialização que essa Cia de Dança conseguiu ao longo dos anos é algo único. E é muito bom ter profissionais com essa qualidade técnica para desenvolver espetáculos”, ressalta.

Para Cristiano Reis, regente da Cia. de Dança Palácio das Artes, durante todo o processo de construção do espetáculo, Rui Moreira foi muito generoso, abrindo espaço para que os bailarinos continuassem exercendo o papel de interpretes criadores. “Esse espetáculo despertou nos bailarinos a vontade de se reinventarem. Eles terão a oportunidade de provocar o diálogo entre o pensamento contemporâneo e a obra erudita. Isso só reforça a flexibilidade de atuação que é característica desse grupo”, comemora.

Já Rui Moreira aponta que o espetáculo despertou nele a esperança e a necessidade de recuperar a dimensão do humano. “Pensar em esperança renova a esperança”, celebra. 

 

O Renascer de Haendel – Haendel foi um dos principais compositores barrocos da Europa no século XVII. Iniciou sua carreira na Alemanha, mas se mudou para a Inglaterra onde se estabeleceu compondo óperas nos moldes italianos como Almira, Rodrigo e Agrippina.

Entretanto, com o passar dos anos, o modelo operístico caiu no ostracismo e Haendel se reinventou passando a compor muitos oratórios, belas peças que poderiam ser interpretadas fora da temporada de óperas com uma logística mais simples, sem figurinos ou cenários. “Messias vem desse momento, em que as óperas de Haendel não faziam tanto sucesso mais. Tanto é que o oratório estreia em um teatro menor, não nos principais de Londres”, explica o maestro Silvio Viegas.

Com o passar dos anos, a força da composição de Haendel tornou Messias uma das obras de maior destaque em todo o mundo, sendo o Hallelujah uma das peças mais famosas. A beleza da composição fez também com que o oratório inspirasse coreografias e balés. “Com esse novo elemento, a obra ganha outro significado, tornando-se mais interessante para o público. Isso faz com que a mensagem de Messias alcance novos lugares”, destaca o maestro.

Para a montagem da Fundação Clóvis Salgado, Silvio Viegas adaptou as duas primeiras partes da montagem – a Anunciação e o Nascimento de Jesus.  “Fizemos um trabalho de edição, buscando dar mais vivacidade e adequação para a dança”, explica.  

Para o maestro, a união presente na música de Haendel será visível no palco a partir da apresentação conjunta dos corpos artísticos. “Acho que essa apresentação é emblemática e expressa bem essa comunhão. A Orquestra é fundamental para a peça; o Coro é uma das estrelas, assim como os solistas; e a Cia de Dança encantará o público com a coreografia que vai ajudar a contar essa história. Particularmente, fico muito feliz que esse encontro esteja acontecendo desta forma, com os três corpos artísticos tendo a noção que são parte fundamental da estrutura da FCS”, conclui.

Figurinos e cenário – Para a figurinista Luana Jardim, a principal diretriz de criação das peças foi a concepção da mensagem de Messias. Sendo assim, uma das peculiaridades do figurino são os elementos que refletem a luz e que expressam o translúcido.

Já o cenário de Jô Vasconcellos é minimalista e possui dois planos, o primeiro em EVA preto será rasgado em formas horizontais irregulares. Já no segundo, será utilizado um plano branco, com rasgos regulares na vertical. A ideia, segundo a cenógrafa, é que esse cenário ilustre o momento de caminhos mais definidos.

 

Corpos Artísticos

Cia. de Dança Palácio das Artes - A Cia. de Dança Palácio das Artes é reconhecida como importante companhia do Brasil sendo referência para a história da dança em Minas Gerais. Foi institucionalizada pela Fundação Clóvis Salgado, pela fusão dos integrantes do Ballet de Minas Gerais e da Escola de Dança, ambos dirigidos por Carlos Leite. O Grupo desenvolve, atualmente, repertório de dança contemporânea, atuando também nas produções operísticas da Fundação. Tendo a cocriação e a transdisciplinaridade como pilares de sua produção, a Cia desenvolve pesquisas quanto à diversidade do intérprete na cena artística contemporânea, estabelecendo frutífero diálogo entre tradição e inovação. Seu atual regente é Cristiano Reis. Em sua trajetória, já se apresentou em várias cidades de Minas, capitais do Brasil e países como Cuba, França, Itália, Palestina, Jordânia, Líbano e Portugal.

Coral Lírico de Minas Gerais - Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas Gerais interpreta repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais. Além das temporadas de ópera da Fundação Clóvis Salgado, participa das Séries Lírico ao Meio-Dia, Lírico em Concerto e Lírico Sacro. Em sua trajetória, o Coral Lírico de Minas Gerais teve como regentes os maestros Luiz Aguiar, Marcos Thadeu Miranda Gomes, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Ângela Pinto Coelho, Eliane Fajioli, Silvio Viegas, Charles Roussin, Afrânio Lacerda, Márcio Miranda Pontes e Lincoln Andrade.

Orquestra Sinfônica de Minas Gerais - A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais é uma das mais ativas orquestras do país, tendo sido declarada Patrimônio Histórico e Cultural do Estado de Minas Gerais. Em constante aprimoramento, cumpre o papel de difusora da música erudita, na diversidade de sua atuação em óperas, concertos e apresentações na capital e interior do Estado. Além dos Concertos no Parque, Sinfônica ao Meio-dia e Sinfônica em Concerto, merece destaque o reconhecido programa Sinfônica Pop, que convida artistas da música popular brasileira para se apresentarem com a orquestra. Seu atual regente titular é o maestro Silvio Viegas, que foi antecedido por nomes como os de Wolfgang Groth, Sérgio Magnani, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Aylton Escobar, Emílio de César, David Machado, Afrânio Lacerda, Holger Kolodziej, Charles Roussin, Roberto Tibiriçá e Marcelo Ramos.

Foto: Netun Lima

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