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Filarmônica de Minas Gerais encerra Temporada 2017 nos dias 14 e 15 de dezembro, às 20h30, na Sala Minas Gerais

Obra-prima de Charles Ives e a enigmática Os planetas de Holst encerram o ano em grande estilo. Sob regência de Fabio Mechetti, o concerto tem ainda peça de Caio Facó, jovem compositor cearense.

Encerrando a décima temporada, nos dias 14 e 15 de dezembro, a Filarmônica de Minas Gerais percorre as galáxias em busca de novos sons e novas experiências. O ponto de partida do programa é uma das obras mais enigmáticas do século XX, A pergunta não respondida, de Charles Ives, seguido da exploração sonora da Via Láctea com Os planetas, op. 32, proposta por Holst, até a obra Aproximações Áureas, de Caio Facó, jovem compositor que recebeu menção honrosa no Festival Tinta Fresca 2016, promovido anualmente pela Orquestra. A regência é do maestro Fabio Mechetti. Ingressos a partir de R$ 40 (inteira).

Na série de palestras sobre obras, compositores e solistas que a Filarmônica promove antes das apresentações, das 19h30 às 20h, o palestrante das duas noites será o percussionista da Filarmônica de Minas Gerais e curador dos Concertos Comentados, Werner Silveira. As palestras são gravadas em áudio e ficam disponíveis no site da Orquestra.

Estes concertos são apresentados pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais e contam com o patrocínio do Mercantil do Brasil por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Já as palestras dos Concertos Comentados são apresentadas pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais.

O repertório

Charles Ives (Danbury, Estados Unidos, 1874 – Nova York, Estados Unidos, 1954) e a obra A pergunta não respondida (1906)

Música para madeiras, trompete e cordas. Suponhamos que, em vez do título pelo qual conhecemos a pequena joia orquestral de Charles Ives, o compositor a tivesse nomeado dessa forma bem menos sugestiva, considerando um dos efetivos instrumentais previstos na partitura. Desprovida da misteriosa evocação de seu título, ainda assim essa miniatura camerística nos surpreenderia. Se acrescentarmos à experiência auditiva dados do Prefácio de Ives, publicado com a partitura, nossa admiração pela obra será ainda maior. Para Ives, trata-se de uma “Paisagem Cósmica”, na qual as cordas evocam “O Silêncio dos Druidas”, e o quarteto das madeiras representa a busca por “Respostas” à “Eterna Pergunta da Existência”, formulada pelo trompete solo. Ainda no Prefácio, o compositor aponta possibilidades de espacialização na disposição instrumental. Observa também que as madeiras não precisam obedecer, rigorosamente, os momentos das entradas previstas na partitura. Estamos, portanto, diante de uma obra-prima de horizontes vastos: politonalidade, polimetria, um certo grau de aleatoriedade, liberdade e rigor, simbolismo, transcendência. Depois de seis insistentes perguntas, que as tentativas confusas das madeiras se mostram incapazes de responder, uma última vez o trompete formula a questão perene que, agora, mergulha no insondável, no “Imperturbável Silêncio”. A singularidade de Ives, com A pergunta não respondida, parece fazer uma alegoria musical às palavras de Varèse: “Em arte, um excesso de razão é mortal. É a imaginação que dá forma aos sonhos”.

Caio Facó (Fortaleza, Brasil, 1992) e a obra Aproximações Áureas (2016)

As obras do jovem compositor cearense Caio Facó mesclam seu criativo pensamento matemático com um expansivo interesse em modos de expressão da cultura e da realidade brasileiras para além de estéticas nacionalistas. Aproximações Áureas é dedicada a seu pai, por lhe ter revelado “o fantástico universo da matemática”, e alia à manipulação calculada de elementos musicais um trabalho de experimentação sonora. Às abstrações matemáticas, juntam-se influências de natureza diversa, como a cena passada na boate Clube Silêncio do filme Mulholland Drive [Cidade dos Sonhos], de David Lynch, que lhe serve de inspiração para um trompete que se ouve, mas não se vê. O título da peça evoca a noção de proporção áurea, constante matemática relativa à natureza do crescimento que, pelo menos desde Fídias, é utilizada em obras de arte e arquitetura. Se o princípio que governa a criação é matemático, sua força expressiva reside, porém, em seu conteúdo sonoro, na natureza dos materiais musicais e no caráter dramático, produzido principalmente pelo colorido orquestral livremente inspirado em Paul Dukas e Gustav Holst. Aproximações Áureas recebeu menção honrosa no Festival Tinta Fresca 2016, promovido pela Filarmônica.

Gustav Holst (Cheltenham, Inglaterra, 1874 – Londres, Inglaterra, 1934) e a obra Os planetas, op. 32 (1914/1916)

Os planetas é o astro-rei do legado de Gustav Holst. Imaginada para uma grande orquestra, a obra é dividida em sete movimentos, cada um retratando um planeta do Sistema Solar. Holst não está preocupado com o discurso científico, mas sim em uma narrativa mítica do Cosmos. É mais astrológica que astronômica, por assim dizer. A astrologia em que o compositor britânico se inspira é a das antigas ciências grega e latina, cuja observação de corpos celestes e o estudo de sua posição e movimentação exprimem propriedades comportamentais dos homens e da natureza. Representados através dos sons, os planetas são deuses da mitologia romana; cada movimento exprime em discurso musical a função cósmica de um astro e o todo da obra, a ordenação dos deuses no universo. O primeiro planeta é Marte – O Anunciador da Guerra, seguido de Vênus – O Anunciador da Paz; Mercúrio – O Mensageiro Alado, Júpiter – O Anunciador da Alegria, Saturno – O anunciador da velhice, Urano – O Mágico, Netuno – O Místico.

Maestro Fabio Mechetti

Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de MstislavRostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra da Rádio e TV Espanhola em Madrid, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá. Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica de Tampere, e na Itália, dirigindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2016 estreou com a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello. Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.

Concentus Musicum de Belo Horizonte

O Concentus Musicum de Belo Horizonte é um grupo misto, com formação vocal e instrumental variável, dedicado à interpretação e difusão de obras dos períodos Barroco, Clássico e Renascentista, bem como de um seleto repertório contemporâneo. Foi idealizado pela maestrina Iara Fricke Matte e fez sua estreia em dezembro de 2016, junto à Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, com quem mantém uma frutífera parceria. Entre seus projetos futuros, incluem-se a montagem de obras vocais e orquestrais de J. S. Bach, de seu contemporâneo Jan Dismas Zelenka e de compositores brasileiros coloniais, além de obras instrumentais do século XVIII e início do século XIX.

Iara Fricke Matte, regente coral

Regente coral e orquestral, Iara Fricke Matte vem se dedicando intensamente ao estudo e à apresentação de obras dos períodos Barroco, Renascentista e Contemporâneo, com ênfase na performance historicamente embasada. Seu repertório é formado de peças corais a capela, sinfônico-corais e sinfônicas, destacando sua grande afinidade com o repertório de J. S. Bach. Iara é Doutora e Mestre em Regência Coral pela Universidade de Indiana e pela Universidade de Minnesota (EUA), onde se especializou em Música Antiga e História da Música. Professora de regência da Escola de Música da UFMG, foi regente titular e diretora artística do coral Ars Nova, da mesma universidade, com o qual conquistou o Troféu JK de Cultura e Desenvolvimento e o terceiro lugar na competição coro misto do 34º Festival de Música de Cantonigròs (Espanha). Em 2016, formou o grupo coral e orquestral Concentus Musicum de Belo Horizonte.

Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Belo Horizonte, 21 de fevereiro de 2008. Após meses de intenso trabalho, músicos e público viam um sonho tornar-se realidade com o primeiro concerto da primeira temporada da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Criada pelo Governo do Estado e gerida pela sociedade civil, nasceu com o compromisso de ser uma orquestra de excelência, cujo planejamento envolve concertos de série, programas educacionais, circulação e produção de conteúdos para a disseminação do repertório sinfônico brasileiro e universal. Um dos mais bem-sucedidos programas continuados no campo da música erudita, tanto em Minas Gerais como no Brasil, reconhecida com prêmios culturais e de desenvolvimento econômico, em 2017 a Filarmônica está apresentando sua décima temporada e continua contando com a participação de grandes músicos para celebrar a Música e o respeito conquistado junto ao público.

Foto: Bruna Brandão

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