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DOTART GALERIA RECEBE AS MOSTRAS “DESNATUREZA” DE EFRAIN ALMEIDA E “ESTÓRIAS DO JABUTI” DE REGINA VATER

MOSTRA REÚNE TRABALHOS INÉDITOS DE DOIS DOS MAIS IMPORTANTES ARTISTAS DA CENA CONTEMPORÂNEA

Em tempos bicudos de avanço da intolerância no mundo, na arte, na vida, as novas exposições da dotART galeria elegem o belo, o amor como resposta. “Desnatureza”, de Efrain Almeida e “Estórias do Jabuti”, de Regina Vater ficarão disponíveis até 06 de março de 2017. Dois grandes nomes da arte contemporânea, com obras inéditas, produzidas especialmente para a mostra na dotART, em Belo Horizonte.

O amor pela arte, que movimenta artistas e ativistas em busca de ideias e atitudes que possam mudar a sociedade. O amor que faz dos ateliês dos artistas lugares sagrados - onde suas criações despertam para um mundo poético e vivo - serve como ponto de partida para o tema central das exposições, que ainda passeiam pela saída, diálogo, intervenção, natureza e delicadeza.

Estórias do Jabuti – Regina Vater

Na Galeria 2 e na Sala Pensando, Regina Vater procura a “conhecença” vital da vida, vinda de seres visíveis e invisíveis. “Nesta curiosidade persistente, aprendi muito do pouco que sei. O que me dá certeza de como o Brasil ignora seu tesouro tão rico, espalhado nas franjas de seu poder”, diz a artista. Esta exposição, veio da busca inspirada neste tesouro.

São desenhos inéditos que foram produzidos na década de 70, mas nunca exibidos antes desta exposição na dotART. As obras passaram por um delicado trabalho de limpeza e restauro. “Foi com um projeto de trabalhar nas cosmologias indígenas que ganhei a ‘Guggenheim Fellowship’ em 1981, e creio que até então nenhuma artista mulher brasileira tinha sido contemplada com este prêmio. Antes de mim, no Brasil, já foram receberam Amílcar de Castro e Hélio Oiticica. E agora, pela primeira vez, estou mostrando em Minas Gerais, na galeria dotART, uma série de desenhos (Nova York, 1984/85), à grafite que são resultado estendido deste projeto. Espero que meus amigos mineiros e os amigos mineiros dos meus amigos tenham curiosidade em conhecê-los de perto, conta Regina, que apresenta também algumas instalações e um vídeo na Sala Pensando.

“As questões ecológicas me foram ensinadas pelo meu próprio trabalho. Minha primeira instalação, em 70, feita com lixo da praia; minha obra Nova-iorquina de 73/74 baseada no poema LUXOLIXO do Augusto de Campos... E meu respeito e admiração pela cultura indígena começaram com a curiosidade de saber como essa cultura percebia o tempo. Daí toda a série ‘Estórias do Jabuti’ que é parte de um lendário que guarda em si significantes do tempo. Ontem, hoje e, espero que sempre, a arte é para mim um instrumento de ampliar a consciência do mundo e da existência”, finaliza a artista.

Desnatureza – Efrain Almeida

Ocupando a Galeria 1, Efrain Almeida traz uma série de esculturas desenvolvidas nos últimos três meses, especialmente para esta exposição na capital mineira, onde lança também o livro que leva seu nome. O artista aborda imagens naturais cotidianas, refeitas, descontextualizadas e reapresentadas.

“Os trabalhos partem da observação coisas que me despertam outros sentidos e que me fazem articular pensamentos, que não são somente sobre a simples representação. Olhar um filhote de passarinho que acabou de nascer, imaginar que ele vai abrir os olhos e ter contato com o mundo... Talvez esse pássaro seja a peça que me faz pensar na grande revolução da arte, que nos faz olhar para as coisas como se fosse pela primeira vez”, conta o artista.

A maior parte das esculturas foi desenvolvida na cidade do Porto, em Portugal. Já o Cisne Negro é uma obra menos recente, mas de grande importância na trajetória do artista. Assim como a escultura em faiança, um galho de porcelana com animaizinhos, desenvolvido em um projeto de residência na Fábrica Bordallo Pinheiro, em Caldas da Rainha, no sul de Portugal.

“Já participei de uma mostra em Belo Horizonte, mas faz muito tempo. O trabalho hoje é bem diferente. As esculturas atuais são em bronze, minha história toda é em madeira, mas há alguns anos comecei a usar a madeira apenas como matriz. Mas o conceito continua sendo o meu universo de interesse, animais relacionados à minha história, autorretratos, mas com novas técnicas” finaliza Efraim.

SOBRE OS ARTISTAS:

Regina Vater

Regina Vater estudou desenho e pintura no ateliê de Frank Schaeffer entre 1958 e 1962, e com Iberê Camargo até 1965, no Rio de Janeiro. No início da década de 60, ingressou na Faculdade Nacional de Arquitetura, da UFRJ. Em 1964 realizou sua primeira individual, na Galeria Alpendre (RJ). Em 1970 participou da Bienal de Veneza, onde teve contato com o artista Joseph Beuys. Em 1972, ganhou o prêmio de viagem ao exterior, concedido pela União Nacional de Arte Moderna, e foi para Nova York, onde realizou trabalhos com Hélio Oiticica. Estudou silkscreen no Pratt Institute. Realizou exposição individual em Nova York, na Galeria do Bleeker Cinema em 1975. É autora, entre outros, dos livros infantis Tungo Tungo e Uma Amizade Bem Temperada, publicados no fim da década de 1970. Organizou a primeira exposição de arte contemporânea e experimental brasileira em Nova York, a Contemporary Brazilian Works on Paper: 49 artists, na Nobé Gallery, em 1979. Em 1983, editou um número da revista Flue, publicada pelo Franklin Furnance Archives, dedicado à arte experimental produzida na América Latina. Em 1998, como integrante do programa de artista em residência da ArtPace Foundation, em San Antonio, Estados Unidos, criou cinco instalações e, no ano seguinte, as exibiu na instituição. Em 2000, ministrou palestra sobre a exposição Blurring the Boundaries, no Blanton Museum, em Austin. Foi curadora da exposição Brazilian Visual Poetry, com participação de 51 artistas, no Mexic-Arte Museum, Austin, 2002.

Efrain Almeida

Efrain Almeida de Melo (Boa Viagem CE 1964). Escultor. Transfere-se para o Rio de Janeiro em 1976. Dez anos depois, inicia sua formação artística na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage). Em 1990, participa de curso no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), e inicia pesquisas com diversos materiais, e escolhe a madeira como matéria-prima principal de seus trabalhos, que são compostos de pequenas esculturas. Nesse mesmo ano, trabalha como ajudante do pintor Hilton Berredo (1954). A influência religiosa, recebida na infância em Boa Viagem, e o imaginário popular nordestino são temas presentes em seus trabalhos, que fazem referência a ex-votos. Realiza sua primeira exposição individual, Objetos, no Centro Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, em 1993. Participa da 1ª Bienal do Mercosul, em 1997, e da Bienal Internacional de Buenos Aires, em 2002.

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