Eventos

Exposições do 2º Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais

Av. Afonso Pena, 1537 – Centro - BH

Palácio das Artes

(31) 3236-7400

Gratuito

25 de janeiro até 12 de março - 9h30 às 21h, de terça-feira a sábado, e de 17h às 21h aos domingos


A Fundação Clóvis Salgado inaugura duas novas exposições do 2º Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais, que ocuparão as galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima de 25 de janeiro a 12 de março de 2022. Foram contemplados os artistas visuais João Angelini (DF) e Erre Erre (MG), com as exposições “Do que fomos feitos e o que deixamos” e“Quero dançar sobre as ruínas dos reinos da escuridão”, respectivamente. Construídas a partir de múltiplos suportes, as mostras contarão com pinturas, desenhos, colagens, gravuras, objetos, apropriações artísticas, site specific, instalações, holografias e fotografias. A nova edição do Prêmio Décio Novielo de Arte Visuais busca refletir, a partir dessa diversidade de suportes, sobre o próprio gesto de se construir arte, investigando linguagens e a potência da materialidade enquanto conteúdo ativo que traz significado por si só.

Em Do que fomos feitos e o que deixamos, João Angelini explora os processos manuais e laborais de criação artística, confrontando-os com os labores dos trabalhadores da nossa sociedade, trazendo discussões sobre ocupação territorial, geopolítica e economia. Já Erre Erre constrói suas ruínas a partir da união de diversos fragmentos artísticos que fizeram parte de toda temporalidade de sua carreira. Quero dançar sobre as ruínas dos reinos da escuridão cria narrativas que se reformulam, a partir das mãos do próprio artista, com o tempo.

Para a presidente da Fundação Clóvis Salgado, Eliane Parreiras, a realização desse Prêmio, com abrangência nacional, abre as portas do Palácio das Artes às mais variadas propostas artísticas. “O Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais é reconhecido por sua diversidade. A cada edição, artistas de Minas e de outros estados ocupam nossas galerias com as mais variadas propostas da contemporaneidade. O fomento a essa identidade diversa é uma importante diretriz, a qual temos nos atentando sempre”, destaca.

O Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam o 2º Prêmio Décio Noviello de Fotografia. A mostra tem a correalização da APPA – Arte e Cultura, patrocínio máster Cemig, AngloGold Ashanti, ArcellorMittal e Unimed-BH / Instituto Unimed-BH¹, e patrocínio prata da Vivo. Todos os incentivos são via Lei Federal e Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

¹ O patrocínio da Unimed-BH / Instituto Unimed-BH é viabilizado pelo incentivo de mais de cinco mil médicos cooperados e colaboradores.

A Fundação Clóvis Salgado é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e de cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

Sobre as exposições:

Do que fomos feitos e o que deixamos, de João Angelini

“É importante ressaltar que não sou apenas um artista visual brasileiro. Nem todo brasileiro é o mesmo brasileiro”, destaca João Angelini, ao se posicionar como um artista visual não-sudestino, mas do interior do Centro-Oeste, da cidade de Planaltina (DF). “Isso é muito importante para entender meu percurso profissional e minha produção poética autoral. Primeiro que, como qualquer artista não-sudestino, tive que me formar e me estabelecer sem acesso à fartura dos equipamentos de formação e promoção de artes nacionais, destaca.

O Prêmio Décio Noviello é a primeira mostra individual de Angelini fora do Centro-Oeste, e o artista a considera parte muito importante de seu trabalho. “Também vai ser minha primeira história em Belo Horizonte, lugar que curto muito e que há alguns anos virou um dos alvos para escoar minha produção, pois sei da riqueza e efervescência que é a cidade e o seu circuito cultural e mercadológico. Acredito que essa exposição será um belo primeiro passo e estou muito grato pela comissão de seleção ter visto meu projeto e acreditado no trabalho”, celebra.

Do que fomos feitos e o que deixamos tem curadoria do próprio artista em parceria com Aldones Nino, e contará com todos os processos e gestos que Angelini tem usado em suas produções. “Isso significa que teremos obras de animação baseadas nas imagens sequenciais, pinturas a seco, site specific, desenhos, gravuras, objetos, apropriação, instalações, holografias mambembes, performance, fotografia e outras coisinhas difíceis de definir em categorias”, conta o artista.

Segundo Angelini, a mostra começou a ser construída a partir de 2018, como uma das etapas da organização para orientar sua produção. Partindo de algumas obras já finalizadas e identificando alguns conceitos e discussões, o artista construiu uma composição curatorial narrativa, conceitual e material. Algumas obras inéditas também foram criadas para compor a mostra. “São várias as linhas que podemos considerar para entender essa aproximação. Desde os processos laborais e manuais na produção dessas obras em conversa com os labores dos trabalhadores da nossa sociedade, até discussões mais definidas de ocupação territorial para a formatação da nossa geopolítica e economia. Além de várias outras coisas não previsíveis que poderão ser identificadas pelo público”, cita. “Entregaremos na exposição obras bem diversas, que buscam refletir sobre o seu próprio gesto e fazer, que investigam possibilidades de outros processos dentro de algumas linguagens já definidas. Trabalhos que se apoiam no formato, materialidade e no gesto enquanto conteúdo ativo das significações das suas dimensões narrativas de representação. Onde forma e gesto são conteúdos”, explica.

Quero dançar sobre as ruínas dos reinos da escuridão, de Erre Erre

Quero dançar sobre as ruínas dos reinos da escuridão marca, para o artista mineiro Erre Erre, um tempo de colheita que se estende ao longo dos últimos dez anos. “A exposição abarca muitas 'técnicas'. Ela flui do desenho para a pintura, monotipia, colagem, animação, som. Vou fluindo para o que me convoca, tentando achar alguma maneira de tocar/trocar com o que me chama”, explica o artista, que destaca o conceito de ruína como norteador do trabalho. “A mostra se dá numa ordem de ruína, de fragmentos, de imagens, de vestígios que duram no tempo: os coleciono e produzo, nisso, vão surgindo órbitas entre essas partes, elas vão se encontrando, se chocando, algo as anima. Talvez o tempo”.

Alguns trabalhos que compõem a exposição de Erre Erre possuem intervalos de produção chegando a até dez anos. Segundo o artista, sua relação com suas obras se mantém sempre em campo vivo, e ele permanece atualizando-as. “Em síntese, a exposição se estrutura sobre essa ideia de ruína, literal ou simbólica, pois ela nos atravessa seja em nossos pensamentos, em nossos gestos, nossas culturas, nossos hábitos, nossas relações. Habitamos esse lugar entre o que foi, o vivido em nós - e antes de nós, e ao nosso redor, e o que está sendo, o acontecimento, a vida, os desejos, o instante”, reflete o artista.

Erre Erre conta ainda não saber precisar as contribuições que se desdobrarão a após integrar essa premiação, mas destaca que por hora lhe é muito valiosa a oportunidade de poder “apresentar e compartilhar esta exposição em Belo Horizonte, cidade que habita há dez anos, no prestigiado Palácio das Artes, que tem um papel importante na cena local, o que já representa do ponto de vista simbólico um acontecimento valioso, pois amplia as possibilidades de diálogo e de troca”.

Segundo Erre Erre, optar por cultivar uma prática artística e poética nos dias de hoje é nadar contra a corrente e conviver com muitos desafios. “O que colocamos nesse combate é nossa própria história, nossa vida, nossos corpos, nossas falhas, nossas limitações e subjetividades, em suma, o campo do vivo contra as normas fantasiosas dessa engrenagem perversa que chamam de ‘realidade’”, conta o artista. Para Erre Erre, as conquistas vão além do campo sistêmico das artes, tendo grande importância o trabalho durante o processo. “O ganho real se dá nessa própria criação de si, da afirmação dos desejos, da relação com o mundo e com as escutas. O fazer artístico, poético, amplia e movimenta essas possibilidades, por isso insisto nele”.

Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais – Hoje denominado Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais, o Edital de Ocupação de Artes Visuais da FCS é realizado desde 2010. Com evoluções no formato ao longo das edições, o Prêmio é uma importante ferramenta de estímulo à produção artística em âmbito nacional, permitindo o acesso do público a diferentes linguagens. Iniciativa já consolidada como evento de destaque no cenário artístico nacional, a realização do Prêmio visa fomentar a produção artística contemporânea e a divulgação de novos talentos. Como premiação, os artistas recebem quantia prevista em Edital para a montagem das exposições, além de apoio da FCS na divulgação das mostras. Artistas como Adriana Maciel, André Griffo, Bete Esteves, Claudia Tavares, Eder Oliveira, Juliana Gontijo, Luiza Baldan, Luiz Arnaldo, Marcelo Armani, Nydia Negromonte, Patricia Gouvêa, Ricardo Burgarelli, Ricardo Homen, Lorena D’arc, Renata Cruz, Rodrigo Arruda, Joyce Delfim e Froiid já tiveram seus trabalhos contemplados em outras edições.

Décio Paiva Noviello – Nascido em São Gonçalo do Sapucaí, Minas Gerais, Noviello atuou como pintor, gravador, desenhista, cenógrafo, figurinista carnavalesco e professor. Em paralelo às suas atividades artísticas, lecionou desenho, geometria, matemática e topografia em colégios militares; exerceu o cargo de diretor artístico da revista da Academia Militar das Agulhas Negras; e trabalhou como ilustrador da Biblioteca do Exército. Durante 20 anos atuou como professor de história da indumentária no curso de estilismo na UFMG. Cidadão honorário, personalidade do carnaval e da cena teatral de Belo Horizonte. É representante da pop arte e da vanguarda brasileira; com participações e prêmios em vários salões, bienais e exposições no Brasil e no exterior.

Sua exposição Cor Opção ocupou a galeria Genesco Murta durante a programação do ArteMinas 2018 e foi a última mostra em vida do artista belo-horizontino. Durante a abertura, Décio reviveu o happening que compunha a mostra Do Corpo à Terra, que integrou a programação de inauguração do Palácio das Artes, em 1970. O artista também contribuiu na realização de cenografias e figurinos para balés, óperas e peças teatrais produzidas pela FCS, além de outras mostras de artes plásticas.

Foto: Divulgação


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