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Cinema Falado traz ao MIS Santa Tereza: “Á Meia Noite Levarei sua Alma”

Praça Duque de Caxias, bairro Santa Tereza, Belo Horizonte

MIS Santa Tereza

Entrada gratuita

19 horas


O projeto Cinema Falado, que traz mensalmente filmes brasileiros para serem exibidos e comentados por especialistas no MIS Cine Santa Tereza, terá, na edição de fevereiro, dia 18, próxima terça-feira, às 19 horas, na sala Geraldo Veloso, o longa “À Meia Noite Levarei sua Alma”, de José Mojica Marins, com o lendário personagem "Zé do Caixão". Em novembro de 2015 o filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.

O crítico de cinema Marcelo Miranda comentará o filme. A entrada é gratuita. O endereço é Praça Duque de Caxias, bairro Santa Tereza, Belo Horizonte.

A promoção é do Centro de Estudos Cinematográficos e do Instituto Humberto Mauro. O projeto conta em 2020 com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.

Cinema Falado

Cinema Falado é um projeto do Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais (CEC-MG) e do Instituto Humberto Mauro, em memória do crítico e cineasta Geraldo Veloso.

O apresentador

Crítico, pesquisador e curador de cinema, Marcelo Miranda publica textos em catálogos, sites e jornais, entre eles Folha de S.Paulo e Cinética. Produz e apresenta o podcast "Saco de Ossos", programa de entrevistas com criadores e estudiosos de ficção de horror no Brasil.

À Meia Noite Levarei Sua Alma – o filme e a crítica

Com "À Meia-Noite Levarei a Sua Alma", José Mojica Marins coloca-se, com o seu personagem Zé do Caixão, como a principal referência do cinema de horror brasileiro. O personagem vai às últimas consequências no seu objetivo de gerar um filho perfeito com a mulher ideal. Mata a mulher legítima porque ela é estéril e também o melhor amigo, para ficar com a mulher deste.

 

Tudo se passa assim: o cruel e sádico coveiro Zé do Caixão, temido e odiado pelos moradores de uma cidadezinha do interior está obcecado em conseguir gerar o filho perfeito, aquele que possa dar continuidade ao seu sangue. A sua mulher não consegue engravidar e ele acredita que a namorada do seu melhor amigo é a mulher ideal que procura. Violada por Zé do Caixão, a moça quer cometer suicídio para regressar do mundo dos mortos e levar a alma daquele que a violou. A saga de Zé do Caixão continuará em Esta noite encarnarei no teu cadáver.

 

Para contar essa história, mistura referências do cinema estrangeiro com elementos do folclore brasileiro, da realidade social e das religiões tradicionais. As crenças católicas são duramente ridicularizadas. O personagem diz não acreditar na vida eterna; para ele, a morte é o fim da existência.

A estética de Marins parece gratuita, à primeira vista, mas ela tem o objetivo de criar uma realidade fantástica. A crítica, evidentemente, se dividiu a respeito de Marins e seu filme. “A violência física é gráfica, excessiva e estilizada”. “Ele supera a precariedade da produção com criatividade, afrontando os cânones estéticos e temáticos com a crueza da mise-en-scène”. O mineiro Maurício Gomes Leite, no Jornal do Brasil, escreveu que “À Meia-Noite Levarei a Sua Alma” absolutamente não é cinema. Não é um filme primitivo, é primário; não choca, imbeciliza; para o cinema do Brasil não é uma linha pioneira, é um atraso”.

Para Rubens Ewald Filho, “Mojica Marins, em seus primeiros filmes, tinha um certo charme do malfeito. Disseram-lhe que era um gênio e ele acreditou”. Salvyano Cavalcanti de Paiva afirma que o filme é “a obra-prima da velhacaria com surpreendente dose de inventividade cinematográfica". Para José Lino Grunewald, “é sem dúvida um dos melhores cineastas brasileiros e um dos poucos que, no nível internacional, inova no gênero horror". Na Folha de S.Paulo, Benedito J. Duarte chama o filme de “abracadabrante, a atuação do ator é ridícula e grotescamente pretensiosa".

Crítico de cinema do jornal Última Hora, o escritor Ignácio de Loyola Brandão taxa o filme de ruim. Para Jairo Ferreira, em seu livro Cinema de Invenção, Marins é um “gênio total”. O filme “é puro cinema e nele impera a insegurança e a exasperação. É um tipo de cinema que ameaça as relações normais entre os atores, entre a câmera e o decor, o diálogo e a realidade. Mojica nunca elege o melhor ator, o melhor enquadramento, o melhor diálogo, o melhor momento da filmagem, como os outros cineastas”.

Foto:Divulgação


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