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CARTA À MÃE – CIA. DE DANÇA PALÁCIO DAS ARTES

Av. Afonso Pena, 1537 – Centro – Belo Horizonte

Grande Teatro do Palácio das Artes

(31) 3236-7400

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24 de fevereiro (domingo), às 19h


A Cia. de Dança Palácio das Artes integra, mais uma vez, a programação da Campanha de Popularização Teatro & Dança. Na edição de 2019, o corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado leva ao palco do Grande Teatro do Palácio das Artes o espetáculo lalangue: carta à mãe. Com direção de Morena Nascimento, a coreografia se estrutura a partir de um processo de pesquisa que tem as inquietações femininas sobre as relações e o mundo atual como ponto de partida para a criação dos bailarinos, coautores dessa montagem.

lalangue: carta à mãe propõe um olhar para o feminino como tema central da criação. Por meio de um processo de investigação, os bailarinos criaram uma coreografia que tem como base os diferentes manifestos artísticos que podem surgir a partir de uma visão universal do feminino.

A partir dos primeiros exercícios, os gestos e movimentos da coreografia foram sendo elaborados, de forma individual, até que todo o grupo encontrasse pontos em comum para finalizar a coreografia. Cada bailarino escreveu uma carta para sua mãe, em um idioma inventado, uma referência ao conceito de lalangue, que serão lidas durante o espetáculo. Haverá também alguns solos em que os bailarinos dançam as palavras que dedicaram às mães.

A expressão que dá nome à montagem indica as referências que permeiam esse novo trabalho da CDPA. Na psicanálise, lalangue é um termo em francês que determina as primeiras tentativas de comunicação não organizada e não estruturada entre um bebê e sua mãe ou, em sentido mais amplo, trata-se do saber inconsciente, aquele que, segundo Lacan, escapa do ser falante e, portanto, sabe-se sem saber; aquele que marca o corpo com significantes, sem a mediação da significação. A partir dessa ideia, os bailarinos iniciaram suas pesquisas, ora desconstruindo conceitos pré-estabelecidos, ora buscando referências afetivas para a composição do trabalho.

Para a diretora, Morena Nascimento, a criação desse espetáculo parte de um desejo de reinventar uma linguagem para o corpo e suas relações com o espaço, com os outros, com a própria mãe, entre outros detalhes. “Eu propus aos bailarinos que fizessem o exercício de imaginar o mundo regido por outras leis, leis do feminino”, explica Morena.

A diretora levantou algumas questões que ajudaram na criação coreográfica de lalangue: carta à mãe, com a proposta de trabalhar gestualidades que entrassem em sintonia com o espetáculo. No processo criativo, o coletivo se deparou com algumas provocações da diretora, entre elas: Quais as urgências do corpo hoje? O que podemos produzir a partir da dor? Intuição é uma forma de raciocínio? Quem é minha mãe e qual relação estabeleço com ela? O que é minha primeira referência de feminino? Onde e quando ainda usamos instinto como forma de sobrevivência, seja física, emocional, espiritual? O que seria um manifesto do feminino?

Do rosa ao vermelho – Todo o novo espetáculo da CDPA tem, em um momento ou outro, um certo tom sarcástico direcionado aos modelos pré-estabelecidos e impostos ao universo feminino. O figurino, por exemplo, é uma criação do bailarino Pablo Ramon e remete às variações da cor rosa, passando por vários tons até chegar ao vermelho. Já a iluminação, a cargo de Marina Antuzzi, também usa a mesma paleta de cores, criando uma unidade entre as vestimentas, os bailarinos e o palco. A trilha sonora é uma costura feita pela própria diretora, em que as vozes femininas assumem papel de destaque, tanto em bases eletrônicas quanto em sonoridades poéticas. Além disso, Morena Nascimento optou por utilizar ora sons sintéticos e eletrônicos, ora mais líricos e melódicos. “Eu também selecionei cantoras trans, pois acho bem interessante entender essa voz feminina em corpos diferentes”, revela.

Foto: Paulo Lacerda


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