Eventos

Exposição Wilson Baptista: Urbano Fotográfico

Av. Afonso Pena, 737 - Centro - Belo Horizonte/MG

CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais

(31) 3236-7400

Entrada Gratuita

27 de fevereiro a 25 de maio - de terça a sábado, das 9h30 às 21h


A CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais recebe a exposição Wilson Baptista - Urbano Fotográfico, um recorte com 44 fotografias em preto e branco do acervo, estimado em cerca de trinta mil negativos, do belo-horizontino Wilson Baptista. Por meio do olhar do fotógrafo, é possível perceber as transformações urbanas, arquitetônicas e sociais que ocorreram no centro da capital mineira entre as décadas de 1930 e 1960, visitando micro histórias nas práticas e acontecimentos públicos.

Com curadoria de Paulo Baptista, fotógrafo, professor e filho de Wilson, a exposição traça não só uma linha do tempo da singularidade cotidiana de Belo Horizonte, mas possibilita, também, encontrar formas e composições autônomas derivadas de objetos familiares que se transformam em belíssimas torres e geometrias dos altos edifícios.

Segundo Marconi Drummond, artista plástico e um dos autores, juntamente com os professores da UFMG Renata Marquez e Paulo Baptista, do livro Wilson Baptista - Urbano Fotográfico, o olhar de Baptista revela momentos que definem o que a cidade é hoje. “Há uma espécie de arqueologia urbana, uma prospecção de momentos de Belo Horizonte que com o passar do tempo desapareceu. Trata-se do passado urbano, das edificações, formas de sociabilizar e de como a própria população ocupava a cidade”, explica.

O trabalho de Wilson Baptista captura momentos-chave da história de Belo Horizonte, como a abertura da Avenida Amazonas, flagrantes do Parque Municipal, procissões, a construção do Edifício Acaiaca e até um acidente de bonde no viaduto Santa Tereza. Essa narrativa histórica e fotográfica é uma viagem ao tempo em que a capital se modernizava passando pelo processo de verticalização e aumento populacional.

“As fotografias guardam um tom saudosista de uma cidade mais afetuosa, menos violenta e mais acessível. Em certa medida podemos dizer que esse olhar do Wilson Baptista é testemunha da BH que já teve essas características, mas que hoje se transformou numa cidade caótica. Trata-se de um lote de trabalhos que apresenta um olhar muito afetuoso e singular da cidade”, observa Marconi.

A série que documenta a abertura da Avenida Amazonas veio a público setenta anos depois como parte da exposição Escavar o Futuro, em 2013, no Palácio das Artes. O fotógrafo também participou da exposição Segue-se ver o que quisesse – um registro da vida cotidiana de Minas Gerais, em 2012, e das mais recentes Habitáculo, no Cine Theatro Brasil Vallourec eHorizonte Moderno, no Minas Tênis Clube, ambas em 2015 e Cartografia Imaginária, no SESC Palladium, em 2018, além de ter ocupado outras galerias belo-horizontinas nos anos 2000.

Desta vez, na CâmeraSete, as imagens vão habitar o mesmo espaço fotografado por Wilson há oitenta anos: a Praça Sete e seus entornos. “É muito interessante notar que existe um retorno dessas cenas fotográficas ao espaço que tanto interessou o fotógrafo, e na exposição há fotos que apresentam esse traçado urbano do hipercentro, como uma imagem aérea em grande formato que representa o movimento da Praça Sete ainda circundada por bondes e ajardinada por árvores que foram cortadas. Acredito que as fotografias do Wilson apontam para a importantíssima pergunta: ‘que cidade queremos?’”, questiona o artista.

Entre o artístico e o documental – Apesar de ter começado a fotografar aos 12 anos, Wilson Baptista considerava-se amador, e continuou fotografando até o final da sua vida, aos cem anos de idade. Entusiasta, foi um grande incentivador da fotografia como arte, fazendo com que a produção belo-horizontina se conectasse com outros centros brasileiros de fotografia por meio do Foto Clube de Minas Gerais, do qual foi um dos fundadores e o seu primeiro presidente.

Era praticamente cego de um olho e muito interessado pela arquitetura de Niemeyer, art deco, literatura, desenho, tiro e esgrima, e não se separava nunca de sua câmera: “como se anda com o celular hoje ou se andava com uma arma, eu andava com a máquina”, contou o fotógrafo durante os encontros com os autores do livro Urbano Fotográfico. Assim, estava sempre na hora certa e no lugar certo, sempre muito atento ao aspecto plástico do acontecimento.

Mais interessado no que a fotografia podia sugerir do que na tarefa de documentar a realidade, Wilson tinha um olhar factual, mas que se transformava numa espécie de síntese fotográfica que direcionava a imagem para uma composição geométrica e abstrata do cotidiano.

Foto: Wilson Baptista


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