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Sylvia Amélia apresenta a instalação “Movente” - Projeto “Desvios” | Sesc Palladium

Rua Rio de Janeiro, 1046 - Centro, Belo Horizonte

Sesc Palladium | Belo Horizonte

(31) 3270-8100

Gratuito

De 26 de junho a 25 de setembro de 2022


Atenta às questões que tangem o espaço público e a relação do ser humano com a natureza, Sylvia Amélia se prepara para apresentar seu novo trabalho: a instalação “Movente”. Por meio de elementos visuais e sonoros que dialogam com a memória de Belo Horizonte, a obra da artista mineira vai ocupar diferentes espaços do Sesc Palladium, dentre eles a fachada da Avenida Augusto de Lima, no Centro. Pensada para o projeto “Desvios”, do Sesc Palladium, “Movente” vale-se de árvores, rastros de carros e revoadas de pássaros para criar conexões entre o prédio e seu entorno, convidando o passante à pausa para a contemplação artística e para reflexões sobre a urbe, a coletividade e o meio-ambiente. A instalação ficará montada no Sesc Palladium de 23 de junho a 25 de setembro. A visitação é gratuita.

“O Desvios tem como objetivo potencializar os espaços do Sesc Palladium com muita sensibilidade, ao mesmo tempo que acolhe o nosso público, aguçando e convidando-os a reconstruir olhares e percepções a partir das intervenções ali propostas em cada edição”, complementa a gerente do Sesc Palladium, Priscilla D’ Agostini.

A instalação “Movente” surgiu do convite do Sesc Palladium para que Sylvia Amélia criasse intervenções pensando no diálogo entre o prédio e a paisagem urbana de seu entorno. “Minha primeira percepção do espaço foi com relação às vidraças, que dão visada da Avenida Augusto de Lima para dentro do prédio e vice-versa. Duas coisas na paisagem do entorno se destacaram, então: as árvores urbanas e os carros. Daí, parti para a ideia dos rastros, daquilo que é invisível. Dos rastros dos carros em movimento e das árvores, as que estão ali e as que já estiveram”, comenta a artista, que trabalhou no arquivo do Departamento do Patrimônio Histórico de Belo Horizonte, em 1997. “A intervenção pode ser vista dos dois lados das janelas, que têm 12 módulos de 1mX1m20. Por dentro do espaço, a imagem da vidraça terá um sentido; do lado de fora, outro. Como se fosse um espelhamento. A arte espelha a cidade, e a cidade é atravessada pela produção da arte”, completa.

A partir da percepção sobre as árvores urbanas, Sylvia começou uma pesquisa histórica junto ao escritor e jornalista João Perdigão, a fim de levantar as árvores que existiam na referida avenida. “Encontramos uma reportagem de 1968, que mostra que o canteiro central era largo e preenchido por fícus, árvores que o então prefeito (Luís de Souza Lima) mandou cortar na época. Me debrucei sobre a história e comecei a imaginar árvores que poderiam brotar ali, caso a avenida não existisse, pensando principalmente na vegetação do cerrado mineiro. Além dos fícus, o pequizeiro e os ipês são centrais na composição da paisagem que criei, que também traz árvores representativas da cultura brasileira, como bananeira, cana de açúcar e palmeira”, explica a artista, que utilizará o vinil adesivo como material de trabalho para as intervenções visuais.

Sylvia destaca que “Movente” tem dois eixos: o primeiro são os adesivos que compõem a paisagem de árvores e carros e, o segundo, os pássaros, que seriam os habitantes naturais das árvores. “Há alguns anos venho colecionando fragmentos de formas visuais que lembram voos, e a coleção desses resíduos fez com que eu pudesse imaginar uma revoada de pássaros, mas de espécies diferentes. Uma revoada improvável, imaginária”, sublinha, explicando que o recorte dos voos ficará instalado na escada rolante do prédio. “Acima da cabeça das pessoas, que sobem e descem, haverá uma instalação sonora com sons de pássaros, construídos de forma sintética. Barulhos que se assemelham a cantos de pássaros, mas que são ruidosos, residuais”, completa.

Entre a memória e a imaginação

A artista ressalta que a obra não busca “emular a natureza”, mas, sim, se inspirar em elementos naturais para uma construção imagética autoral. “São criações gráficas, visuais, e não construções naturalistas. Proponho a reflexão sobre as questões ambientais e o diálogo com a cidade, que são temáticas presentes no meu trabalho há mais de 20 anos; mas, também, busco criar um espaço de fruição artística, que chama para a contemplação, que convida o passante a parar, a entrar no prédio. Botar o corpo em pausa para contemplar algo que é belo, diante daquilo que se move, em meio à correria da cidade, é uma força que as artes visuais têm”, afirma, comentando sobre o material utilizado “Faz bastante tempo que utilizo o adesivo vinil em minhas instalações. É um material voltado para a comunicação visual, para a publicidade e para a sinalização. Para dizer de coisas imediatas. Já eu o utilizo para criar imagens que não são enfáticas, que querem dizer para além do que mostram, que apontam para o imaginário artístico”.

Os pontos e contrapontos de “Movente” se conectam, integrando a relação dos elementos com a cidade, a relação do prédio com seu entorno, o conceito, a temporalidade, o material, o suporte e a técnica. “As intervenções feitas com o adesivo vinil usam a cidade como uma espécie de suporte, e são feitas com a técnica do recorte. Diferente da colagem, o recorte tem ênfase no gesto, no cortar, na subtração da imagem que é figura e fundo, forma e contraforma. A execução é minuciosa, os recortes são todos manuais, feitos à tesoura”, comenta, lembrando a efemeridade da própria obra. “É um trabalho que vai acontecer e que ficará ali por três meses. Depois, o material é retirado. Então, neste sentido, valorizamos também a dimensão da experiência, da fruição, do próprio sentido de algo que se move e que passa”, diz.

Para Sylvia, a instalação chama atenção sobre questões de hoje e ontem – mas também ativa a imaginação do espectador. “Na pesquisa, por exemplo, chama atenção o fato de que os fícus foram cortados em 1968 sob a justificativa absurda do prefeito de que as pessoas estavam namorando debaixo das árvores, o que as tornou espaço de namoro de encontro. Uma ação injustificada, com argumentos frágeis e desconectados do próprio sentido de cidade. As reflexões são muitas. A cidade como um espaço cada vez mais áspero, difícil de estar. Com menos árvores e mais cimento; com menos montanhas e mais buracos de mineração”, pontua. “Ao mesmo tempo, ‘Movente’ também aponta para as possibilidades imaginativas. Pensar a cidade pelo que já passou e pelo que está por vir. É sobre memória, mas também sobre a imaginação. Como um devir da memória”.

Sylvia Amélia apresenta a instalação “Movente”
Projeto “Desvios” | Sesc Palladium

Quando.; abertura – dia 23/06, quinta-feira, às 19h; encerramento – dia 25 de setembro
Onde. Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro – Belo Horizonte)
Quanto. Visitação gratuita
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Foto: Luiza Palhares.


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