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Ato Público contra o feminicídio e demais violências contra as mulheres

Praça Afonso Arinos –Belo Horizonte

Praça Afonso Arinos –Belo Horizonte

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9 de novembro – sexta-feira 18 horas


Neste momento, uma mulher está sendo vitima de violência e feminicídio (assassinato em função do gênero) no Brasil. É o que indicam as estatísticas sobre a violência contra a mulher brasileira, conforme registros de órgãos como o Relógios da Violência, do Instituto Maria da Penha.

Segundo esta fonte, a cada 7,2 segundos uma mulher é vítima de violência física.

Este quadro também fica claro para qualquer pessoa que acompanha a situação da mulher no país por meio de outros canais. Os registros publicados, por exemplo, pela imprensa, estão repletos de relatos sobre assassinatos, estupros e outros horrores vividos por mulheres de todas as idades, inclusive crianças.

Quem ama não mata

Inconformado com esta situação, um grupo de mulheres de Belo Horizonte decidiu ir às ruas para protestar. Elas fazem parte do Movimento Quem Ama Não Mata, que vai realizar sexta-feira, dia 9 de novembro, a partir das 18h, na Praça Afonso Arinos, Centro da capital mineira, um ato político e cultural feminista e laico para denunciar e buscar caminhos para mudar esta situação.

A proposta é reunir o maior número possível de entidades e grupos representativos da luta pelos direitos da mulher, incluindo estudantes, sindicatos, associações de classe, dentre outros, e do público-alvo em geral. O local escolhido foi pela simbologia política que aquele espaço representa, bem como pela sua localização e facilidade de acesso. A Praça Afonso Arinos é ponto de encontro de manifestações políticas e culturais desde a época da ditadura militar.

Já confirmaram presença, entre outras, representantes da Fetaemg, Associação das Prostitutas, UFMG, Rede de Mulheres Negras, Rede Afro LGBT e Marcha das Vadias

Quem ama não mata - Histórico

O Movimento quem ama não mata na verdade é a reedição de uma iniciativa homônima realizada há cerca de 40 anos. Naquela época, numa atitude pioneira e que ganhou repercussão em todo o Brasil, um grupo saiu às ruas para protestar contra o crescente assassinato de mulheres por seus maridos e parceiros em Belo Horizonte, realizando uma manifestação-protesto nas escadarias da igreja de São José, no centro da capital mineira.

O movimento ganhou tanto destaque no cenário nacional que em 1982 a Rede Globo de Televisão produziu e exibiu uma minissérie de 20 capítulos, com elenco de ponta da emissora, usando a mesma temática e o nome "Quem ama não mata".

Desta vez, a indignação é ainda maior porque se constata que a matança de mulheres não só não diminuiu nesses quase 40 anos (a primeira campanha data do início da década de 1980), mas, ao contrário, cresceu, sobretudo quando envolvem mulheres negras, como mostram as estatísticas dos estudos realizados nos últimos anos.


Como surgiu o movimento

A ideia do protesto surgiu com a publicação de um texto em sua página no FB, pela jornalista Hélia Ventura (uma das coordenadoras do movimento, junto com a também jornalista Miriam Chrystus), no qual ela chamava a atenção para o grande número de mulheres sendo mortas em circunstâncias que apontavam para o feminicídio (o termo se refere ao assassinato quando há menosprezo ou discriminação à condição de mulher).


O tema foi acolhido por Myriam Chrystus e ela, imediatamente, lançou a campanha nas redes sociais, onde atraiu adeptos e colaboradores, com a seguinte postagem:


"Mulheres do mundo, uni-vos!

Contra o assédio moral, sexual, a violência contra os nossos corpos desde crianças e até o fim da vida, o desrespeito intelectual, o desprezo, só há uma possibilidade de luta: dirigir a palavra a nós mesmas.
Mais do que leis, precisamos focar nossas energias para a conscientização das próprias mulheres. Valorizem-se, não aceitem relacionamentos abusivos. Depois da primeira agressão, saiam, fujam, façam qualquer coisa, menos perder a vida nas mãos desses brutamontes assassinos.

Por uma manifestação Quem ama não mata 2, nas escadarias da igreja São José, como fizemos quase 40 anos atrás, quando da morte de Heloísa Ballesteros e Maria Regina Souza Rocha, por seus maridos.

Vamos protestar contra os feminicídios cada vez mais crescentes.

Vamos nos organizar, vamos nos unir".


Assim começou a campanha, da qual participa um número grande de mulheres, representantes das mais diferentes profissões e atividades feministas. A metodologia adotada por elas foi a subdivisão em outros grupos, que se reúnem e trabalham em diversas frentes para garantir o sucesso da empreitada.

Feminicidio e violência sexual

Uma campanha contra o feminicídio, realizada pelo Conselho Nacional de Justiça, aponta que 1.133 mulheres foram vítimas desse tipo de crime no país em 2017.

No âmbito internacional, o Brasil figura como o quinto país com maior índice de mulheres vítimas de feminicídio, como indica a Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo a instituição, a taxa é de 4.8 para cada grupo de 100 mil mulheres.

Outro registro importante refere-se à violência sexual, chamando a atenção os casos de estupro cada vez mais frequentes. Pesquisa realizada em 2013 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPea)) no âmbito do Sistema de Indicadores de Percepção Social, revelou que a cada ano no Brasil 0,26% da população sofre violência sexual.

A cada 11 minutos ocorre um estupro no Brasil, segundo dados de 2015 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, os mais utilizados sobre o tema. 70% das vítimas são crianças e adolescentes. No entanto, calcula -se que estes números retratem apenas 10% do que realmente acontece.

A violência contra a mulher é recorrente, praticada sob diversas formas e graus de intensidade e está presente em diversos países, motivando graves violações dos direitos humanos e crimes hediondos.


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