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Petrobras apresenta HAMLET, um espetáculo da Armazém Companhia de Teatro

Rua da Bahia, 2244, Lourdes

Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube

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De 9 a 11 de novembro Sexta-feira e sábado, às 20h; Domingo, às 19h


Acostumada a processos que resultam na criação de uma dramaturgia própria (vide Inveja dos Anjos e A Marca da Água – que levaram o Prêmio Shell de Melhor Autor em 2008 e 2012, além de O Dia em que Sam Morreu – Prêmio Cesgranrio de Melhor Texto em 2014), a Armazém Companhia de Teatro se volta agora para um outro tipo de processo, onde o que mais interessa é o seu posicionamento sobre a narrativa. Partindo da obra fundamental de Shakespeare, a Companhia retorna a capital mineira para apresentar, no Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube, de 9 a 11 de novembro, o espetáculo HAMLET. A ideia geral da Armazém é encontrar um Hamlet do nosso tempo. Um Hamlet cheio de som e fúria. Não numa atualidade forçada, mas ressaltando aspectos da obra que dialogam com esse coquetel de conflitos contemporâneos que vemos todos os dias jorrando nas grandes cidades do mundo.

Patrocinada pela Petrobras desde 2000, a Armazém Companhia de Teatro completou 30 anos de existência no final de 2017, travando um complexo diálogo criativo com um dos melhores materiais dramatúrgicos da história. Hamlet é o príncipe da Dinamarca. Apenas um mês separa a morte repentina e inexplicável de seu pai e o novo casamento de sua mãe. O príncipe tem visões de seu pai, que afirma que foi envenenado pelo irmão, e exige que Hamlet se vingue e mate o novo Rei (seu tio e padrasto). Hamlet se finge de louco para esconder seus planos, e vai perdendo o controle sobre sua própria realidade no meio deste processo. Ou seja, a invenção teatral do século XVI de um príncipe que fingia loucura e o espírito inflamado do nosso século entraram inevitavelmente em colisão. Já não há mais fingimento. A loucura de Hamlet tornou-se a loucura do mundo.

A história de Hamlet é a história da destruição de uma ordem estabelecida. Shakespeare representa a corte real dinamarquesa mergulhada em corrupção. Assassinato, traição, manipulação e sexualidade são as armas usadas na guerra para preservar o poder. No centro dessa história está Hamlet, um homem desesperadamente preocupado com a natureza da verdade, um homem notável que quer ser mais verdadeiro do que, provavelmente, é possível ser. E que exige do resto do mundo que sejam todos verdadeiros com ele. Mas é possível conhecer a si mesmo integralmente? É possível conhecer integralmente as pessoas a seu redor? Hamlet se fragmenta, nossa época o faz assim, um sujeito destrutivo, atormentado e letal.

“É importante tratar Shakespeare como se ele fosse um genial dramaturgo recém-descoberto com algumas coisas urgentes a dizer sobre a guerra, sobre a loucura do mundo e sobre nossos líderes políticos modernos”, comenta Paulo de Moraes que escreveu o roteiro das cenas antes de Maurício Arruda Mendonça fazer a tradução. “Maurício conseguiu uma poesia sem pompa, que comunica sem perder a beleza. E é grande mérito dos atores que essa poesia chegue rasgando, ela é língua, ela é corpo, ela é carne”, conclui o diretor.

Em cena, sete atores dão vida aos personagens de Shakespeare: Patrícia Selonk (Hamlet), Ricardo Martins (Claudius), Marcos Martins (Polonius), Lisa Eiras (Ofélia), Jopa Moraes (Laertes), Isabel Pacheco (Gertrudes) e Luiz Felipe Leprevost (Horácio). Em participação em vídeo, Adriano Garib é o Espectro.

Desde a estreia, em junho de 2017, no Rio de Janeiro, onde realizou quatro temporadas, Hamlet passou por São Paulo, Angra dos Reis, Aracaju, Curitiba, Fortaleza, Londrina, Natal, Porto Alegre, Recife, Salvador e Vitória, além de ter realizado uma temporada de muito sucesso no CCBB Belo Horizonte. Aproximadamente 30 mil pessoas assistiram ao espetáculo nas mais de 120 apresentações realizadas até o momento.

Prêmios de Hamlet

Hamlet recebeu o Prêmio Cesgranrio de Teatro 2017, na categoria de Melhor Iluminação, além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Espetáculo, Direção, Cenografia, Iluminação, Figurino e Categoria Especial (pela Trilha Sonora Original). Também recebeu o Prêmio Shell 2017 de Melhor Cenário, além de indicações para Melhor Direção e Melhor Iluminação. No Prêmio APTR, o espetáculo recebeu os prêmios de Melhor Atriz Coadjuvante (Lisa Eiras) e Melhor Cenário, além de indicações nas categorias de Melhor Espetáculo, Direção, Atriz, Iluminação e Figurino. Hamlet também recebeu o Prêmio Cenym 2017 de Melhor Atriz (Patrícia Selonk) e Melhor Companhia de Teatro.

O que disse a crítica

“A direção de Paulo de Moraes é de um artesanato criterioso. O primeiro ato reúne as características formais ampliadas numa sucessão de recursos surpreendentes. No segundo, o desenvolvimento da trama ganha o ritmo de um voo rasante. A cenografia de Carla Berri e Paulo de Moraes confere à caixa cênica a imponência de estrutura envidraçada, que se movimenta como anteparo de vilanias e abrigo de duelos. A iluminação de Maneco Quinderé define a coloração dramática de assassinatos e a luminosidade da maquinaria do palco com a autoridade de sua assinatura. O elenco está igualmente alinhado com a proposta vibrante do encenador.” (Macksen Luiz, Jornal O Globo)

“Em mais um grande acerto, a Armazém Companhia de Teatro equilibra com maestria o clássico e o contemporâneo nesta releitura da tragédia de Shakespeare. Patrícia Selonk dá uma aula de interpretação na pele do (quase) enlouquecido protagonista, muito bem acompanhada Lisa Eiras (Ofélia) e um amadurecido Jopa Moraes – que se desdobra em três papéis. Discretas referencias à realidade política do país também são muito bem exploradas.” (Renata Magalhães, Revista Veja Rio)

“Patrícia Selonk assina um Hamlet histórico, um desempenho monumental, construção de carne, afeto, razão desmedida, impossibilidade, flerte com o desejo humano desvairado de absoluto. A condição feminina faz parte da busca da contradição. Ela imprime ao personagem mais uma nota de oscilação e de incerteza sensível, fortalece a identificação do protagonista com a imagem patética do cidadão impotente do nosso tempo, a partir de uma intensa vibração afetiva subterrânea.” (Tânia Brandão, blog Folias Teatrais)

“A versão de Hamlet, da Armazém Companhia de Teatro, é um marco.” (Claudia Chaves, Jornal do Brasil)

“A montagem de Paulo de Moraes enfatiza não apenas a semelhança entre a Dinamarca da ficção e o Brasil atual, mas também o poder letal daqueles que conseguem superar a melancolia e o desespero e resolvem agir. E tal superação transcende o pessoal e se afigura como um gesto político. (…) além disso o encenador conseguiu extrair uma das mais brilhantes performances de Patrícia Selonk. Na pele de Hamlet, a atriz potencializa ao máximo toda a fragilidade e potência do personagem, tornando verossímeis tanto a melancolia e inércia do personagem no início quanto a fúria devastadora que o domina a partir do momento em que decide efetivamente agir. E no que se refere ao célebre monólogo ‘Ser ou não ser’, proferido em voz baixa e impregnado de uma dor que chega a ser exasperante, bastaria este breve e sublime momento para ratificar o que todos já sabem: Patrícia Selonk é uma das melhores intérpretes do país.” (Lionel Fisher, crítico e jurado dos prêmios APTR e Cesgranrio)

“A escolha de Patrícia Selonk para interpretar o príncipe vingador foi ousada e certeira. Ela se entrega por completo ao personagem e sua performance é marcada por muitas nuances, conseguindo transmitir as angústias e contradições de um indivíduo à sombra da memória (e do ódio) do pai. A Armazém consegue mostrar que Shakespeare é um autor essencialmente popular. Ele fala sobre o humano sem idealizações e não está confinado em uma torre de marfim que alguns críticos e estudiosos quiserem aprisioná-lo por séculos. Hamlet permanece atual porque a sombra da crueldade, da loucura, o questionamento do ser ou não ser, diz respeito à nossa natureza (ainda que muitas vezes queiramos negá-la).” (Márcio Bastos, Jornal do Commércio - Recife)

Sobre a Armazém Companhia de Teatro

Em 2018, a Armazém Companhia de Teatro segue apresentando sua versão de Hamlet em turnê nacional. Com mais de 40 prêmios nacionais no currículo, a companhia também foi premiada duas vezes no Festival Fringe de Edimburgo (na Escócia), com o prestigiado Fringe First Award (2013 e 2014) e no Festival Off de Avignon (na França), com o Coup de Couer de la Presse d’Avignon (2014).

A Armazém Companhia de Teatro foi formada em 1987, em Londrina, em meio à efervescência cultural vivida pela cidade paranaense na década de 80 - de onde saíram nomes importantes no teatro, na música e na poesia. Liderados pelo diretor Paulo de Moraes, o senso de ousadia daqueles jovens buscando seu lugar no palco impregnaria para sempre os passos do grupo: a necessidade de selar um jogo com o seu espectador, a imersão num mundo paralelo, recriado sobretudo pela ação do corpo, da palavra, do tempo e do espaço.


Com sede no Rio de Janeiro desde 1998, a companhia acaba de completar 30 anos de formação. Graças ao patrocínio continuado da Petrobras, desde 2000, a companhia tem conseguido levar seu trabalho aos públicos mais variados, tanto do Brasil quanto do exterior. Sempre baseando seus espetáculos em pesquisas temáticas (com a criação de uma dramaturgia própria com ênfase nas relações do tempo narrativo) e formais (que se refletem na utilização do espaço, na construção da cenografia, ou nas técnicas utilizadas pelos atores para conviver com o risco de encenar em cima de um telhado, atravessando uma fina trave de madeira ou imersos na água), a questão determinante para a companhia segue sendo a arte do ator. Busca-se para o ator uma dinâmica de corpo, voz e pensamento que dê conta das múltiplas questões que seus espetáculos propõem. E a encenação caminha no mesmo sentido, já que é o corpo total do ator que a determina.


Apesar da construção de espetáculos tão díspares e complementares como A Ratoeira é o Gato (1993), Alice Através do Espelho (1999), Toda Nudez Será Castigada (2005) e O Dia em que Sam Morreu (2014), a Armazém Companhia de Teatro segue sua trajetória sempre investindo numa linguagem fragmentada, que ordene o movimento do mundo a partir de uma lógica interna. Essa lógica interna é a voz da Armazém, talvez a grande protagonista do mundo representacional da companhia.

Foto: Leo Aversa


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