Eventos

Exposição comemorativa 100 anos do Pintor Inimá de Paula

Rua da Bahia, 1201, Centro, Belo Horizonte

Museu Inimá de Paula

(31) 3213-4320

Entrada Franca

De 20 de dezembro a 19 de abril de 2019 - terça, quarta, sexta e sábado: 10h às 18h30 - quinta: 12h às 20h30 - domingo: 10h às 16h30


A exposição “Paisagens que aprendi de cor”, com curadoria de Júlio Martins, tomou os eixos da “paisagem” e da “cor” para selecionar dez telas do Inimá de Paula que trazem um panorama de diferentes momentos do pintor. Para dialogar com estes quadros, foram convidados dez artistas contemporâneos cujos trabalhos também partilham o olhar sobre estes elementos. Entre eles estão André Hauck, Victor Galvão, Desali, Fábio Baroli, Felipe Góes, João Castilho, Pedro David, Stéphane Vigny, Rosana Ricalde, Rafael Zavagli. A entrada da mostra é gratuita e ela estará aberta a partir do dia 20 de dezembro, no Museu Inimá de Paula. O espaço que comemora 10 anos de existência tem sua manutenção patrocinada pelo Banco Santander por meio de incentivos da Lei Rouanet.

Entre as obras de Inimá escolhidas, “O Casarão Vermelho”, de 1967; “Jardim da Vila”, déc. 1970 e “O Sol do meio-dia”, de 1983 são bastante representativas do tratamento cromático dado às paisagens, construídas pelo autor com massas generosas de tinta, em linhas e cores expressivas, em três décadas diferentes. Enquanto “Paisagem do interior mineiro – Derrubada”, de 1955 e “Favela”, de 1968 são testemunhos de uma posição crítica do artista frente a questões políticas brasileiras.

As cenas de “Derrubadas” e “Queimadas”, iniciadas nos anos 1950, já anteviam consciência ecológica ao criticar as iniciativas modernizantes que, sob o signo do progresso, devastaram amplas áreas florestais para a construção de rodovias. As pinturas destoam do resto da produção, por sua paleta mais sombria e colorido contido.

Já em meados dos anos 1960, época de endurecimento da ditadura no Brasil, Inimá iniciou sua série de “Favelas”, cariocas e posteriormente mineiras. São paisagens que apontam para a exclusão social, mas localizam também certa esperança ali, já que nelas vemos as cores explodirem de maneira inédita, como se a vida permanecesse, a despeito das dificuldades. Inimá apura as cores e é deste mesmo período que vieram suas soluções cromáticas mais sofisticadas e extravagantes o consolidando como “Mestre das Cores” e “Fauve Brasileiro”.

Já o quadro “Paisagem Cubista”, déc. 1950, bastante experimental, apresenta um híbrido entre figuração e abstração em que o artista organiza os elementos como num horizonte, de forma lúdica e atípica em sua produção. “Os Arrozais do Japão”, de 1974, traz a presença de um cenário estrangeiro, enfatizando a influência da cultura japonesa na vida e obra do artista. “A partir daí passamos a operar com uma noção ampliada de “paisagem” e “cor” para selecionarmos, por exemplo, um quadro da fase abstrata do pintor, “Tachismo”, de 1962. Ainda que se negue aqui qualquer referência à figuração, nos interessou ler esta imagem em sua horizontalidade como uma cena gestual”, enfatiza o curador. A exposição conta ainda com o paisagismo presente nas obras “Marinha com Lagostas”, de 1968, e na “Composição com cajus”, 1976, que se vale tanto dos aprendizados com Cézanne e Matisse, como adere à tradição um elemento tipicamente brasileiro, no caso o caju do Ceará.

“Este encontro entre tradição e cultura local é dos mais interessantes na obra de Inimá e nos permite promover diálogos com artistas contemporâneos, o que nos leva ao segundo momento dessa exposição, aquele em que celebrar o Centenário de Inimá de Paula significa mobilizar seu imaginário no tempo presente”, destaca Júlio Martins, que também selecionou dez trabalhos contemporâneos para compor a mostra.

André Hauck e Victor Galvão atingem efeitos bastante pictóricos com suas experimentações em vídeo; Desali, paralelamente às cenas de “Favelas” de Inimá, também mapeia zonas periféricas em suas pinturas de colorido marcante; Fábio Baroli e Felipe Góes dão consistências cromáticas às paisagens, sendo a própria cor, por vezes, seu principal habitante; João Castilho lança temperos num deserto de sal para compor fotografias de declarado interesse pictórico; as terras escavadas capturadas por Pedro David encontram diálogo visual com a materialidade das pinturas abstratas de Inimá; Stéphane Vigny e Rosana Ricalde remodelam a memória impregnada em certas imagens por seus modos de fazer cenários; entanto para Rafael Zavagli, as paisagens podem recolher-se a duas manchas de cor horizontais.

Foto: Divulgação


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