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Cobogó lança peças de Márcio Abreu em novo título da Coleção Dramaturgia

Reunidas em livro, MARÉ e PROJETO bRASIL, peças do dramaturgo e diretor Marcio Abreu, serão lançadas em BH neste sábado(21/01).  As obras dialogam com questões brasileiras por meio de textos pulsantes e contemporâneos. 

Para compor a safra 2016 da Coleção Dramaturgia, que trouxe às prateleiras livros de peças prestigiadas da cena teatral contemporânea como Caranguejo Overdrive, BR-Trans e Krum, a Editora Cobogó lança MARÉ / PROJETO bRASIL, título que reúne os textos de dois espetáculos assinados pelo diretor e dramaturgo Márcio Abreu e que, cada um à sua maneira, tratam do Brasil por meio de dramaturgias impactantes.

MARÉ foi escrito a partir do episódio da chacina policial ocorrida em junho de 2013 no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. O texto foi criado a convite do grupo de teatro mineiro espanca!, que convidou dramaturgos de linguagens estéticas radicalmente diferentes para escrever textos usando como disparadores criativos fatos políticos que marcaram a sociedade brasileira nos últimos tempos. A partir da justaposição dos quatro textos, o grupo montou o espetáculo REAL, que pode ser conferido atualmente em Belo Horizonte, na programação da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. A montagem segue em cartaz até o próximo dia 22, de quinta a domingo, no Galpão Cine Horto. Os ingressos estão sendo vendidos a nos postos do Sinparc e custam a partir de R$5.

No texto, Márcio Abreu cria uma espécie de poema rítmico dividido em quatro partes que ecoam, alternadamente, as vozes de membros de uma mesma família – a avó, as crianças, a mãe e o pai —, vitimados por uma tragédia: a morte do homem da casa, dentro do local onde habitam, em consequência de uma chacina policial. A obra, inspirada na realidade das favelas brasileiras, traz os ecos da cidade para a língua poética do teatro.

Já PROJETO bRASIL é fruto de dois anos de viagens pelo país feitas pela companhia brasileira de teatro, dirigida por Márcio Abreu, e da matéria-prima recolhida pelo grupo em apresentações de peças de seu repertório, na realização de seminários, palestras, leituras e vivências junto ao público. A partir da intensa programação de pesquisa nas cinco regiões do país, foi gerado coletivamente um conjunto de performances — denominadas “discursos” — que refletem o material recolhido pelos integrantes da companhia em seu encontro com a realidade brasileira.

O resultado está entrelaçado nas sequências que apresentam de falas do ex-presidente do Uruguai José Mujica e da ex-ministra francesa Christiane Taubira até performances não verbais ou que incluem a participação do público, que é levado a uma reflexão sobre o presente do país, em seu aspecto político e humano, e sobre a multiplicidade de países dentro de um mesmo.

“Em ambas as peças, há uma dimensão de diálogo com o real, sem a ingenuidade ou a pretensão de reproduzi-lo. Há o desejo de reinvenção do mundo, ou de mundos, através da língua, ou das línguas, ou, ainda, do que não cabe nelas. Há, portanto, a palavra como potência, como abertura de sentidos, mas também como insuficiência, como tentativa”, avalia Marcio Abreu em seu texto de apresentação no livro.

MARÉ / PROJETO bRASIL inclui ainda ensaios sobre as peças e o trabalho do autor, escritos pela jornalista e crítica de teatro Luciana Eastwood Romagnolli, pela atriz e dramaturga Grace Passô e pela diretora editorial da Cobogó, Isabel Diegues.

Sobre o autor

Márcio Abreu é dramaturgo, encenador e ator. Criou e integra a companhia brasileira de teatro. Realiza ações de intercâmbio com artistas do Brasil e da França. Entre seus trabalhos recentes estão Vida (2010), pelo qual recebeu os prêmios Troféu Gralha Azul de melhor texto e direção; Oxigênio (2010), de Ivan Viripaev; Isso te interessa? (2011), de Noëlle Renaude, que lhe rendeu, em 2012, os prêmios APCA e Bravo! de melhor espetáculo do ano e Questão de Crítica de melhor direção; Esta Criança (2012), do francês Joël Pommerat, pelo qual recebeu o prêmio Shell de melhor direção; Nômades (2014); e Krum (2015), de Hanoch Levin, que lhe rendeu os prêmios Shell 2015, Cesgranrio 2015 e Questão de Crítica 2015 de melhor direção. Em 2012, escreveu uma versão de Os três porquinhos para a Comedie Française e foi coautor de A história do rock por Raphaelle Bouchard com a Compagnie Jakart, com a qual também colaborou em Nus, ferozes e antropófagos. Foi nomeado pela Folha de S. Paulo como personalidade de teatro do ano, em 2012.

Sobre a Cobogó

Com mais de 30 publicações sobre teatro, a Cobogó é uma das editoras que mais investe em dramaturgia no país e oferece ao leitor a oportunidade de ter bons livros com textos dramáticos ao alcance das mãos. “Em alguns países, como a França e a Argentina, já existe essa prática. A peça entra em cartaz muitas vezes com o livro publicado junto. Por aqui, isso raramente acontece. Nas livrarias do Brasil são encontradas apenas obras de autores consagrados, quando muito. É por isso que estamos fazendo do teatro uma linha de publicação importante da editora”, observa a diretora editorial Isabel Diegues. Em 2012, a Cobogó foi indicada para o Prêmio APTR de Teatro, na categoria Especial, pela publicação da Coleção Dramaturgia. Agora, em 2016, a editora concorre na mesma categoria ao prêmio Questão de Crítica.

Os últimos livros lançados pela editora na coleção foram Krum (Hanoch Levin), BR-Trans (Silvero Pereira), Caranguejo Overdrive e Cara de Cavalo (de Pedro Kosovski), Garras curvas e um canto sedutor (Danielle Ávila Small), Nômades (Marcio Abreu e Patrick Pessoa) e a série da Cia OmondÉ, de Inez Vianna, formada por Infância, Tiros e Plumas, Os mamutes e Nem mesmo todo oceano. Além disso, a Cobogó lançou em parceria com o órgão Acción Cultural Española (AC/E) e com o TEMPO_FESTIVAL a Coleção Dramaturgia Espanhola, com dez textos de dramaturgos espanhóis contemporâneos traduzidos por importantes diretores teatrais brasileiros.

Criada em 2008, a Cobogó tem como foco a publicação de livros sobre arte e cultura contemporâneas. Lançou diversos títulos, dentre eles A filosofia de Andy Warhol, de Andy Warhol; Hans Ulrich Obrist – Entrevistas vols. 1 a 6; os panoramas Pintura Brasileira séc. XXI, Desdobramentos da Pintura Brasileira séc. XXI, Fotografia na Arte Brasileira Sec. XXI e Outras Fotografias na Arte Brasileira Sec. XXI, além de monografias de importantes artistas visuais do país, como Adriana Varejão, Iran do Espírito Santo, Mauro Piva e Paulo Monteiro. Além de teatro e artes visuais, a Cobogó também vem publicando livros de dança, moda, música, dentre outras artes.

Foto: Divulgação

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