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Dia Internacional em Homenagem às Vítimas do Holocausto é lembrado em Minas Gerais

Com a participação do governador Romeu Zema e do Embaixador de Israel no Brasil, evento estimula a reflexão sobre tolerância

Há 75 anos, em 27 de janeiro de 1945, tropas soviéticas libertaram os prisioneiros do mais conhecido campo de concentração nazista, Auschwitz. A data foi um dos eventos-chave para o fim da Segunda Guerra Mundial e mostrou ao mundo os horrores cometidos contra a população judaica pela Alemanha nazista. Em 2005, durante Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), aquele momento tão simbólico foi estabelecido como o Dia Internacional em Homenagem às Vítimas do Holocausto, mantendo viva a memória de um dos episódios mais sombrios da humanidade, quando 6 milhões de judeus foram assassinados. Também foram vítimas do extermínio ciganos, homossexuais e comunistas. Pelo campo de Auschwitz, passaram mais de 1 milhão de vítimas do regime.

Em Belo Horizonte, a data foi lembrada durante solenidade realizada no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), na noite desta segunda-feira (27/1). Marcada por discursos potentes e que exaltaram as memórias, as lutas e os direitos humanos, a cerimônia também homenageou convidados com uma placa alusiva à data e em reconhecimento ao espírito de concórdia e gratidão. O governador Romeu Zema ressaltou a importância do evento e disse que sempre teve, em relações profissionais e pessoais, contato próximo com o povo judeu. “Na minha vida, aprendi a apreciar esse povo, que é exemplo para todos os demais: exemplo de perseverança, de tolerância e de trabalho”, destacou o governador.

Para que nunca mais aconteça

Mais do que um momento de tributos, o Dia Internacional em Homenagem às Vítimas do Holocausto marca um encontro de velhas e novas gerações para não deixar que as lembranças de atos desumanos caiam no esquecimento. De acordo com o embaixador de Israel, Yossi Shelley, a celebração dessa data se faz ainda mais importante com o passar dos anos. “Temos que pensar que, em algum momento, os sobreviventes do Holocausto não vão estar mais entre nós para contar sua história. Quanto mais o tempo passa, maior a necessidade de manter viva essa memória para que a humanidade não esqueça essas atrocidades”, disse.

Celebrado em todo o mundo desde 2005, o 27 de janeiro também tem relevância na esfera estadual, com a Lei nº 22.232/2016, que institui o Dia Estadual em Memória das Vítimas do Holocausto. O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Marcelo Matte, que esteve presente na solenidade, destacou que constantes recordações desse episódio são fundamentais para estreitar laços entre as pessoas e reafirmar princípios como a tolerância e o respeito. “A homenagem que se faz no mundo inteiro é um esforço global para que esse episódio tão trágico e cruel não seja apagado de nossa memória e não se repita”.

Memória e diversidade

Marcelo Matte também pontou que o evento tem ganhado espaço em todos os setores da sociedade, por seu caráter universal, civilizatório e pelas reflexões que proporciona. Para o secretário, momentos como este “são uma oportunidade para que as autoridades manifestem um apelo à tolerância, ao respeito às liberdades individuais de todas as formas e à convivência pacífica e civilizada entre as pessoas e os países”.

O secretário ainda lembrou que, somente na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), existem mais de 3,5 mil famílias de origem judaica. Para ele, isso é também um reflexo da diversidade cultural de Minas Gerais, uma das mais emblemáticas características do estado. “Minas está sempre aberta a todos os povos e culturas. Minas é o estado síntese do Brasil. Pessoas de várias etnias e crenças se reuniram para construir esse estado bem no centro do país e que representa, como nenhum outro, a cultura brasileira”, finalizou.

Memória e sobrevivência

Um dos pontos mais emocionantes da cerimônia foi o depoimento do sobrevivente dos campos de concentração nazistas Henry Katina. Radicado em Belo Horizonte há quase 70 anos, Katina narrou sua trajetória carregada de superação. Após ter sido levado a Auschwitz ainda garoto, em 1944, quando a Alemanha ocupou a Hungria, sua terra natal, Katina também conheceu os horrores dos campos de extermínio de Ehrlenbusch e Bergen-Belsen.

Para ele, mesmo após mais de sete décadas do fim da Segunda Guerra, é preciso não esquecer do que aconteceu nesses locais. “O nazismo tem que ser execrado. Isso jamais poderia acontecer com povo nenhum, não só com os judeus, mas na África, em qualquer lugar do mundo. O Holocausto foi e continuará sendo um horror”, afirmou o sobrevivente.

Henry Katina nasceu na Hungria, em 1931. Em 1944, quando a Alemanha invadiu o país, foi levado junto com a mãe e os oito irmãos para o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. Só não foi levado para a câmara de gás com outras crianças e adolescentes porque se apresentou como adulto, vestindo roupas mais largas e falando alemão. Depois, foi transferido para o campo alemão de Ehrlenbusch, obrigado a rotinas de trabalho extremas, praticamente sem comida.

No início de 1945, Katina e milhares de outros prisioneiros tiveram que marchar a pé para Bergen-Belsen, conhecido como um dos piores campos de concentração da guerra. Em abril, foi finalmente libertado pelo exército inglês. Tendo perdido a maioria de seus parentes, morou posteriormente na Suécia e no Canadá, antes de chegar a Belo Horizonte. É autor do livro “Passagem para a Liberdade” (Geração Editorial), em que conta detalhadamente sua vida.

Também participaram do evento o vice-governador de Minas, Paulo Brant, o presidente do BDMG, Sérgio Gusmão Suchodolski, além de secretários de Estado, deputados, desembargadores, juízes, entre outras autoridades. A solenidade contou, ainda, com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas das chuvas em Minas Gerais.

Foto:Divulgação

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