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Grupo Candonguêro lança primeiro disco com shows em cinco cidades mineiras

As canções que embalam o carnaval de Ouro Preto, compostas por artistas locais, desde a década de 60 até o momento atual, estão presentes no primeiro álbum “Era Uma Vez um Carnaval”, do grupo Candonguêro. O disco reúne em 13 faixas, um total de 16 canções, selecionadas a partir de um projeto que vem sendo realizado ao longo de mais de 10 anos, período de intensa pesquisa histórica, musicológica e sociológica, no afã de compreender a poética do carnaval ouro-pretano, e o que fez dele uma festa única, com todas as suas particularidades e características próprias. O lançamento do disco contará com shows de lançamento em cinco cidades mineiras: Itabirito (7/2), Diamantina (8/2), Belo Horizonte (16/02), além de Juiz de Fora e Barbacena com datas a definir.

“Era Uma Vez Um Carnaval” é um lançamento do selo Ultra Music, produzido por Barral Lima, com direção musical de  Barral e Chiquinho de Assis, que também assina os arranjos. O CD tem a participação dos músicos Chiquinho de Assis (Voz, Backvocais e Violão), Pablo Malta (Guitarras, Guitarra Baiana, Bandolim e Violão 7 Cordas), Chico Bastos (Cavaquinho e Flauta Transversal), Pedro Gomes (Baixo), Christiane Cordeiro (Backvocais, Zabumba e Triângulo), Gustavo Grieco (Bateria) e Fábio Martins (Percussão), com participação especial da cantora Silvia Gomes em “Sambei” e do trombonista Leonardo Brasilino nas músicas “Ouropretar” e “Ciranda da Saudade”.

Idealizado pelo compositor e pesquisador Chiquinho de Assis, o projeto surge tendo como parceiros de produção o maestro Rodrigo Toffolo da Orquestra Ouro Preto e o Diretor Teatral Flaviano Souza Silva. Na trajetória desses três jovens artistas mineiros destacavam-se os caminhos indicados pelos antigos professores e ex-alunos da Escola de Minas da UFOP os mineiros e sexagenários: Victor Godoy e Jorge Adílio Pena. Estes, participantes da atmosfera boêmia da famosa universidade mineira, contribuíram para mapear a história do carnaval do século XX em Ouro Preto, apontando a figura central do compositor Vandico, que assina a música de abertura do CD: “Samba Pra Mim Mesmo”, de 1978. Junto a Vandico um importante nome que aparece com composições no disco é o Mestre Edmundo Guedes, autor de “Amanhã(Túnel do Tempo)”, conhecida nos Carnavais como “Terno Branco”, de 1969, segunda canção do disco, que foi Samba Enredo da Escola de Samba Unidos do Padre Faria, sendo o primeiro samba-enredo da cidade Patrimônio da Humanidade e a mais antiga canção do disco. Os dois mestres aparecem unidos em um pot-pourri “Vem meu Ouro Preto” com dois frevos compostos em 1985 e 1986. O que mostra que o sotaque do frevo encontra ecos representativos nas ladeiras da antiga Vila Rica.

O disco ainda possui obras de importantes compositores locais que ajudaram a reerguer a história recente do carnaval de Ouro Preto e que, principalmente, tem a identidade da proposta do projeto, como o próprio Jorge Adílio em a “Ciranda da Saudade” (1975) uma lírica canção que remete ao tempo das cirandas e seus cirandeiros e que no disco recebe uma leitura com arranjo de flauta, bandolim, violão de 7 cordas e trombone, o que remonta aos regionais de choro e seresta. Seu Walter das Latinhas e a marchinha “Enche o Saco do Véio” (2008) mostra o lado caricato do carnaval, um senhor no auge dos seus 80 anos que coleta latinhas de cerveja no carnaval e que com irreverência compôs uma marchinha exclusiva para o projeto Candonguêro. E ele diz “sua latinha já esvaziou, enche o saco do véio”. Geraldo Vitor, mais conhecido como Ladinho, aparece com “Fiz a Batucada” (1985), antigo pagode que no disco recebeu um arranjo evocando um samba rock de requinte. Estando todos os compositores vivos, a única presença feminina no disco, já é falecida, a saudosa Maria Ferreira, esposa de um popular presidente da Escola de Samba Acadêmicos de São Cristóvão. Dona Maria apresenta em seu lirismo a redenção das mulatas do morro que  sonham em ser prestigiadas nos desfiles das Escolas de Samba. A faixa “Sambei” (1977) é interpretada em participação especial da cantora Silvia Gomes.

“Vá ao Largo da Alegria, Candonguêros estão lá, ensinando a quem não sabe, o verbo ouropretar”. Cantado com fervor por foliões, a quarta faixa do disco é também do compositor Edmundo Guedes. A canção foi um presente do compositor ao grupo e anuncia que, durante o carnaval em Ouro Preto, uma parada sempre se fez obrigatória no Largo da Alegria, que se tornou ponto referência do carnaval ouro-pretano. 

A figura folclórica de Bené da Flauta, morto em 1978, tornou-se um símbolo do Candonguêro. Andarilho, ermitão, músico e escultor, Bené era um bardo às avessas. Tendo vivido em Ouro Preto até meados da década de 1970, o personagem é homenageado na 11ª faixa com uma música de autoria de Chiquinho de Assis, que também assina as músicas “Vento Me Leva” (2007) e “Pra Gente Viver” (2013). Respectivamente um afoxé e um carimbó, gêneros nordestinos, mas que se justificam presentes em um disco de música mineira, uma vez que tais canções foram compostas na cidade de Ouro Preto, antiga capital mineira e talvez a cidade mais cosmopolita do interior de Minas. A poesia sonora presente em “Pra Gente Viver” é sublime e convida aos passos do afoxé, enquanto “Vento me leva” traz uma história em que João perde o amor de Maria durante o carnaval. A canção se encerra com um solo de guitarra do músico Pablo Malta que não fica devendo aos mestres Paraenses.

Mas de volta a Minas Gerias o “côco” está presente no pot-pourri “Caindo Fulô” um momento de citação à figura do tradicional tropeiro e aos versos congadeiros “lá no céu, cá na terra, ôi tá caindo fulô”. Zabumba, Contra-Baixo e as Caixas Congadeiras remetem às cores das Minas Gerias plena de cultura popular. 

“Fim de Carnaval” encerra o disco com um aceno à eterna boemia carnavalesca presente na memória dos antigos foliões. A canção de mestre Vandico pode ser considerada como a grande “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas” de Minas Gerais. Os seus versos são o ponto alto da poesia no disco, “confetes ficaram nas ruas ainda, jogados tão lindos, esperando o bloco do adeus passar”. 

 

Sobre o grupo

O grupo Candonguêro surgiu de um projeto cultural que nasceu em 2006, a partir da necessidade de se praticar, no carnaval de Ouro Preto, a Música Brasileira e que vinha sendo preterida há anos, diante de uma “reconfiguração” nos valores inerentes aos saudosos carnavais da cidade. O Candonguêro configura-se como um produto dedicado ao cancioneiro brasileiro, a partir de uma série de músicas autorais, releituras musicais e, sobretudo, da valorização dos compositores.

 

O projeto Candonguêro foi criado com o objetivo de reviver o romantismo e a poesia dos carnavais de outrora, a partir de apresentações musicais, performances cênicas e desfiles de bonecos gigantes, homenageando personagens, escolas de samba e blocos tradicionais, ou seja, uma homenagem a quem brincou e ainda brinca o carnaval.

 

Do frevo ao samba, além de valorizar a experiência do carnaval, o projeto difunde também a música popular brasileira – própria do universo carnavalesco – e o cancioneiro de artistas e compositores de Ouro Preto, colocando em cena nomes nacionalmente conhecidos como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Joao Donato e Lenine, lado a lado dos ouro-pretanos Vandico, Jorge Adílio, Dona Maria Ferreira, Seu Walter das Latinhas, Vicente Gomes e Edmundo Guedes. Este último teve uma de suas canções gravadas pelo cantor e compositor Marcelo Camelo.

 

Após mais de uma década de atividades, o projeto excursiona agora por outras cidades, dialogando com as especificidades de suas tradições carnavalescas, mas mantendo o compromisso de valorizá-las e incentivá-las. É o que explica o músico e compositor Chiquinho de Assis. “O Candonguêro foi criado levando-se em consideração a ideia de rememorar e legitimar a tradição carnavalesca de Ouro Preto, a partir da construção de um ambiente que caracterize o som, a cultura e as pessoas da cidade. A inspiração foi Ouro Preto. No entanto, nesta nova etapa com presença garantida em outras cidades, vamos criar uma interface com o carnaval de cada uma delas”, comenta o músico.

 

Origem da Palavra

 

“Candonguêro” é uma palavra angolana que denomina o tambor utilizado no Jongo. Através de um processo semântico passou-se a designar o “leva-traz”. Dessa forma, o grupo Candonguêro pretende ser um instrumento de fruição, levando e trazendo canções que rememorem e legitimem a tradição, a partir da construção de uma paisagem sonora que caracterize nosso som, nossa cultura e nossa gente. Neste sentido, o repertório conta com dezenas de músicas escolhidas “a dedo” e que contemplam expressões da tradição musical brasileira das mais variadas. 

O ilustre sambista e compositor Martinho da Vila, assim classificou o candonguêro:

“Candonguêro é forte. Candonguêro é aquele surdo, aquele atabaque, que batia, que falava, que mandava mensagem.” Martinho da Vila (2017)

 

Candonguêro:

Chiquinho de Assis: voz, vocais e violões

Chico Bastos: cavaquinho e flauta

Pablo Malta: guitarras, guitarra baiana, bandolim e violão 7 cordas

Christiane Cordeiro: vocais, zabumba e triângulo

Pedro Gomes: baixo 

Gustavo Grieco: bateria

Fábio Martins: percurssão

 

Participações especiais:

Silvia Gomes: voz (“Sambei”)

Leonardo Brasilino: trombone (“Ouropretar” e “Ciranda da Saudade”)

 

Na Web

Site: www.candonguero.com.br

Facebook: www.facebook.com/Candonguero

Instagram: www.instagram.com/candonguero

Youtube: www.youtube.com/user/candongueroop

 Lançamento “Era Uma Vez Um Carnaval” 

 

Itabirito

Data/Horário: 07 de fevereiro - quarta, às 22h30

Local: Praça Dom Silvério, 10 - Bairro Boa Viagem

Entrada Gratuita

 

Diamantina

Data: 08 de fevereiro - quinta, às 20h

Local: Rua do Amparo

Entrada Gratuita

 

Belo Horizonte

Data: 16 de fevereiro - sexta, às 22h

Local: A Autêntica - R. Alagoas, 1172 - Savassi 

Informações: (31) 3654-9251

Entrada Gratuita

 

Juiz de Fora

A definir

Entrada Gratuita

 

Barbacena

A definir

Entrada Gratuita

Foto: Daniel Laia 

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