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Pisa na Fulô ‘fecha’ o Carnaval de BH em 2019 com cortejo que mistura forró e bandeiras sociais

Bloco, que é o primeiro do Brasil dedicado ao forró, desfila na noite de terça-feira, 5/3, no Carlos Prates

"Amar e Resistir" é o tema do desfile do Pisa na Fulô em 2019. O primeiro bloco do Brasil dedicado ao forró desfila na noite de terça-feira, 5/3, no Carlos Prates. A concentração acontece às 17h, próximo à carinhosamente apelidada praça Pisa na Fulô, no encontro das ruas Peçanha e Patrocínio. Em seu quarto cortejo, o Pisa "fechará" o Carnaval de BH seguindo a tradição contestadora da folia, misturando música e bandeiras sociais. Mesmo com discursos políticos afiados, o bloco mantém a leveza que marca o cortejo, que levou cerca de 70 mil foliões às ruas no ano passado.

"O Pisa tem um clima muito leve e gostoso. O forró traz uma memória afetiva de festa junina, de dançar agarradinho, e esse clima acaba atraindo pessoas de todas as idades. É muito comum ver crianças, idosos, jovens, famílias inteiras interagindo e dançando juntos", ressalta Annelisa Santos, uma das produtoras do bloco. "O desfile está sendo preparado com muito carinho. Teremos vários detalhes, desde as cenografias da ala de dança até as intervenções que irão permear o cortejo. São várias surpresas", completa.

A produtora ressalta a importância do posicionamento político dos blocos, principalmente em épocas conturbadas como a que vivemos. "Temos acompanhado uma onda de violência e agressões contra as mulheres, a comunidade negra, indígena e LBTQI+. O forró, por exemplo, é um meio super machista, quase não se vê homem dançando com homem. Utilizar a arte para discutir a tolerância e o amor ao próximo é fundamental, porque permite um alcance que nem sempre é possível por meio das palavras", sublinha Santos.

Sanfoneiro do Pisa na Fulô, Thiago Gazinelli faz coro. "O Pisa levanta a bandeira do respeito e da celebração da diversidade. Temos um grupo diverso e queremos cada vez mais trazer para dentro do bloco quem deseja fazer parte da festa, mas é discriminado e marginalizado. O bloco surgiu da intenção de ocupar e ressignificar a rua com amor e respeito por meio da arte. Não toleramos homofobia ou qualquer outra forma de violência", crava.

Música para evoluir

Para Gazinelli, o forró perde quando não se atualiza com relação às suas tradições heteronormativas. "Acredito que em todos os casos a tradição deve ser revista à luz da diversidade, das pautas identitárias e da riqueza de perspectivas que os grupos marginalizados podem trazer. Todos saem perdendo com o atraso. O forró que acolhe a população LGBTQI+ é inventivo e cheio de afeto. Nos encantamos com iniciativas de escolas e festas de forró queer em BH, onde há maior liberdade de expressão e as pessoas se sentem à vontade para dançar com o mesmo gênero", afirma.

Outro pauta importante para o bloco é a luta contra o machismo, levantada pelas mulheres que o compõem. "Somos parceiros da campanha 'Não é Não' e aproveitaremos o momento para falar também sobre o 8 de março.Carnaval e política não se separam, e o respeito e o amor são fundamentais nestes tempos sombrios. Vamos resistir a toda forma de opressão com nossa música", afirma Daniela Ponce de Leon, regente do Pisa e do bloco Garotas Solteiras. "Fazer parte de espaços de representatividade inspira muita gente. É muito bonito ver a mulherada se sentindo cada vez mais à vontade para estar na linha de frente", diz.

Uma das principais características sonoras do Pisa na Fulô é a configuração da bateria, formada por aproximadamente 100 batuqueiros. A instrumentação, típica do forró, é composta por zabumba, agogô de coco e triângulo. No repertório do bloco - cuja harmonia é formada por três vocais, duas sanfonas e baixo acústico - ritmos como xote, baião e rastapé prevalecem. Entram, por exemplo, clássicos de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Marinês, Gilberto Gil, Alceu Valença, Geraldo Azevedo. "Neste ano, inserimos ritmos novos e nos dedicamos bastante ao batuque. Existe uma energia de carinho e troca entre os batuqueiros que eu nunca vi igual", afirma Ponce de Leon. "O repertório está bem criativo e vai ser muito divertido poder compartilhar isso com todos".

Sobre o Pisa

O Pisa na Fulô foi criado em 2015, pelo regente carnavalesco Di Souza e um grupo de alunos de percussão, com a proposta pioneira de levar o forró e outros ritmos para a folia de rua de BH. O bloco propõe ainda a descentralização da festa na capital mineira, a partir da ocupação de espaços do bairro Carlos Prates. Foi desse desejo que a praça localizada no encontro das ruas Peçanha e Patrocínio virou palco para as apresentações do Pisa. Anteriormente abandonado, o local foi apelidado de Praça Pisa na Fulô.

Por se tratar de um bloco de forró, desde 2015 o grupo também organiza seu arraial, que acontece na mesma praça. O evento, que resgata a festa popular com suas características típicas, é produzido de forma colaborativa e conta com a participação de toda a produção, harmonia e bateria do Pisa. A comunidade do bairro sempre participa, tanto se divertindo quanto vendendo comidas e bebidas típicas.

Além do desfile do bloco, do Arraial e dos bailes, o Pisa na Fulô frequentemente recebe convites para tocar em eventos, principalmente no pré-Carnaval e na época das festas juninas. Nesse sentido, o bloco já se apresentou em eventos como Arraial de Belô, Arraial do Tombo, Festa Junina da UniBH e Arraial da Casa de Gentil.

 

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