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No mês das mulheres, LARA TANAKA assume oficialmente o CORAL LÍRICO de Minas Gerais como regente titular

Terceira mulher a assumir o cargo, Lara terá como primeira grande atividade preparar o Coral Lírico para o FESTIVAL MÚSICA EM TRANCOSO

A belo-horizontina Lara Tanaka é a nova regente titular do Coral Lírico de Minas Gerais, único coro profissional da cidade e um dos mais importantes do país. Em 37 anos de existência do Coral Lírico, ela será a terceira mulher a assumir o cargo. Antes de Lara, apenas as maestrinas Ângela Pinto Coelho e Eliane Fagioli ocuparam esse lugar.

Graduada em Regência pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a maestrina recebeu o convite para assumir o cargo após a saída do maestro Lincoln Andrade, em novembro passado, de quem Lara foi regente assistente no próprio Coral Lírico, no biênio 2015/16. Durante 15 anos, Lara também foi regente do Coral Infantojuvenil do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart, da FCS, no período de 2000 a 2015.

Empolgação é o que não falta para os trabalhos com o Coral Lírico, como revela a regente. Com muito fôlego e dedicação, ela pretende cumprir a extensa programação com repertório diversificado e previamente definido, que tem encantado o público, tanto no Grande Teatro do Palácio das Artes quanto em outros espaços da cidade, do estado e do país.

Uma das missões mais importantes da maestrina será logo em março. Ela é responsável por preparar o Coro para os concertos já agendados no Festival Música em Trancoso, na Bahia. No dia 24 de março, será apresentado o primeiro concerto, com repertório deMúsicas de Filmes e Musicais. Já no dia 25, o Coro encerra o Festival com uma Noite Italiana, com obras de Giuseppe Verdi e Giacomo Puccini. 

O Festival Música em Trancoso é um evento que reúne orquestras, corais e maestros nacionais e internacionais. “Participar de um evento desse porte é um reconhecimento do valor do Coral Lírico de Minas Gerais e também da nossa versatilidade, por apresentar dois repertórios tão distintos”, comenta a maestrina. Para Lara, o evento permite, ainda, estabelecer intercâmbio profissional e cultural. “É uma oportunidade de crescimento, não sei se conseguiremos ver tudo, porque os ensaios são muito puxados, mas é muito bom para que os integrantes do CLMG conheçam outros grupos profissionais e para que o nosso trabalho também seja reconhecido”, comemora Lara.

Prévia do Festival em BH – O público de Belo Horizonte não vai ficar de fora do Festival Música em Trancoso. Uma previa das apresentações acontecerá no Sarau Lírico, quando serão realizados dois concertos gratuitos, no Foyer do Grande Teatro do Palácio das Artes, nos dias 09 e 10 de março, ao meio-dia. Serão apresentadas obras icônicas da cinematografia mundial, como Conquista do Paraíso,de Vangelis, do filme 1492: a conquista do paraíso; Nella fantasia, de Ennio Morricone, do filme A Missão; e  Gloria all Egito, da ópera Aida, de Giuseppe Verdi; e Coro em boca chiusa, da ópera Madame Butterfly, de Giacomo Puccini.

União dos Corpos Artísticos – Para a temporada 2017, Lara aposta na forte atuação do corpo artístico junto à Orquestra Sinfônica. “Particularmente, acho um privilegio trabalhar em um teatro que consegue manter 3 corpos artísticos estáveis e, especialmente, trabalhar com a Orquestra Sinfônica, que nos possibilita explorar uma infinidade de repertórios sinfônicos-corais”, ressalta.

Outros dois grandes momentos da agenda do Coral Lírico serão as participações nas óperas Norma e Porgy and Bess. “A ópera Porgy and Bess deve exigir muito das vozes do grupo e também uma preparação corporal, já que o diretor, Fernando Bicudo, quer fazer uma ópera com roupagem de musical”, revela.

Além de Trancoso, o Coral terá outros momentos para brilhar sozinho em 2017. Serão dois concertos solo no Grande Teatro; apresentações da série Lírico Sacro em oito Igrejas de Belo Horizonte; duas participações na nova série Sarau lírico, que consiste em apresentações breves e gratuitas no foyer do Grande Teatro do Palácio das Artes.

Dedicação, talento e compromisso – Para Claudia Malta, Diretora de Produção Artística da Fundação Clóvis Salgado, o convite para Lara assumir o cargo foi uma consequência natural do profissionalismo e talento que a maestrina tem demonstrado ao longo dos anos. “Pela sua comprovada competência e dedicação ao trabalho e pela aceitação do seu nome pelos Coralistas, não tivemos nenhuma dúvida para indica-la ao cargo”, comenta.

Silvio Viegas, regente titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, conta que Lara Tanaka foi sua aluna na UFMG, e que era muito séria, dedicada e talentosa. Para ele, é muito bom ver seus ex-alunos trabalhando. “Sinal de que ensinei direito”, brinca. “A Lara sempre tem uma visão muito coerente. Além disso, é muito bom trabalhar com gente que ama o que faz e esse é o caso da Lara, é um diferencial da FCS. Todo mundo aqui ama o que faz, todo mundo gosta de música, existe esse lado amador, de quem ama o que faz e quando o amador encontra com o profissionalismo, é muito bom”, sintetiza. 

Música para guiar o caminho – Na faculdade de música, Lara era a única mulher da turma, fato que afirma ser recorrente em sua carreira. “Como mulher, parece que sempre temos que fazer um pouquinho a mais para ter nosso trabalho reconhecido. Ao assumir cargos de chefia então, somos muito questionadas. No caso da Regência, a função exige ainda uma certa virilidade e força. Mas também somos muito capazes. Acho que a mulher pode trazer coisas que muitas vezes o homem não traz: a graça, o jogo de cintura para resolver algumas questões”, reflete.

A maestrina iniciou sua carreira tocando piano. Filha de uma pianista e de um Engenheiro Agrônomo, também músico, violonista, se aproximou do piano logo aos quatro anos de idade, ouvindo as aulas da mãe, quando descobriu ter o que se chama de ‘ouvido absoluto’. “Eu sabia até a ordem das músicas que os alunos iam interpretar, quais as notas que iam ser usadas, isso só de ouvir. Acho que o meu caso de ouvido absoluto foi algo adquirido por meio do contato com a música que eu consegui internalizar”, explica.

Já aos 15 anos, dava aulas de música, mas buscava outra formação, prestando vestibular para arquitetura e psicologia. “Foi por conselho do meu pai que acabei decidindo pela música. Ele me disse que a gente tem que fazer o que ama. E, além de amar, eu acho que música é o que eu faço melhor”, disse.  Foi na faculdade que Lara trocou o piano pela regência. “Sempre me encantei com a música em grupo e sentia falta disso. Um amigo me sugeriu a regência. A primeira vez que subi ao pódium, foi emocionante, aquilo me encantou, a possibilidade de fazer música com um gesto”, descreve.

Foto: Paulo Lacerda

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