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A condenação e morte de Cristo……E continuamos carregando as nossas cruzes!

Para compreender o tema em sua magnitude, “condenação e morte de Cristo”, é preciso ter, diante dos olhos, alguns aspectos que por ora se podem denominar introdutivos. Os quais, nesta reflexão é exigência para a compreensão mais abrangente das razões da “condenação e morte de Jesus Cristo”.

Jesus Cristo é um ser divino, escolhido por Deus para servir e salvar a humanidade do pecado. Então fez-se humano, abdicou-se da condição celestial para viver como um igual. “Ninguém vai ao Pai senão por mim”, diz Jesus (Jo14,6). Jesus quer ser a voz para garantir a vida e direito aos que são incapazes de se garantir e falar por si. Suas pregações de cunho social na Judéia, incomodaram o governo Romano, que decidiu condená-lo, levando-o à crucificação.

Mas, ao se tornar humano, Jesus Cristo exerceu um papel de liderança entre os povos da Galiléia, Judéia, Jericó e Cesareia, e por tantos outros lugares em que passou.

Jesus promoveu a solidariedade entre a humanidade, denunciando as estruturas da sociedade e de domínio. O ativismo de Jesus para a humanidade se dá no amor, verdade e vida, e à convergência de tudo e de todos. Por meio de seu sangue derramado com luta, na cruz, Jesus selou para a humanidade a aliança de direitos, amor, solidariedade, igualdade e liberdade, através da sua causa social.

Sim! Jesus Cristo é um Ser Social.Tornou-se um homem de carne e osso e sentimentos humanos. Humilde e pobre, levantou a sua voz diante das injustiças que o mundo apresentava; defendia a instauração de um governo de justiça e provimento, sem distinções sociais.

Jesus tinha um papel de liderança na região da Galileia. Através de movimentos messiânicos na região, inspirou seguidores, como João Batista e Tiago (irmão de Jesus). Esses movimentos populares, liderados por Cristo, eram voltados especialmente aos judeus, adquirindo um caráter político ao confrontar o Império Romano e setores da elite judaica, dominadores destas pequenas colônias. Foi justamente a força deste movimento popular, que Jesus exerceu nas regiões de povos dominados, escravizados e colonizados pelo Império Romano. Portanto, foi o que culminou na condenação, crucificação e morte de Cristo.

Diante deste Cristo humanizado, apresentado acima no texto, é importante refletirmos na associação de Cristo com o “Pensamento Socialista”. Como exemplo disto, temos a passagem do momento em que Jesus expulsa do Templo, os comerciantes “Capitalistas”. Isto porque discordava do poder do “Capitalismo”, como modelo de sistema econômico que se alimenta da obtenção de “lucros”. Em outra situação, Jesus multiplica de forma milagrosa os peixes e pães para dividir com a população faminta de palavra e alimento. Para a “Teologia da Missão Integral”, ele apresenta a “Ação Social” como sendo a cerne ao cristianismo, e procura solucionar de forma cristã a pobreza e a busca de direitos humanos.

Indico nesta coluna, para esta Semana de Paixão, Condenação, Morte e Ressurreição de Cristo, “A Última Tentação de Cristo”, filme baseado na obra de Nikos Kazantzaskis. Com direção do sempre ótimo Martin Scorsese. O filme apresenta um Jesus Cristo, um homem como outro qualquer, um ser social, frágil, cheio de conflitos, mas com sede de justiça, questionador e contestador. Um líder nato que incomodou as autoridades de Roma, como consequência a decisão de crucificá-lo. Na cruz, ele idealizou uma outra vida que o levaria a outro destino: um homem normal, de vida comum, com esposa e filhos, ao invés de tomar o peso da cruz da salvação dos homens.

Existem várias filmografias que mostram um Jesus Messias, mas, Scorsese nos apresenta o lado mortal de Jesus, com todas as dualidades e temores de qualquer ser humano. Assim, o diretor sugere um estudo do personagem, apresentando um Jesus perturbado, em plena crise de existência e hesitando na ideia de que um simples homem possa ser filho de Deus. Praticamente implorando para ser apenas mais um “reles mortal”. Há vários momentos comoventes no filme em que Cristo é mostrado de forma atormentada, com destaque para a excelente cena em que ele visualiza seu coração, seu espírito, trazidos por Satanás para tentá-lo.

A narrativa aborda de maneira coerente diversas passagens do Jesus espiritual, e sua dualidade humana. Temos o momento em que Jesus doutrina o amor e o perdão, exemplificado pela atitude da defesa de uma prostituta. Tmabém, o momento em que ele emprega-se de violência, como na expulsão dos mercadores do Templo, e, por fim, quando aceita ser sacrificado.

Durante essas passagens, ao longo do filme, Jesus visualiza casais, famílias, uma maneira genial de Scorsese preparar o público para o grande desfecho da narrativa. Para a tentação final que Jesus sofre de Satanás. E, não menos importante que a abordagem é a interpretação estupenda e irretocável de Willem Dafoe, transmitindo a tempestade de emoções que norteiam o psíquico de Jesus. Com maestria, apresenta uma interpretação de um Jesus Cristo, nem tanto sagrado e nem tanto humano, mas exato em salientar a ambiguidade de seu personagem. Peço a atenção, também, na excelente interpretação de David Bowie como Pôncio Pilatos!

Por fim, chegamos ao clímax da obra, “A última tentação”, imposta por Satanás, mostrando para Jesus como teria sido sua vida, caso ele tivesse sido um homem comum, resultando em uma das cenas mais emblemáticas do filme. Daí, assistimos Jesus no leito de sua morte, implorando para Deus perdoá-lo e aceitá-lo. Nesta cena do filme, percebemos as cores em preto e vermelho da fotografia, simbolizando o enorme sentimento de culpa de Cristo por ter cedido à carne. Então, quando o personagem percebe que tudo não passava de uma alucinação e estána cruz, temos a certeza do quanto o seu sacrifício significou para seu espírito. Então, finalmente, Jesus entendeu por completo o papel dele no plano de Deus, dizendo com alívio: “está consumado”.

Na época de seu lançamento em 1988, cenas que mostram um Jesus humanizado, como exemplo, a cena de Jesus se casando, causou muitas críticas e polêmicas entre grupos religiosos. O incômodo foi reconhecer que o “salvador da humanidade” poderia ser tão humano quanto qualquer um de nós.

Assim como Jesus aceitou carregar a sua cruz até o calvário, há muitas pessoas que interpretam a “cruz” como um fardo que se deve carregar na vida: um trabalho ruim, um relacionamento sem sucesso, uma doença física, que suportamos com resiliência. É comum dizermos assim: “Essa é a cruz que tenho que carregar”. Tais palavras que dizemos corriqueiramente não significam o que Jesus quis dizer de fato, ao fazer a seguinte citação: “Tome a sua cruz e siga-me”.

Ele disse: “Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?” (Lucas 9:24-25; Mateus 16:26; Marcos 8:35-36). Apesar, deste chamado de Jesus ser impactante e metafórico, é admirável, e, sob meu ponto de vista, muito atual para os nossos dias, refere-se à empatia de uns com os outros, ao ganho social em detrimento de ganhos individuais.

Por Andréia S Oliveira

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https://libertasnews.com.br/category/sala-de-cinema/

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