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Casa Una recebe pela primeira vez a artista plástica mineira Carolina Cordeiro

Mostra intitulada “De: Para:” será aberta no dia 8 de abril com duas instalações e uma série fotográfica; visitação é gratuita

Ocupar poética e subjetivamente mais um espaço da cidade, estimulando narrativas e a imaginação do espectador através de trabalhos com materiais simples e que muitas vezes já estão no mundo. Essa é a expectativa da artista plástica mineira, Carolina Cordeiro, que expõe pela primeira vez na Casa Una de Cultura, com a mostra “De: Para:”. A exposição será inaugurada nesta quarta-feira (8 de abril) e fica em cartaz até o dia 1º de maio. A visitação é gratuita e pode ser feita de segunda à sexta-feira (das 14 às 22 horas) e aos sábados (das 9 às 13 horas).

 

Em “De: Para:” Carolina Cordeiro apresenta duas instalações e uma série de fotos. Na primeira, intitulada Campos de ação noturnos, a artista coletou diversos travesseiros antigos com amigos e pessoas próximas para utilizar o tecido que cobre a espuma do mesmo. “Esse tecido, como nunca é lavado, acaba ficando cheio de marcas deixadas pelo contato da pessoa que usa o travesseiro. A partir dessas marcas, crio pequenos campos circulando algumas delas com linha e fazendo um bordado delicado. Esse trabalho foi feito em 2011 para ser apresentado em uma exposição em Uberlândia. O que irei apresentar na Casa Una é o mesmo trabalho, porém foi pensado para ser mostrado em um ambiente de casa, por isso, ao invés de quadros na parede, criei uma cortina costurando uma série deles juntos”, explica Carolina.

 

A instalação De: Para: que dá título à mostra foi pensada a partir do conto A carta roubada, de Edgar Alan Poe, relido pela artista recentemente. De acordo com Carolina, o que mais a fascinou nesta obra foi o fato de que o conteúdo da carta nunca é revelado, apenas sua forma. “Refleti sobre essa informação que permanece em segredo e não quer ser divulgada e a partir daí, pintei para este espaço alguns tecidos imitando páginas pautadas e os dobrei de modo que se há alguma coisa escrita neles, não pode ser lido”, adianta.

 

Além dessas dobraduras que foram emolduradas, a artista plástica conta ainda que com o mesmo padrão da página fez duas fronhas de travesseiros. Em um diálogo direto com o trabalho anterior, onde há a possibilidade de se criar uma narrativa subjetiva e íntima, que não precisa ser compartilhada nessa velocidade absurda que imagens e mensagens circulam hoje. “O lugar dessa instalação é aquele que permite o erro, a imaginação, a fantasia. É como se essa fosse a única possibilidade de existência”.

 

Já na série de fotografias Dia de festa, Carolina Cordeiro mostra uma pequena interferência na paisagem. Segundo ela, é uma espécie de brincadeira, um rastro deixado por alguém que passou por aquele determinado lugar e o enfeitou. “Aqui, o gesto mínimo está presente, assim como nos trabalhos anteriores, mas a paisagem, que antes era sugerida, uma vez que se tratava de um lugar íntimo e imaginativo, saiu, se tornou paisagem exterior a partir de um contato direto com a natureza”, detalha a artista.

 

A arte da simplicidade

Desde sua primeira exposição individual em 2006, a artista Carolina Cordeiro trabalha com materiais que já estão no mundo, comuns no uso cotidiano e na natureza. Essa característica surgiu da urgência do fazer, mesmo na ausência de condições ideais, e continua orientando seu trabalho desde então. “Os materiais que uso nos meus projetos geralmente são muito acessíveis, o que faço é realizar algum tipo de interferência, muitas vezes sutil, para sugerir alguma narrativa. Dessa forma, o público encontrará ao longo da minha trajetória artística desde objetos quebrados, como xícaras sem asa, etc., até interferências feitas pelo próprio tempo como o acúmulo de pó em placas que não permitem que as mesmas sejam lidas. O ambiente também me influencia muito. Tento sempre criar uma relação com o espaço da exposição, daí que o material a ser utilizado pode ser a poeira do chão ou a paisagem em si”.

 

Na exposição “De: Para:”, que fica em cartaz na Casa Una, até o dia 1º de maio, Carolina explora dois tipos de paisagens, a exterior, da natureza, que está presente na série fotográfica Dia de Festa, e também a paisagem subjetiva, criada durante o sono, retratada em Campos de ação noturnos. Na instalação De: Para: a paisagem é aquela que será construída por quem estiver em contato com o trabalho, já que apresenta padrões familiares de páginas de cadernos em diversas possibilidades.

 

Um pouco mais sobre a artista: Carolina Cordeiro é artista plástica, graduou-se pela EBA/UFMG e é mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ. Participou de residências artísticas em Berlim, 2009, e em Barcelona, 2011. Já realizou seis exposições individuais e participou de diversas coletivas. Entre elas:

 

Foto: Divulgação 

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