Notícias

Trabalhos selecionados no Edital de Ocupação de Artes Visuais FCS têm a PAISAGEM como ponto de partida para a criação artística

Exposições do Edital de Ocupação de Artes Visuais 2018 da FCS

Em sua 11ª edição, o Edital de Ocupação de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado inaugura, nas galerias do Palácio das Artes, as exposições dos artistas selecionados Juliana Gontijo (Sismo), Luis Arnaldo (Mon cher, je suis fatigué, et j’ai besoin de repos; je vais flâner au Brésil!) e Claudia Tavares(Um Jardim em Floresta). Os trabalhos inéditos têm, em comum, a observação, a modificação e o estudo de paisagens aleatórias, buscando desmistificar conceitos históricos, pragmáticos e geográficos. Os artistas vão ocupar as galerias Arlinda Corrêa Lima, Genesco Murta e Mari’Stella Tristão, respectivamente.

Juliana Gontijo propõe uma reflexão que envolve a ordem a partir de um caos imagético de paisagens. Nesse trabalho inédito, a artista mineira busca quebrar as referências visuais do público a partir de uma série com quatro pinturas e uma vídeo instalação. O paulista Luis Arnaldo mescla seus conhecimentos em arquitetura e artes visuais para apresentar um ensaio sobre a expedição Thayer, de Louis Agassiz, no Brasil do século XIX. E a carioca Claudia Tavares usa criações em diferentes suportes para narrar sua jornada artística que transformou a paisagem de uma cidade no sertão de Pernambuco.

A banca avaliadora selecionou projetos que propusessem um olhar mais atento aos diferentes fazeres artísticos. Os projetos foram selecionados por Sylvia Furegatti, Professora Doutora plena do Programa de Pós-Graduação e da Graduação em Artes Visuais (IA -Unicamp) e Diretora do Museu de Artes Visuais MAV – Unicamp; Uiara Azevedo, Produtora, Pesquisadora em Artes Visuais e Gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado; e Walter Sebastião, Jornalista independente, curador e escritor.

O Edital de Ocupação de Artes Visuais FCS é uma iniciativa já consolidada como evento de destaque no cenário artístico nacional. Sua realização visa fomentar a produção artística contemporânea e a divulgação de novos talentos. Como premiação, os artistas recebem R$4.000,00 (cada), para a montagem das exposições, além de apoio da FCS para assessoria de imprensa e publicação de catálogos. Artistas como Adriana Maciel, André Griffo, Bete Esteves, Eder Oliveira, Luiza Baldan, Marcelo Armani, Nydia Negromonte, Patricia Gouvêa, Ricardo Burgarelli e Ricardo Homen já tiveram seus trabalhos contemplados.

SOBRE AS EXPOSIÇÕES

· SISMO, de Juliana Gontijo

Galeria Arlinda Corrêa Lima

A perspectiva de ordem a partir do caos imagético norteia o trabalho da mineira Juliana Gontijo, na exposição SISMO. Composta por quatro pinturas e uma videoinstalação, a obra inédita da artista estabelece uma relação entre a pintura atual e seus inúmeros desdobramentos em relação ao tempo, ao espaço e ao indivíduo. Por meio de um tremor, a exposição desconstrói a lógica visual do público.

Nessa pesquisa, que teve início em 2010, Juliana convida o visitante a experimentar um abalo sísmico nas referências imagéticas comuns a qualquer pessoa. É por meio da quebra dessa estrutura pré-determinada que a artista instiga o público a mergulhar em um universo novo, sem direcionamentos. Paisagens são reconfiguradas e ressignificadas por meio de desabamentos, quedas, quebras e fraturas.

“Essa ideia de tremor e de uma nova ordem da visualidade é o principal eixo conceitual da mostra. A partir dessa ideia construo pinturas em painel que se comunicam diretamente com o espaço através da instalação e do vídeo. Imagine que tudo tremeu e todas essas imagens sacudiram e assumiram uma nova ordem; seres e objetos se misturam; e eu já não consigo dizer onde começa e termina algo”, comenta Juliana.

Além das pinturas, SISMO conta com uma videoinstalação composta de sobreposições de imagens de um céu carregado de nuvens de chuva em uma espécie de diálogo com o espaço vazio da galeria Arlinda Corrêa Lima. A narrativa é criada pelo próprio visitante, por meio de legendas que aparecem no decorrer da apresentação.

Com esse trabalho, a artista pretende estimular outros sentidos no público. “O som só existe na cabeça da pessoa. Então, à medida que ela vai lendo as legendas, observando a sobreposição de imagens, vai criando a própria narrativa. Estimular a noção de som e movimento no visitante também é algo que eu busco nesse trabalho”, detalha a artista, que também vai produzir uma obra site specific (intervenção em espaço público) que será pintada na parede da galeria durante a montagem da exposição.

Sobre Juliana Gontijo – Vive e trabalha em Belo Horizonte. Graduada em Artes Visuais pela UFMG, Juliana Gontijo trabalha, desde 2010, como produtora cultural e artista. Seu trabalho revela o interesse nos diálogos entre arte, literatura e territorialidade, para, por meio deles, abordar as experiências corporais de seres e coisas. A artista participou do Coletivo de Experiências em Residências e Colaborações Artísticas (CERCA), iniciativa de artistas e produtores de Minas Gerais que realizam eventos para formação e troca de experiências, e realizou residências artísticas em cidades do interior mineiro, como Cordisburgo, Congonhas e São João Del-Rei. Sua primeira exposição individual foi realizada em 2012, na Galeria BDMG Cultural, intitulada "Ser rio, ser adro, ser planta". Além disso, já realizou diversas exposições coletivas.

Sobre Juliana Gontijo – Vive e trabalha em Belo Horizonte. Graduada em Artes Visuais pela UFMG, Juliana Gontijo trabalha, desde 2010, como produtora cultural e artista. Seu trabalho revela o interesse nos diálogos entre arte, literatura e territorialidade, para, por meio deles, abordar as experiências corporais de seres e coisas. A artista participou do Coletivo de Experiências em Residências e Colaborações Artísticas(CERCA), iniciativa de artistas e produtores de Minas Gerais que realizam eventos para formação e troca de experiências, e realizou residências artísticas em cidades do interior mineiro, como Cordisburgo, Congonhas e São João Del-Rei. Sua primeira exposição individual foi realizada em 2012, na Galeria BDMG Cultural, intitulada "Ser rio, ser adro, ser planta". Além disso, já realizou diversas exposições coletivas.

 

· Mon cher, je suis fatigué, et j’ai besoin de repos; je vais flâner au Brésil!, de Luis Arnaldo Porto

Galeria Genesco Murta

O conhecimento em arquitetura de Luis Arnaldo foi o ponto de partida para que o artista iniciasse sua pesquisa em artes visuais. Na exposição Mon cher, je suis fatigué, et j’ai besoin de repos; je vais flâner au Brésil!, o arquiteto, natural de Campinas (SP), reúne 13 trabalhos cujos procedimentos de feitura partem de estratégias do Desenho, que vêm sendo construídos desde 2016 e percorrem o pensamento do naturalista Louis Agassiz (1807-1873), que determinava a predominância de hierarquias em algumas raças e condenava a miscigenação.

O trabalho do artista apresenta desdobramentos de estratégias de atuação e modos de uso do Desenho. Em conjunto, elas dão forma a informações assumindo um ponto de vista ou uma fala de um narrador e se propõem a questionar o pensamento científico irrefutável. “Elas também deixam lacunas abertas a serem preenchidas. A intenção, assim, é de oferecer ao outro um lugar particular de crítica”, comenta o artista.

Além de promover uma reflexão no visitante a respeito das ideias segregacionistas de Agassiz, a exposição de Luis Arnaldo dialoga com o ofício do arquiteto e seu compromisso com a produção da paisagem. Ele explica que, ao analisar os estudos do naturalista, que liderou a Expedição Thayer no Brasil, entre 1865 e 1866, é possível perceber os traços da visão eurocêntrica ao retratar e registrar o ambiente natural brasileiro. “Estudar Louis Agassiz é pensar nosso hábito de consumo da natureza, que advém das práticas coloniais que trataram o homem não-europeu e seu ambiente enquanto objetos para o consumo. É um modo de questionar a imagem da nossa paisagem, artificiosa, construída também por viajantes europeus enquanto exploradores do território brasileiro”.

Segundo o artista, o ensaio sobre a expedição de Agassiz também toca em assuntos delicados e que têm vindo à tona na história recente do país. Para o artista, a observação contínua dos registros da expedição do naturalista, que só vieram a público há alguns anos, e que caíram por terra quando Darwin emergiu no cenário científico, na segunda metade do século XIX. “Do ponto de vista local, a relevância do ensaio está em sugerir que os atuais conflitos sociais brasileiros possam também provir da forma em que estrangeiros projetaram seus pensamentos para inventar uma ideia de paisagem e habitantes. Similaridades entre o pensamento de Louis Agassiz e alguns discursos de representantes de classes sociais brasileiras são óbvias”.

O nome da exposição Mon cher, je suis fatigué, et j’ai besoin de repos; je vais flâner au Brésil! (Meu querido, eu estou cansado, eu preciso de descanso; eu vou passear no Brasil!) foi retirado de uma frase do próprio Louis Agassiz, ao justificar sua vinda ao Brasil ao financiador da expedição, Nathaniel Thayer.

Sobre Luis Arnaldo – É bacharel em Litografia pela Escola Guignard da UEMG (2016) e arquiteto-urbanista formado pela Escola de Arquitetura da UFMG (2010). Tem como principal objeto de interesse o Espaço e seus agentes formadores. Ao investiga-lo, toma a Arte como plataforma instituída para confrontar o pensamento científico – sobretudo a Geografia, a Antropologia, a Arquitetura e o Urbanismo. Embora trabalhe com uma ampla gama de mídias, desenvolve uma pesquisa continuada em Desenho. Considera este meio, por suas estratégias de Ação e modos para o conhecimento, como uma ferramenta eficaz em tornar visível relações entre Corpo, Espaço e Paisagem. Desde 2014, em associação a esta pesquisa individual, também estuda e desenvolve trabalhos em coautoria com Marcelino Peixoto.

· Um jardim em floresta, de Claudia Tavares

Galeria Mari’Stella Tristão

Refletir sobre o excesso e a falta é a proposta de Claudia Tavares, natural do Rio de Janeiro, com a exposição Um Jardim em Floresta. Nessa narrativa artística, ela conta a história de uma ação evolvendo a criação de um jardim, que começa com o armazenamento da água no Rio de Janeiro e se completa no município de Floresta, sertão de Pernambuco, região atingida por longas e severas secas.

Cerca de 40 obras, entre fotografias, vídeos e objetos, resumem o êxodo individual da artista até Floresta, distante 2.000km da capital fluminense. Em 2013, quando Claudia montou seu ateliê no bairro das Laranjeiras, o excesso de umidade do espaço era um problema. Para solucionar essa questão, um desumidificador foi adquirido. O objeto recolhia a água à noite, que era descartada no dia seguinte.

Foi só então que Cláudia percebeu o desperdício do recurso natural. O excesso de água em seu ateliê fez com que a artista se lembrasse de Floresta. A ironia do nome da própria cidade também contribuiu para que a artista começasse a pensar em criar um jardim em Floresta e despejar a água coletada do desumidificador das 180 garrafas de vidro onde foi armazenada. “Sempre me chamou a atenção o nome de Floresta. É um lugar muito árido, no meio do sertão nordestino e que remete ao oposto da realidade do município”, comenta. Durante dois anos a artista engarrafou a água, preocupada com a seca que impede a proliferação do verde e da vida no nordeste brasileiro.

Em Floresta, durante cinco dias, Cláudia viajou por lugarejos vizinhos, onde pessoas que cultivam seus jardins presentearam a artista com mudas para o plantio do jardim. No regresso ao município, Cláudia deu início ao plantio do Jardim. “Lá, finalizei o projeto e comecei a regar o jardim com a água transportada. Então, choveu”.

Sobre Claudia Tavares – Doutoranda em Processos Artísticos Contemporâneos pelo Instituto de Artes UERJ, Mestra em Artes pela Goldsmiths College, Londres e em Linguagens Visuais pela Escola de Belas Artes, UFRJ e formada em Comunicação Social pela Faculdades Integradas Hélio Alonso, Rio de Janeiro. Participou de exposições individuais e coletivas em diversos espaços, no Brasil e em outros países. Suas principais exposições são “Light Boxes”, 2001, 291 Gallery, Londres; “entre nuvem e vento”, 2007, Galeria do Ateliê, Rio de Janeiro; “Nós”, 2011, Espaço Sérgio Porto, Rio de Janeiro; “Branco Preto”, 2012, Galeria Tempo, Rio de Janeiro; “Vestida de infância”, 2015, Galeria do Ateliê, Rio de Janeiro; “Até”, 2015, Galeria Graphos, Rio de Janeiro; “Disaster’s Zone, Galeria Cozinha, Porto/Portugal, Bienal de Cerveira 2018, Portugal. Ganhou 3o prêmio com o vídeo “BláBláBlá”, na 9o Bienal Nacional de Santos 2004, Bolsa Faperj Nota 10 e Bolsa PDSE Capes em 2016. Faz parte da coleção de Cesar Gaviria, Colômbia e Joaquim Paiva, Brasil, atualmente em comodato no MAM/RJ. Participou das Feira Internacional de Arte Bogotá 2009, SPArte 2012 e da Art Rio 2012 e foi representada pela Galeria Tempo entre 2006 e 2014.

Divulgação:Cláudia Tavares

Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.