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CIA PIERROT LUNAR ESTREIA “UM POUCO DE AR, POR FAVOR“ NO CCBB BH

Com direção de Chico Pelúcio (Grupo Galpão) e dramaturgia de Luis Alberto de Abreu (SP), o espetáculo celebra 25 anos da companhia.

Um grupo de atores resolve discutir, numa peça de teatro, a opressiva sensação do presente, as incertezas com relação ao futuro e os valores do passado. Para isso, constroem personagens cujas trajetórias se dão em diferentes épocas. Esse é o ponto de partida da trama de “Um Pouco de Ar, Por Favor”, novo trabalho da Cia Pierrot Lunar que estreia no dia 20 de abril (sexta-feira). O espetáculo cumpre temporada até 7 de maio, de sexta a segunda, sempre às 19h, no Teatro II (Sala Multiuso) do CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários | Tel.: 3491 3400). Os ingressos custam R$20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada) e estão à venda no site www.eventim.com.br. Gênero: drama. Classificação indicativa: 14 anos. Duração: 60 minutos. Este espetáculo é patrocinado pelo Instituto Unimed BH via Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e conta com o apoio do Centro Cultural Banco do Brasil.

“Queríamos falar de nós, do país, de nossa profissão, da arte, do momento que atravessamos, da falta de ar que estamos sentindo”. Essa fala é de Jorge, um dos personagens de “Um Pouco de Ar, Por Favor”. Pequeno funcionário de banco da década de 1930, ele não tem lembranças do passado. Para o ator e fundador da Cia Pierrot Lunar, Léo Quintão, “Jorge expressa o que nós, atores de uma companhia no alto dos 25 anos, queremos dizer sobre resistir, sobre a luta pela sobrevivência, a falta de esperança e sobre os rumos que o país está tomando”, explica.

Dividem o palco com o ator, Neise Neves, co-fundadora da Pierrot Lunar, e a musicista e atriz convidada, parceira de outros trabalhos da companhia desde 1993, Jussara Fernandino. As atrizes dão vida, respectivamente, a Dirce, uma confusa mulher de meia idade que vive nos dias atuais e está envolvida na procura de uma amiga que se perdeu em uma viagem; e a Lia, uma mulher com pouco mais de 60 anos, que abriu mão de seu talento de perfumista para ajudar o homem que amava a erguer uma rede de farmácias, e agora está prestes a ser demitida;

“Nada mais natural para um grupo, com o tempo de estrada da Pierrot, chegar à maturidade tocando em temas profundos”, explica Chico Pelúcio, que assina a direção do trabalho realizando um desejo antigo dos integrantes da companhia. Segundo Pelúcio, “Um Pouco de Ar, Por Favor” traz uma mensagem não de impotência, mas de luta. Luta contra a falta de ar provocada por recentes retrocessos da esperança no país e no mundo, pela transformação da liberdade em prisão, do amor em ódio. “Temos tentado expurgar nossa sensação de isolamento com a criação do espetáculo. Queremos dividir com o espectador o desejo de transformar a falta de ar opressiva em falta de ar por excesso, que é natural das grandes felicidades’’, completa.

Nos últimos anos, a companhia tem se dedicado à pesquisa do Teatro Narrativo que resultou nos espetáculos “Atrás dos Olhos das Meninas Sérias”, “Sexo”, ambos com direção de Juarez Guimarães Dias, e “Acontecimento em Vila Feliz”, dirigido por Léo Quintão. Segundo Neise Neves, em “Um Pouco de Ar, Por Favor” o desejo de experimentar a dobradinha Pelúcio e Abreu vem da vontade de ampliar as possibilidades do teatro, inclusive redescobrir a dramaturgia tradicional.

A primeira inspiração para o texto veio da obra do escritor e jornalista inglês, George Orwell, partindo de uma personagem do livro “Coming Up For Air”. Nas primeiras improvisações, começadas ainda no ano passado, surge o esboço do trio de personagens Lia, Jorge e Dirce, que vai ganhando corpo a medida que o texto de Abreu traz mais informações. A música, nascida de workshops e “viagens musicais” do elenco, também foi inspirando e dando novos coloridos à encenação. A direção musical é de Fernando Muzzi.

Com a chegada das cenas, o Teatro Narrativo aparece de novo, mas agora com a irreverência do Abreu, que coloca os atores em cheque. O dramaturgo propõe alternar personagem e ator, durante as narrativas, fazendo com que todos, inclusive o público, sintam-se pertencentes, de alguma maneira, àquela condição, em busca de mais liberdade, amor e identidade. “No estilo das peças de Luigi Pirandello, os personagens ganham autonomia em relação a seus criadores, questionam a forma com que foram elaborados. Ao final, revelam uma humana compaixão por seus criadores que sofrem as mesmas limitações, transitam no mesmo desconhecido, vivem as mesmas incertezas e sofrem a mesma falta de ar que os personagens”, explica Luis Alberto de Abreu.

Foto: Guto Muniz

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