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Exposição conscientiza sobre dificuldades enfrentadas por mães solteiras

Como filha de mãe solteira, a fotógrafa catarinense Sheyla Pinheiro testemunhou de perto, durante toda a sua infância à fase adulta, as dificuldades da maternidade sem o auxílio e presença do pai. A experiência ao lado da mãe a tocou profundamente, levando-a criar o projeto “Filho Meu”, onde o principal objetivo foi a doação de books fotográficos do estilo newborn a mães adolescentes de periferias em Belo Horizonte e nas regiões Metropolitana e Central.

A inciativa foi realizada durante um ano, começando em abril de 2016 e terminando recentemente, período que abrangeu a gestação das jovens. Sheyla Pinheiro (especialista em fotografia newborn há quatro anos), anunciou em sua página no Facebook a seleção para mães adolescentes solteiras, que engravidaram sem planejar, pretendendo dar à luz em hospitais públicos e que não contavam com o apoio e presença dos pais dos bebês. A postagem teve grande alcance, chegando até a ser divulgada pela imprensa. Mais de 500 jovens enviaram suas histórias à fotógrafa que, ao final, selecionou as 12 que mais representavam o perfil do projeto. As contempladas, todas com idades que variam entre 16 e vinte e poucos anos, são de aglomerados dos bairros Santa Lúcia, Santa Cruz, São Francisco, Pompéia e até de outras cidades, como Betim, Ibirité, Ouro Preto e Santa Luzia.

Além de fotografar as jovens mães com seus filhos recém nascidos, Sheyla conseguiu criar paralelamente uma rede de voluntários que se colocaram à disposição para orientação e prestação de seus serviços ao projeto. Maquiadoras, cabeleireiras, psicóloga, advogada e dentista passaram a fazer parte da ação. Juntas, realizaram diversas ações solidárias para arrecadação de itens necessários às adolescentes, seus filhos e famílias: “Essas meninas passam muitas carências emocionais. Elas necessitam de amparo e de se conectarem a pessoas que passaram dificuldades parecidas, para criarem os filhos sem preconceitos, com amor e carinho! Além disso, vivem em situações socioeconômicas difíceis, por não conseguirem trabalhar, não terem concluído os estudo e, em alguns casos, não podem contar com o apoio familiar”, afirma Sheyla.

Devido a esses contextos sociais e as gestações não planejadas, a fotógrafa, durante as sessões, percebeu que seu trabalho impactou diretamente na autoestima e no relacionamento das jovens com seus filhos: “As meninas ficaram muito felizes com as fotos e as produções. Elas passaram por transformações de aparência que nunca tiveram acesso antes. Essa nova aparência mexeu com a autoestima delas, deixando-as mais confiantes sobre seus potenciais. Além disso, por conta das imagens onde as poses das fotos retratam amor e afeto, as meninas fortaleceram os vínculos com seus filhos. Entregar as fotos para as mães e ver suas reações, num momento de incertezas e preocupações, parece que estreitou ainda mais seus laços com as crianças. É um tipo de lembrança que reforça o significado do amor da mãe com o seu bebê”, explica.

O resultado do projeto levou à exposição que estreia no Shopping Cidade nesta semana. São 24 imagens somente dos bebês e das adolescentes com seus filhos. Sheyla Pinheiro comemora o impacto que levou à vida das jovens, mas espera muito mais desta exposição: “A gravidez delas não é uma questão de apenas falta de informação. A sociedade precisa perceber que mulheres engravidam também por pressão social de onde vivem, relacionamentos abusivos ou até mesmo por desafiarem o risco e as consequências de uma gravidez ou doença. Me sinto feliz pelo que fiz por essas jovens. Espero que meu trabalho e o projeto inspirem outras pessoas a fazerem coisas do tipo. O projeto vai continuar anualmente com arrecadações para campanhas específicas. Também espero que meninas se conscientizem mais sobre essa responsabilidade e que o nascimento de uma criança seja motivo de alegrias e não somente de preocupações”.

Foto: Sheyla Pinheiro

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