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Dia Mundial sem Tabaco (31): cigarro afeta saúde ocular

Estudo da Fundação Oswaldo Cruz feito em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas

O Brasil é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um exemplo no combate ao tabagismo, com um dos menores índices de fumantes do mundo, cerca de 10% da população acima de 18 anos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). No entanto, a atual crise sanitária mundial acentuou o consumo de cigarro, desafiando as políticas públicas de prevenção.

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz, feito em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas, indicou que 34,3% dos entrevistados que se declararam fumantes passaram a consumir mais cigarros por dia durante a pandemia: 22,8% aumentaram em dez, 6,4% em até cinco e 5,1% em 20 ou mais cigarros. Foram ouvidos 44.062 brasileiros, de ambos os sexos, de todos os níveis de escolaridade e de todas das faixas etárias a partir de 18 anos.

Médicos afirmam que o tabagismo é responsável por cerca de 50 doenças, como hipertensão, infarto, angina, derrame e câncer, e o hábito também é nocivo para os olhos. De acordo com o oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais (IOMG), Dr. Aquiles Gontijo, o tabaco aumenta o estresse oxidativo da retina. “Com isso, a retina fica sobrecarregada, não consegue eliminar os dejetos celulares de maneira adequada, que por sua vez vão se acumulando. A concentração de dejetos compromete a nutrição das células, gerando sofrimento e estresse e, consequentemente, morte celular. Essas células não se regeneram então, a longo prazo, uma deficiência visual irá ocorrer”, elucida o oftalmologista.

A fumaça liberada pelo cigarro pode propiciar ou antecipar o surgimento de catarata, pois afeta a transparência do cristalino. “Estudos apontam que quem fuma tem cerca de três vezes mais chances de desenvolver catarata. A condição caracteriza-se pela perda de transparência do cristalino que prejudica a entrada de luz nos olhos. Os principais sintomas são sensação de visão embaçada, alteração contínua da refração (grau dos óculos), sensibilidade à luz, espalhamento dos reflexos ao redor das luzes e percepção que as cores estão desbotadas”, relata Dr. Aquiles Gontijo.

O oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais acrescenta que o fumo favorece o surgimento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI), que é quando ocorre uma lesão na área central da retina, chamada de mácula, que leva à perda progressiva da visão central. “Infelizmente não há cura, mas é possível preveni-la ou controlar seu avanço com antioxidantes, como ômega 3, luteína, zeaxantina, bons hábitos e uma alimentação saudável. Nos casos em que a condição causa inchaço na retina, pode-se realizar um tratamento com anti-VEGF, uma medicação aplicada de forma intraocular”, descreve.

O cigarro também pode aumentar os riscos de glaucoma. “O glaucoma consiste em uma alteração no nervo óptico que leva à perda do campo visual. Na maioria dos casos as pessoas não apresentam sintomas. O tabaco colabora para a obstrução de veias e vasos sanguíneos, que podem aumentar a pressão ocular. Atualmente existem tratamentos inovadores, que variam entre colírios, laser ou microcirurgias”, alerta.

Outro dano refere-se à piora da Síndrome do Olho Seco: “Os sintomas mais comuns são sensação de fadiga, olhos vermelhos e irritados, coceiras constantes, sensibilidade à luz, ressecamento ao acordar ou em ambientes com ar condicionado, visão embaçada, dificuldade para uso de lentes de contato, facilidade para contrair inflamações oculares. Lubrificantes oculares, sob a forma de colírio ou pomada, ajudam a aliviar os sintomas. Há ainda um tratamento eficaz, indolor, minimamente invasivo, feito em consultório: E-Eye, um equipamento que emite luz pulsada policromática sobre as glândulas de meibômio – responsáveis pela produção de lipídios e proteínas da lágrima – inativas ou obstruídas do paciente. Ao receber esses estímulos, as glândulas voltam a funcionar entregando lipídios e proteínas ao filme lacrimal, evitando que este se evapore”, explica o médico.

Saiba mais sobre a relação entre cigarro e a saúde ocular – Por Dr. Aquiles Gontijo

Olho seco

“Fumar tendo a Síndrome do Olho Seco fará com que seus olhos fiquem mais propensos a coçar, arder, queimar ou ficar vermelhos”.

Catarata

“Risco maior de desenvolver catarata”.

Degeneração macular relacionada à idade (DMRI)

“O tabaco aumenta o estresse oxidativo da retina. “Com isso, a retina fica sobrecarregada, não consegue eliminar os dejetos celulares de maneira adequada, que por sua vez vão se acumulando. A concentração de dejetos compromete a nutrição das células, gerando sofrimento e estresse e, consequentemente, morte celular. Essas células não se regeneram então, a longo prazo, uma deficiência visual irá ocorrer”.

Retinopatia diabética

“Fumantes que também têm diabetes correm mais risco de desenvolver retinopatia diabética. A retinopatia diabética afeta os vasos sanguíneos dos olhos os danificando. Causa visão embaçada ou distorcida e possivelmente cegueira. O tratamento inclui medicação, laser ou cirurgia”.

Problemas do nervo óptico

“As pessoas que fumam correm o risco de ter problemas no nervo óptico, que conecta o olho ao cérebro. Danos a este nervo podem levar à cegueira”.

Glaucoma

“Fumar pode aumentar os fatores de risco que podem levar ao glaucoma – uma doença que afeta o nervo óptico”.

Uveíte

“Fumar pode levar a uma manifestação de doenças que causam uveíte, uma inflamação da parede dos olhos, podendo causar olhos vermelhos, dor e problemas de visão”.

Doença de Graves

“Esta é uma doença da glândula tireoide. Um dos sintomas da doença de Graves são os olhos esbugalhados. Fumantes que têm a doença de Graves correm o risco de piorar sua condição ocular mais rapidamente e ter complicações, como perder a visão”.

Gravidez

“Fumar pode prejudicar os olhos do seu bebê. Se você fuma durante a gravidez, seu bebê tem cinco vezes mais chances de contrair meningite bacteriana quando criança. A meningite pode causar infecções oculares e outros problemas de visão. Além disso, fumar durante a gravidez aumenta o risco de parto prematuro. O nascimento prematuro pode levar a um problema ocular grave chamado “retinopatia da prematuridade”. O bebê pode ter perda permanente da visão ou cegueira. Bebês e crianças também correm o risco de fumar passivamente – um novo estudo sugere que crianças de até seis anos já apresentam sinais de danos nos olhos”.

Foto: Lett Souza

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