Notícias

Mulheres que correm com o fogo: banda mineira Dolores 602 lança clipe da poética “Astronauta”

Um ano após colocar no mundo seu álbum de estreia, Cartografia, a banda Dolores 602 se prepara para lançar o clipe da música Astronauta. Terceira faixa do disco, Astronauta é uma música forte e delicada, que denuncia realidades docemente. Começa se mostrando serena, mas se transforma em uma música enérgica, como chuva que vira tempestade.

Em cena, as quatro integrantes da banda compartilham uma intimidade com a câmera e encaram a vulnerabilidade de testar novos corpos e atitudes, mesmo que sutis. Encaram uma revolução que acontece de dentro para fora. A revolução virá pelo ventre, isso sabemos. E tirar o sutiã, soltar a cabeleira, experimentar um bigode e gritar são gestos simbólicos que aparecem como metáfora para mudanças que começam no íntimo – ao nos permitirmos um estar no mundo alterado, fora dos padrões –, mas que gera transformações tremendas em todo o universo, como um efeito borboleta.

Também em cena, mas na rua, as quatro brincam com fogo, experimentam a política-poética alquimia do grito em um encontro marcado com sua identidade selvagem – como mulheres que correm com o fogo. O videoclipe, que tem roteiro, direção e montagem da multiartista Fernanda Branco Polse e direção de arte por Camila Buzelin, foi gravado no bairro Fernão Dias. O local vive o drama de uma desapropriação residencial em massa que desrespeitou o direito à moradia de famílias que moravam no bairro há mais de 30 anos. Tudo isso para a construção de um viaduto ligando os bairros Fernão Dias e União. A escolha da locação foi política e pautada pelo sentido da letra de Astronauta.

Ser astronauta, tempestade ou fortaleza?! É a pergunta que ecoa ao lidarmos com a perversa realidade do mundo contemporâneo. Ser astronauta, ter um sonho, voar, se arriscar, ver de longe, ter perspectiva, mas também se ausentar. Ser tempestade, ser força de mudança, acreditar em transformações, ser sujeito político. Ou ser fortaleza, estar presente, não sair, não fugir, mas se fechar um pouco, como quem se protege na tentativa de se manter sã e salva.

A pergunta não tem resposta. Assumindo que a vida é uma dança instável entre esses caminhos, Camila, Táskia, Isabella e Débora se rendem à contradição e brincam com fogo, brincam entre si, desafiam a gravidade, falam sobre dor, sobre esperança e exploram luz & sombra.

Que sejamos astronautas cósmicos, tempestade que lava ou fortalezas de poesia, pois, sim, precisamos de poesia para atravessar os tempos e essa é uma banda de mulheres que levam a poesia a sério. Que levam a sério a guerrilha poética de falar do dia-a-dia, de flores, de cores, de leveza. Que têm coragem de falar do amor com simplicidade. “Acho urgente falar sobre pequenas belezas. Nosso tempo tá confuso, as pessoas são enganadas facilmente com notícias ruins o tempo todo e desejar amor ao outro é uma forma de mudar essa perspectiva”, reflete Táskia.

A frase que finaliza a canção de autoria de Camila Menezes – "as estrelas não esquecerão" – segundo ela, elabora sobre a premissa de que tudo o que fazemos ou até mesmo pensamos (afinal pensamento é partícula e onda), é ação. Corpos em movimento geram energia magnética. Essa energia passa a circundar o entorno, nossa órbita, pessoal e terrestre, da qual as estrelas são testemunhas. Nenhuma ação é esquecida. "Portanto, mesmo se estamos angustiados, quando nos movimentamos, isso gera uma energia que muda o entorno, mudando nosso destino positivamente e gerando automaticamente uma nova memória cósmica", completa Camila. Nesse sentido, tempestade não traz só destruição. Traz limpeza, traz esperança e cultiva as novas flores que virão no caminhar.

Sobre o álbum “Cartografia”

Um mapa aberto para o novo, sem dimensão ou trajetória pré-definida, todavia amplo e repleto de possibilidades. Esta é a rota poética tomada pela banda mineira Dolores 602 em seu álbum de estreia, Cartografia, lançado hoje nas principais plataformas digitais e em versão física [ouça aqui].

Com uma pegada indie pop e co-produção de Thiago Corrêa (Transmissor) – com quem Dolores já havia trabalhado no single Petit a Petit [ouça aqui] –, o álbum contém dez faixas autorais que trazem uma sonoridade intensa e fluida, guitarras brilhantes, um baixo vintage, bateria setentista e uma voz que se mostra aveludada e penetrante. Dolores 602 é composta por Débora Ventura (voz, violão, guitarra), Camila Menezes (baixo, ukulele, voz), Isabella Figueira (bateria, gaita, escaleta) e Táskia Ferraz (guitarra, vocais). As quatro mineiras integram a banda há sete anos e lançam agora seu debut, gravado ao longo de 2017.

Sobre a Dolores 602

Dolores 602 é composta por Débora Ventura (voz, violão, guitarra), Camila Menezes (baixo, ukulele, voz), Isabella Figueira (bateria, gaita, escaleta) e Táskia Ferraz (guitarra, vocais). As quatro mineiras integram a banda há sete anos e juntas lançaram em 2014 seu primeiro EP. Este primeiro registro fonográfico trouxe a oportunidade de se apresentarem em diversos festivais de música, como o Festival Marreco e Festival Balaio (Patos de Minas), Festival Timbre (Uberlândia) e Música Mundo (Belo Horizonte). Também foram premiadas oito vezes com suas composições em festivais de canção pelo Brasil.

Foto: Natália Lima Castro

Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.