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Projeto resgata mais de 80 anos de memória da tipografia e da atividade jornalística mineira

O Projeto Memória do Pão de Santo Antônio segue a partir de junho com suas ações de restauração do acervo documental e museológico da Associação do Pão de Santo Antônio, em Diamantina (MG). Já foram realizadas etapas de pesquisa e digitalização dos jornais, além da conclusão de parte da restauração dos mesmos e dos materiais reminiscentes da tipografia. Até fevereiro de 2015 estão previstas ainda diversas atividades do projeto: a criação de uma biblioteca digital e de uma hemeroteca; a realização de ateliês abertos de restauração, palestras e oficinas de tipografia, a inauguração do Museu Casa do Pão de Santo Antônio e a realização de um jornal semestral em tipografia. O objetivo é manter viva essa história que começa no início do século XX.   

 

No edifício que abriga, desde 1901, a Associação do Pão de Santo Antônio funcionou uma oficina de tipografia onde foram impressos os jornais Pão de Santo Antônio e A Voz de Diamantina, entre 1906 e 1990. Esse registro quase se perdeu com o passar dos anos. Até poucos meses atrás, jornais e equipamentos da antiga técnica de composição e impressão, como cavaletes tipográficos de madeira, tipos  adornos de chumbo, clichês, matrizes de xilogravura, quetestemunham um período histórico relevante da produção jornalística local e nacional, encontravam-se ameaçados pelas precárias condições de conservação e guarda.

 

Em 2011, a pedido da então diretora de Ação Cultural da UFMG, Sônia Queiroz, foi realizado um diagnóstico sobre o estado de conservação dos acervos pela restauradora Janes Mendes Pinto (ex-aluna do curso de Conservação-Restauração da UFMG) com o apoio do Museu Vivo Memória Gráfica-UFMG, coordenado pela professora e pesquisadora Ana Utsch. A partir do resultado surge a necessidade de se elaborar um projeto para recuperar esse importante patrimônio gráfico e documental de Minas e do Brasil. “É surpreendente a capacidade de sobrevivência de uma tecnologia de composição e impressão suplantada pela fotocomposição, pelo offset e pelas novas tecnologias digitais”, comenta Ana Utsch sobre o fato da prática ter resistido até 1990 ao lado de processos essencialmente industriais.

 

Contemplado no Programa Petrobras Cultura e com o apoio da Universidade Federal de Minas Gerais o projeto Memória do Pão de Santo Antônio não ficou no papel. No início foi preciso reunir uma equipe de restauradores, designers, historiadores e museógrafos, coordenada por Ana Utsch. Há semanas eles se dedicam diariamente ao projeto com a finalidade de conservar, restaurar e reabilitar a antiga tipografia onde foram impressos os jornais Pão de Santo Antônio e A Voz de Diamantina, durante 84 anos. Também estão em restauração 4.000 exemplares dos dois periódicos, publicados nesse longo período, que trazem, com um olhar local, relatos de acontecimentos que marcaram a história de Minas e do Brasil.

 

De acordo com coordenadora da área de restauração do projeto, Janes Mendes Pinto, os conteúdos destes jornais constituem documentos de grande valor histórico e cultural de dimensão nacional. “Por exemplo, quando acompanham a trajetória política de Juscelino Kubitschek, oferecem um precioso documento sobre a maneira como os habitantes da cidade representam a si mesmos na figura do presidente progressista”, ressalta.

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