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Filarmônica de Minas Gerais se apresenta com o maestro convidado enrique Arturo Diemecke e o pianista Jean-Louis Steuerman

Repertório inclui Mendelssohn, Borodin e obra recente do compositor carioca João Guilherme Ripper

Nos dias 27 e 28 de junho, às 20h30, na Sala Minas Gerais, a Filarmônica de Minas Gerais une-se ao regente convidado, o mexicano Enrique Arturo Diemecke e a Jean-Louis Steuerman, um dos mais importantes pianistas brasileiros, na interpretação do vivaz Concerto para piano nº 1 em sol menor, op. 25, de Mendelssohn e da recente Fantasia Tarumã, do compositor carioca Ripper. A Sinfonia nº 2 em si menor, de Borodin, uma sinfonia essencialmente russa, de inventividade melódica e ritmo estimulante, encerra este programa marcado pela diversidade de estilos e emoções.

Antes das apresentações, entre 19h30 e 20h, o público poderá assistir aos Concertos Comentados. O convidado desta semana é o músico, crítico e escritor Igor Reyner. As palestras são gravadas em áudio e ficam disponíveis no site da Orquestra.

Estes concertos são apresentados pelo Ministério da Cidadania e Governo de Minas Gerais e contam com o incentivo da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Repertório

Sobre Fantasia Tarumã

João Guilherme Ripper (Rio de Janeiro, Brasil, 1959) e Fantasia Tarumã (2018)

Fantasia Tarumã para piano e orquestra foi escrita por encomenda da Orquestra Filarmônica de Goiás, que a estreou em 2018, com o pianista Jean-Louis Steuerman e direção de Neil Thomson. A imagem poética que deu origem à obra está registrada no título. Ela nasceu da excursão de standup paddle que o compositor fez à Lagoa do Tarumã, um remanso cheio de igarapés na beira do Rio Negro. Ripper escolheu o caráter de improviso e a liberdade formal que propicia a Fantasia para retratar as imagens maravilhosas que viu na Amazônia, por meio da sucessão de seções contrastantes e temas diferentes. A unidade da obra é garantida por um único fragmento melódico submetido a técnicas de desenvolvimento e transformação para gerar novas melodias. A obra coloca em evidência o diálogo entre instrumento e orquestra, o virtuosismo do solista, o elemento esportivo do concerto, diferentes combinações instrumentais, as grandes massas sonoras. A Fantasia Tarumã é dedicada ao pianista Jean-Louis Steuerman, que estreou a obra e vai interpretá-la com a Filarmônica e o regente convidado Enrique Arturo Diemecke.

Sobre o Concerto para piano nº 1 em sol menor

Felix Mendelssohn (Hamburgo, Alemanha, 1809 – Leipzig, Alemanha, 1847) e Concerto para piano nº 1 em sol menor, op. 25 (1831)

Os críticos do século XIX costumavam ver Mendelssohn como um “romântico”; na época, era o termo utilizado para designar compositores de gosto mais tradicional, com produção musical calcada na grandeza poética do passado. Em certo sentido, eram vistos como continuadores de Beethoven. Em oposição aos “românticos”, havia os “modernos”, aqueles que arriscavam uma nova poética e plantavam as sementes do futuro, como Berlioz, Schumann, Liszt e Wagner. De fato, Mendelssohn nunca foi um “moderno”. Mas, para ser um continuador de Beethoven, era necessário muito mais coragem do que supunham seus opositores. Quando Mendelssohn compôs seu Concerto para piano nº 1 em sol menor, em 1831, Beethoven havia falecido há apenas quatro anos. O condensamento da forma foi, talvez, o ponto de partida encontrado por Mendelssohn para estabelecer uma maneira de compor diferente de Beethoven. Em Mendelssohn, os três movimentos do Concerto para piano nº 1 são condensados em um único movimento. Vistos (ouvidos) à distância, os três movimentos interligados funcionam como uma coleção de momentos ora grandiosos, ora singelos, que se colocam como uma antítese do concerto beethoveniano. Em Mendelssohn, o piano retoma o papel do protagonista que ele possuía em Mozart. Mas, enquanto, em Mozart, a orquestra funcionava como um espelho psicológico, em Mendelssohn, o piano não dá muito espaço para que ela se estabeleça. Sua escrita virtuosística chega a superar a de Beethoven em alguns momentos.

Sobre a Sinfonia nº 2 em si menor

Alexander Borodin (São Petersburgo, Rússia, 1833 – 1887) e a Sinfonia nº 2 em si menor (1869/1876)

Alexander Borodin, músico de inspiração requintada, sempre se considerou químico de profissão, ligado a célebres cientistas, como Mendeleief. Daí o reduzido catálogo de sua obra musical. O folclore de colorido semioriental da região do Cáucaso marcou profundamente a sensibilidade do compositor que, desde criança, demonstrara grande interesse pela música. A amizade com Mussorgsky (músico originalíssimo, de inspiração intrinsecamente russa) e o casamento com a pianista Ekaterina Protopopova (grande intérprete de Chopin, Schumann e Liszt) foram fatores decisivos para o amadurecimento de seu estilo. Como cientista e músico, afeito às dualidades, Borodin soube conciliar em sua obra as tradições musicais da antiga Rússia com as contribuições do Romantismo ocidental. O processo conduziu-o a um resultado inteiramente novo. O reconhecimento internacional se impôs pelas mãos de Liszt, que, sempre atento às inovações e à revelação de talentos desconhecidos, dirigiu a Segunda Sinfonia de Borodin em Baden-Baden, em 1880. Toda a obra reflete o anseio teatral do autor e oferece numerosas semelhanças com trechos de sua ópera O Príncipe Igor, inspirada em lendas medievais russas. A animação fervilhante do quarto movimento evoca as danças e cânticos festivos de bravos guerreiros comemorando a vitória, junto ao tumulto da alegre multidão.

Enrique Arturo Diemecke, regente convidado

Diretor artístico do Teatro Colón em Buenos Aires, Enrique Arturo Diemecke foi também o primeiro estrangeiro a atuar como Diretor Artístico da Filarmônica de Buenos Aires. Nascido em Guanajuato, no México, Diemecke foi premiado com a medalha da Mahler Society pela interpretação das sinfonias completas do compositor austríaco. O maestro já regeu orquestras como as sinfônicas de São Francisco, Nacional de Washington, da BBC, e as filarmônicas de Varsóvia, Los Angeles, Bogotá e a Royal Philharmonic de Londres e a Orquestra de Paris. Com vasta experiência como regente de óperas, entre 1984 e 1990, coordenou mais de vinte produções no Palácio da Belas Artes, mais importante teatro do gênero na Cidade do México. Seus estudos em música clássica começaram aos seis, com o violino, orientado por Henryk Szeryng. Aos nove anos, o futuro maestro adicionou trompa, piano e percussão aos estudos do pupilo.

Jean-Louis Steuerman, piano

Jean-Louis Steuerman recebeu grande reconhecimento como solista e recitalista internacional depois de conquistar, em 1972, o segundo lugar no Concurso Johann Sebastian Bach, em Leipzig. Steuerman apresentou-se como solista com a Sinfônica de Londres sob regência de Claudio Abbado, com a Royal Philharmonic sob a batuta de Yehudi Menuhin e Vladimir Ashkenazy. Debutou nos Concertos Promenade BBC em 1985 com grande sucesso de crítica tocando o Concerto em ré menor de Bach com a Polish Chamber Orchestra. Apresentou-se também com a City of Birmingham Symphony Orchestra, a Bournemouth Sinfonietta, Orquestra do Gewandhaus Leipzig, as sinfônicas de Basel, Berlim, Dallas, Baltimore e outras. Suas gravações para a Philips Classics incluem a obra para piano solo de Scriabin, a obra completa de Mendelssohn piano e orquestra com a Moscow Chamber Orchestra, os concertos para piano e as seis Partitas de Bach, gravação que lhe rendeu o prestigioso Diapason d'Or.

Foto:Máximo Parpagnoli

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