Notícias

Como parte da programação da Fundação Clóvis Salgado em homenagem aos 90 anos do Manifesto Antropofágico, alunos dos cursos de dança, música e teatro do Centro de Formação Artística e Tecnológica - Cefart se apresentarão no Cefart Encena. A noite conta com exposição de coreografias das turmas do curso de dança e a estreia da montagem teatral tropicalista Tragédia e Purpurina, com direção artística de Bete Arenque, concepção artística de Marina Viana e coordenação criativa de Guilherme Augusto.

O Cefart Encena é um programa criado para fortalecer o diálogo entre as escolas do Centro de Formação Artística e Tecnológica a partir de processos de criação que promovam interação entre os vários saberes, complementando novas formas de saber e criar. Para Bete Arenque, o programa é resultado do esforço de integração de diferentes linguagens. “O Cefart Encena representa o investimento dessa gestão em fazer com que o Cefart seja inigualável e único no Brasil, não só porque ele tem escola de dança, teatro, música, artes visuais e tecnologias da cena, mas principalmente pelos alunos poderem compartilhar o mesmo espaço e o fazer do outro”, comenta.

Releituras artísticas – O espetáculo Tragédia e Purpurina é uma releitura contemporânea da Tropicália que será apresentada pelos alunos de dança, teatro e música, com um elenco de 32 pessoas. Para a diretora e atriz Marina Viana, responsável pelo roteiro e concepção artística do espetáculo, a Tropicália é um tema potente para dialogar com o passado e com a juventude de hoje. “Achei interessante que essa temática não fosse abordada no formato histórico, mas sim uma Tropicália revisitada por essa juventude, uma geração que está se formando para ser artista. Queria muito a perspectiva deles sobre o que está latente no momento histórico, político e social que vivemos”, comenta a artista. “As referências musicais estão sendo revisitadas por esses meninos e meninas que também têm suas questões. Algumas são as mesmas de 60 anos atrás e outras são urgências de hoje relacionadas ao preconceito contra a população LGBT e as mulheres, desigualdade e racismo”, completa.

Para dinamizar esse processo criativo coletivo em torno do tema do Manifesto, o programa utiliza um projeto experimental desenvolvido por Guilherme Augusto, a plataforma criativa. Trata-se de uma proposta em que os artistas investigam o ato criativo reprogramando seu modo de desenvolvimento usual por meio de propostas provocativas descentralizadoras, conjugando diversos fazeres artísticos.

Quatro processos criativos desenvolvidos pelos alunos dos Cursos Técnicos da Escola de Dança com os professores também serão apresentados no Cefart Encena. Esses processos têm como ponto de partida coreografias que marcaram seu tempo e que tiveram releituras em diversos espaços desde sua primeira apresentação na Mostra de Dança em maio, no Teatro Francisco Nunes, nas escadarias do Palácio das Artes e nos jardins, ampliando o espaço interno do dançarino e sua visão periférica.

Nesse processo exploratório espacial estão Dança das Horas, um estudo coreográfico sobre tempo e espaço, elaborado a partir da coreografia de George Lancu para trecho da ópera La Gioconda; Bolero de Ravel, que explora a sensualidade, beleza e força do espírito humano inspirado nas obras coreográficas de Roland Petit e Maurice Bejart, criadas para obra musical de um único movimento escrita para orquestra por Maurice Ravel: o Bolero; Rosas danst Rosas é um dos principais espetáculos da companhia belga Rosas, criado em 1983 por Anne Teresa De Keersmaeker. RE: ROSAS foi um projeto criado para celebrar os 30 anos do espetáculo, estimulando a criação de novas releituras da obra. Nesta última versão, a coreografia original foi revisitada e novos gestos e movimentações foram criados para expressar os manifestos pessoais e coletivos abordados durante o processo; Já Fissura é uma coreografia que trata das dualidades existentes no corpo, no desejo e na vontade.

Foto: Paulo Lacerda.