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BOPE GAMES revela histórias de superação

Evento que acontece nos dias 20 e 21 de julho, no Mineirão, traz à capital mineira competições esportivas para adaptados

Após acidentes e imprevistos de saúde, as funcionalidades do corpo podem não ser mais as mesmas pra qualquer pessoa. Porém, há quem supera tudo isso com muita garra e determinação. O BOPE GAMES 2019, um dos maiores eventos multiesportivos do Brasil, vai receber competidores que venceram essas e outras barreiras para continuarem a vida como atletas. Neste ano, nos dias 20 e 21 de julho, o público vai conferir a categoria Adaptados, composta por atletas com deficiências físicas e visuais. Este elenco de peso mostrará, na Esplanada do Mineirão, que as adversidades não significam limitações para a prática de esportes.

O paulista Diego Coelho, de 33 anos, mora atualmente em Brasília. No dia 30 de outubro de 2011, sofreu acidente de carro, por conta de um fechamento provocado por um motociclista, batendo, assim, na contramão. O ocorrido lhe rendeu um esgarçamento na aorta e a necessidade de uma prótese cardíaca. Durante a cirurgia, uma lesão vascular na medula o paralisou da cintura para baixo. Isso tudo ocorreu 12 horas depois de começar a namorar Suzi Coelho, sua atual esposa. Apesar de não conseguir competir de igual para igual pelas suas funções limitadas do quadril e do coração, Diego já competiu em categorias com andantes, por equipe. Ele é o atleta adaptado mais premiado no Brasil: primeiro colocado na WFLWR 2015 e na Wheelwodopen 2016; foi três vezes Top Five no Adaptive Games e será coordenador da categoria adaptado no BOPE GAMES. “Optei pelo CrossFit por acaso. Cheguei a pesar 136kg depois do acidente. Fiz uma cirurgia bariátrica e comecei a praticar musculação. Em 2015, fui convidado a fazer uma apresentação no Rio de Janeiro, sendo meu primeiro contato com a modalidade. Me apaixonei e comecei a competir e organizar competições”, relata o atleta. Atualmente, Diego pratica, também, wakeboard. Para ele, “o esporte adaptado é extremamente importante para gerar maior qualidade de vida. Ele proporciona mais independência física, mental e aumenta a autoestima, além da inclusão social”, finaliza.

Liliane Camargos, de Belo Horizonte, possui uma doença genética degenerativa que a fez perder a visão. Tudo aconteceu aos poucos, desde a infância até a vida adulta. Totalmente cega, atualmente ela é reconhecida em campeonatos de CrossFit. Apesar de suas limitações, por não conseguir competir totalmente com quem enxerga, não lhe faltam garra e energia: “As provas são pensadas para pessoas ‘normais. Sempre necessito de um acompanhante. E como em uma competição cada segundo conta, não acho provável que um dia eu alcance os primeiros lugares. Mas isso não significa parar de competir. A estrutura de times permite que eu possa participar com meus amigos e meu marido. Então, pra mim, poder competir já é uma vitória”, explica. Liliane começou no CrossFit sem expectativas. Fez as primeiras aulas no segundo semestre de 2016 e passou a praticar regularmente em 2017. “Aprender a fazer os movimentos técnicos sem enxergar bem é mais difícil. Só que esse tipo de dificuldade faz parte do meu cotidiano, em quase tudo que faço”, conta a atleta. Atualmente, além do CrossFit, ela faz dança de salão e musculação. No passado, já praticou natação, kung-fu, pilates e patinação. Para a atleta, é “muito importante a existência de esportes completamente adaptados, como é o caso dos paraolímpicos. E gosto ainda mais da ideia de esportes que acolhem a diversidade e se adaptam a cada necessidade”, finaliza.

Leandro Domingos tem 41 anos e é de Belo Horizonte. Em 2002, um grave acidente de carro o paralisou da cintura para baixo. O ocorrido: um capotamento de um viaduto, caindo sobre uma casa. Resultado: fratura na coluna. Após reabilitação para aprender tudo sobre sua nova caminhada, Leandro encontrou no CrossFit um novo estímulo: “Sempre treino com outros atletas que não são adaptados e consigo competir sem problemas. Mesmo com as adaptações, as competições são sempre muito acirradas”. Sua escolha foi em 2018: ele treinava musculação e cross funcional, que o auxiliava nos treinos para o basquete sobre rodas (esporte que praticou durante anos e, inclusive, lhe conferiu alguns títulos: campeão sul-americano, nacional e regional). Para Leandro, “o esporte adaptado é capaz de incentivar a inclusão, ajudando a quebrar vários tabus em torno dos deficientes físicos, como a incapacidade em realizar determinadas atividades. Ele mostra que o portador de necessidades especiais é um ser humano como qualquer outro, com muita capacidade e, em alguns casos, até mais eficiência do que pessoas que não possuem nenhuma necessidade especial”, conclui.

Beatriz Santana, de Osasco (SP), tem 33 anos e é cega. Sua condição foi adquirida há cinco anos devido a uma retinopatia diabética. Sua readaptação foi difícil: “Ninguém espera perder a visão de um dia pro outro. Quando isso aconteceu comigo, tive a sensação de que minha vida havia acabado ali. Os primeiros dois anos foram de profunda depressão”, desabafa. O que fez Beatriz se recuperar e encontrar motivação novamente foi o patins. Praticante desde 2016, ela vem à capital para competir na final do Campeonato Mineiro de Patinação de Velocidade. Para ela, o esporte é igual a leitura: “Muitos afirmam que não gostam de ler, mas quando encontram livros com um direcionamento que adoram, passam a devorá-los. O esporte é assim: todo mundo tem um. Basta achar um que ‘casa’ com o seu estilo”. Depois de perder a visão, Beatriz ganhou mais coragem. Já praticou rafting, stand up, paraquedismo, tirolesa, rapel e até pêndulo humano. “O esporte tem o poder de limpar a mente e de nos incluir socialmente. Inclusive, sou contra as paraolimpíadas, pois não acho uma ação inclusiva. Ela segrega. O esporte foi feito para unir. Competições devem ser articuladas juntas e divididas por categorias. Isso é inclusão”, opina a atleta.

O desempenho destes atletas poderá ser conferido nos dias 20 e 21 de julho, na Esplanada do Mineirão. O ingressos para o BOPE GAMES já estão à venda pelo site bopegames.com.br. O primeiro lote custa R$ 17,00 para um dia e R$ 30,00 para os fim de semana. As inscrições para os atletas que desejam participar das competições variam de R$ 55,00 a R$ 220,00, de acordo com a modalidade.

 

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